Prólogo.

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Laureline Arrow estava no escuro. Flutuando no éter, à deriva e em transe. Ela apenas podia sentir a escuridão abraçando seu corpo, até senti-lo ser colocado gentilmente em uma superfície semi-fofa. Laureline começava a recobrar um pouco de seus sentidos. O silêncio logo foi interrompido pelo som do vento, assim como o da grama e flores, movendo-se por sua interferência natural e provocando um pouco de comichão em seus braços e pernas. Ela também podia sentir as suaves pétalas de flores, que pousavam em si ao serem levadas ao vento.
Por fim, ela abriu os olhos. A primeira coisa a observar é o céu, de cor azul-escuro intensa, iluminado por diversas estrelas e cinturões estelares, junto a uma brilhante e enorme lua esbranquiçada.
Lentamente, Laureline se levanta. O ambiente em sua volta poderia ser descrito como "saído de um conto de fadas", o que a deixava um pouco enjoada, diga-se de passagem. Era uma vasta planície florida, quase sem nenhum ponto verde, apenas rosa, junto a - o que a garota supôs ser - ruínas de algum antigo castelo ou estrutura de teor nobre. De fato, parecia ter saído de um conto de fadas, enjoando ainda mais Laureline.
Sem saber ao certo como proceder, a jovem de cabelos escuro-esverdeados começa a procurar por algum sinal de civilização ou evidência de outro indivíduo no local, quando seus olhos param em certo ponto, em certa rocha, em certa espada.
Era uma arma muito bela, brilhante e - pela própria percepção e instintos da menina - poderosa. Ela sentia um estranho magnetismo para com a arma cravada na rocha.
A atenção da garota na espada quebrou ao sentir algo passar por trás de si, balançando seu pijama - cujo tinha percebido estar usando apenas agora -, seu longo cabelo escuro esverdeado e a franja que cobria o lado direito de seu rosto. Ela vira-se e a encontra, postada a poucos metros de si. Uma mulher, poucos centímetros mais alta que si. O vestido longo e fino, voando ao vento, assim como o longo cabelo esverdeado claro, como as águas de um riacho ou lago, mas o maior destaque era seu rosto. Ela tinha uma beleza etérea, quase surreal, inteiramente mística. Ela era a mulher mais bonita que Laureline vira em toda sua vida, nada se igualava.
A mulher misteriosa começou a se mover, suave e calma, como vento. A garota nem percebeu quando a mulher passou por si e se aproximou da espada fincada na rocha. Ela alisou o cabo rosado e longo da arma suavemente.
- Finalmente minha querida, está aqui - Proferiu a mulher, olhando a espada. Sua voz era aveludada e suave, não muito fina e não muito grave. Perfeita. Ela sorriu e então, virou-se para Laureline - O seu Regente.

"Rrrrrrahhhh!!"

Todos os pelos do corpo de Laureline eriçaram ao som do grave e lento rosnado. Este, fazendo o chão tremer inclusive. Fumaça densa, junto a cinzas circularam em volta da garota.
Lentamente, Laureline virou-se. Pés enormes e cobertos por penas brancas, somado a quatro dedos com longas e curvas garras como as de uma coruja, estavam à sua frente. Ao subir o olhar, vira o corpo ao qual pertencia. Era uma forma felina, porém coberta de penas ao invés de pelos, com longas e cheias asas brancas nas costas e um longo pescoço, ligado a uma cabeça similar a de uma graça, com dois longos e curvados chifres em cada lado da cabeça, próximos aos olhos. A cauda, longa e articulada, era maior que o comprimento do corpo da criatura, deduzirá Laureline.
O sangue da garota gelou ao presenciar tal criatura. Um Dragão Emplumado, maior que um avião cargueiro militar. Laureline nunca pensou um dia ter a chance de ver um, estavam extintos a mais de trezentos anos, e sinceramente... Preferia nunca ter essa chance. O enorme ser causava tremores ao se locomover na direção de Laureline, que lentamente se afastava, nunca tirando seus olhos do Dragão.
- Traga-a, Arany - Pediu a mulher misteriosa.
"Ai, merda!", fora o que Laureline pensou ao ouvir a mulher.
O Dragão rugiu e começou a correr até a garota de cabelo verde-escuro. Suas garras arrancavam pedaços de terra por onde passava, destruindo as belas flores antes nele.
Laureline finalmente ouvindo a si mesma, conseguiu sair de onde estava para então fugir, mesmo sabendo não ser mais rápida que a colossal criatura. O Dragão ergueu a pata esquerda quando estava perto o suficiente da garota.

	- Merda! Merda! Merda! Merda! Merda! Merda! - Xingava a garota enquanto corria

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- Merda! Merda! Merda! Merda! Merda! Merda! - Xingava a garota enquanto corria. Ela vira-se, olhando para a ação do Dragão de tentar agarrá-la. Ela acelera a corrida - MERDA!
A pata do Dragão desce, pronto para agarrá-la. Instintivamente, usando uma das ruínas próximas, a garota começou a subir correndo em uma pilastra inclinada e ao chegar ao fim, ela saltou, bem a tempo de evitar as garras do Dragão.
Laureline caiu rolando, reduzindo o impacto de sua queda. Ela olhou mais uma vez a criatura. O Dragão rosnou, destruindo os destroços remanescentes da ruína. Depois, ela olhou outro ponto de destaque na paisagem, a poucos metros de si. A espada brilhante, a única arma a disposição, ela só precisava chegar até ela.
O Dragão rosna novamente, mas Laureline percebeu... Esse rosnado era diferente dos anteriores. Ela voltou a sua atenção à criatura e...
A... A boca do Dragão estava... Fumegante.
- Porra...
O Dragão abriu a boca. Uma esfera de energia incandescente surgiu a partir desse ato, disparando uma quente rajada de combustão, queimando todo caminho percorrido velozmente.
- Ahhh, odeio~

Laureline acordou gritando, levantando bruscamente da cama. Em pânico, ela observou o ambiente à sua volta. Paredes pintadas de cobalto escuro, a estante de carvalho branco recheada de livros (a maioria de terror e suspense), o simples armário de madeira, cujo em sua base estava sua espada, praticamente jogada, ainda coberta pela bainha de couro. Ela estava em seu dormitório... Em sua cama... Segura. Conseguiu controlar a respiração depois de perceber onde estava agora, não mais na planície, não mais com o Dragão, ou a mulher ou a espada.
- Caralho...
Ela procurou por seu celular, vasculhando pela coberta grossa até encontrá-lo. Ela o ligou, imediatamente observando o horário, quatro e cinquenta da manhã.
- Eu odeio essa porra de sonho... - Berrou baixinho, desligando o celular e jogando-o em sabe-se-lá-onde.

Espadas x Feitiços Vol 1. O RegenteWhere stories live. Discover now