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PASSADO:

"DECISÃO"

Ao perceber o garoto se virar tão repentinamente, o fantasma deu dois passos apressados para frente, em uma tentativa desesperada de segurá-lo, mas Wuxian foi mais rápido e saiu do local, o deixando sozinho e sem nenhuma resposta

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Ao perceber o garoto se virar tão repentinamente, o fantasma deu dois passos apressados para frente, em uma tentativa desesperada de segurá-lo, mas Wuxian foi mais rápido e saiu do local, o deixando sozinho e sem nenhuma resposta. A aura azul que emanava de seu corpo oscilou em um brilho claro, quase se assemelhando ao branco. Isso significava que ele estava instável.

Seus olhos profundos transpareciam a intensa dor da agonia e solidão eterna. Estava condenado. Ele não podia esperar que aquele jovem o ajudasse, afinal, o que ele tinha a ver com sua morte? Ele sequer o conhecia. Era completamente compreensível que ele não aceitasse aquele pedido. No fim, não podia culpá-lo por não querer ajudá-lo.

Sem rumo, vagou pelos corredores da casa, frustrado, angustiado, transtornado. Não encontrando nada que lhe chamasse a atenção, ele voltou para o cômodo gelado que um dia foi o seu quarto. Parando em frente à janela de vidro adornado, ele observou a vizinhança.

As pessoas seguiam suas vidas calmamente, indo e vindo despreocupadas com o que poderia lhes acontecer a qualquer momento, sem pensar na iminência da morte. Continuavam com suas rotinas monótonas, cumprimentavam os vizinhos enquanto saíam para trabalhar, levavam os filhos para a escola, iam ao mercado fazer as compras do mês, passeavam com o cachorro e uma sequência de atividades genéricas que ele invejava. Afinal, estava preso há cinco anos, sem chance de fugir da realidade dura que se encontrava.

Assistir aquele cenário o fez lembrar dos dias em que saía ao nascer do Sol para caminhar nas redondezas. Onde se sentava na grama verde e úmida para meditar durante longos minutos, acalmando sua mente e espírito, equilibrando seus chakras e reorganizando seus pensamentos.

Também recordou de quando se sentava em frente ao lago gélido e cristalino, que abrigava diversos e belos peixes coloridos que chamavam sua atenção, mas não tanto quanto os coelhos que rondavam a área vasta. Ele sempre foi extremamente encantado pelos pequenos felpudos brancos. Gostava de admirá-los e acariciar suas orelhas rosadas. Uma paz invadia seu peito toda vez que suas mãos carregavam uma das bolinhas de pelo.

Antes de morrer, seus planos incluíam adotar dois destes animais para que lhe fizessem companhia. Desejava ter pets a muito tempo, mas onde morava antes era difícil para eles ficarem confortáveis, por isso, depois de ir morar sozinho, finalmente iria realizar seu sonho. Só que, agora tudo não passava de uma fantasia fútil e inalcançável. O que lhe restava, era observar os quadros que pintou com tanto carinho e cuidado, que depois se tornaram sua própria decoração, mas agora estavam empoeirados e envelhecidos pelo tempo e abandono.

Era de deixar qualquer um entristecido com a situação. Estar ali, era como estar em um programa de televisão antigo, onde as cores sequer existiam, era tudo monocromático e sem vida. Nada parecia colorido o suficiente para preencher aquela lacuna obscura em seu ser e alegrá-lo mais uma vez. Ao menos, era isso o que transparecia.

THROUGH YOUR SOUL | WANGXIANWhere stories live. Discover now