- Não sou louca! Eu gosto de escutar filmes.
Ela riu.
- Escutar filmes?
- Sim.
- Como faz isso? As vezes há várias cenas sem falas.
- É exatamente por isso. Eu gosto de imaginar essas cenas.
- Que garota peculiar...
Eu balancei a cabeça com uma careta e depois arrumei meus óculos.
Demos a volta no parque conversando e trocando algumas ideias. Sana era inteligente, bem humorada. Me fazia rir muitas vezes e descrevia cenas que para era eram cenas bonitas.
Aos poucos, fui me adaptando com o jeito que ela segurava meu braço, com a maneira que ela aperta levemente quando tinha alguém perto e me fazia desviar. Ela era delicada e sutil, fazendo com que eu me sentisse a vontade e segura. Era difícil explicar, mas... Eu gostava de sua companhia, do jeito com que ela falava e me provocava. O som da sua risada e seu perfume.
- Vamos atravessar a ponte daí podemos nos sentar. Quer soverte?
- Se for de gelo...
- Do que você desejar. Venha.
Mudamos o rumo da caminhada e senti a grama sob meus pés. Paramos alguns passos depois.
- Boa tarde! - ouvi um homem exclamar animado - Vai querer o que?
- Um sorvete de limão e outro de... - Sana parou, esperando que eu completasse a frase.
- Uva, por favor.
A mão dela soltou meu braço e eu levei minha mão atrás da caça, para pegar dinheiro.
- Tzuyu?
- Hmm...?
- Eu vou pagar.
- Não, Sana, não precisa.
- Que isso moça? Não vai deixar que lhe façam uma gentileza? - o homem do sorvete disse. Seu tom de voz era tão alegre que me fez sorrir.
- Obrigada - Sana agradeceu.
- Olha, isso é para a moça envergonhada - senti que um fio era colocado em minha mão gentilmente, por outra mão um pouco áspera.
- Segue Tzuyu.
- O que é? - perguntei curiosa.
- Um balão.
Segurei o fio e corei.
- Obrigada.
- De nada, moça.
- Vamos - Sana segurou novamente meu braço, me entregando o soverte.
- Foi muita gentileza dele - comentei sorrindo - Qual é o desenho do balão?
- Um coração vermelho com uma fita branca.
- Oh! - exclamei ficando vermelha - Você acha que... Talvez ele tenha achado que você e eu...
Sana riu baixo.
Senti que ficou mais fresco onde estávamos. Talvez estivéssemos embaixo de árvores, pois o clarão que havia diminuiu consideravelmente.
- Você não liga de sentar-se no chão?
- Não - respondi.
As mão de Sana passaram a segurar uma de minhas mãos.
- Estamos em baixo de uma árvore bem grande. Há várias outras ao redor - ela descreveu, me fazendo sentar-se para logo depois, se sentar ao meu lado - Há algumas pessoas sentadas embaixo de algumas árvores. Consegue ouvir as conversas?
- Sim - respondi simplesmente.
- Por que resolveu se fechar novamente? - Sana perguntou calmamente.
Eu mordi meu picolé, tentando atrasar a resposta. Eu não tinha mais vontade de ser grossa com Sana ou tratá-la mal. Eu não tinha mais motivos para ficar já defensiva para com cada palavra que ela me dirigia, mas eu sentia necessidade de mostrar pra ela que ela não era assim, tão...
- Eu não estou me fechando novamente - respondi cautelosamente, cortando meus pensamentos.
- Suas mudanças de humores tão repentinas são espetaculares - ela ria
- Você pode, por favor, tirar esse balão que foi amarrado em minha mão? - pedi estendendo o braço em sua direção, mudando o assunto.
- O que vai fazer com ele? - Sana segurou meu pulso delicadamente. Suas mãos eram macias e cuidadosas, me fazendo sentir alguns arrepios.
- Você devia dá-lo para sua namorada - respondi.
- E por que você acha que eu devia dá-lo a minha namorada?
- Porque... Era para você está com ela hoje. Qual o nome dela?
- Jihyo.
- Ela vai ficar feliz em saber que você pensou nela - eu tentei sorrir - Não acha?
Sana ficou em silêncio. Não me respondeu, simplesmente, ficou quieta.
Eu não sabia dizer o que ela estava pensando e isso me irritava bastante. Senti vontade de saber como ela era, como seus olhos brilhavam quando ria ou como sua boca se comprimia quando estava contrariada.
Ficamos em silêncio juntas e por muito tempo. Eu ouvia o som do vento balançando as folhas sobre minha cabeça, ouvia a respiração de Sana ao meu lado. O ar cheirava a grama e terra, e era gostoso ficar assim, sem fazer nada, sem ter preocupações e sem ter no que pensar.
O dia longo terminaria, pensei com um suspiro. Talvez Sana estivesse esperando que eu não aceitasse mais sair com ela e nem eu sabia se realmente queria voltar a sair com ela. O dia tinha sido agradável, eu não podoa negar, mas havia Jihyo. Que tipo de garota deixa a namorada de lado para passar a tarde com uma cega?
- Você devia ver o sol agora, Tzuyu - ela murmurou com a voz agradavelmente doce e grave.
Eu tenho vontade de ver o sol há um ano.
- Ele está se pondo? - perguntei no mesmo tom de voz que a dela.
- Um tom rosa tinge o céu. A típica cor de afim de tarde. O sol continua brilhando muito forte enquanto escorrega devagar no horizonte. Ele parece enorme... Muitas pessoas estão patadas, vendo-o se pô. A luz faz sombras alongarem e metade dos rostos das pessoas levantaram
Eu fechei os olhos, segurando a vontade que eu senti de chorar.
- É lindo... - murmurei sentindo o nó na garganta, vendo a cena se passando em minha mente.
- Alguns pássaros cortam o céu, parecendo querer voar em direção ao sol. Eles sabem que está escurecendo.
- É um espetáculo! - ouvir alguém exclamar em nossa frente.
Sana riu e depois concordou.
- Realmente, é um espetáculo. Queria que você pudesse ver.
- Eu vejo - respondi com um sorriso - Você é meus olhos, não?
Ela ficou quieta um instante, então, eu senti sua mão acariciando meus cabelos.
- Sim, eu sou seus olhos.
Parecia carinho de irmã. Isso me deixou angustiada
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ʙᴇ ᴍʏ ᴇʏᴇs | sᴀᴛᴢᴜ ᴠᴇʀsɪᴏɴ ×
RomanceHá um ano, eu havia sofrido um sério acidente de carro. Minha amiga, que dirigia, havia morrido a caminho do hospital de parada cardiorrespiratória. Foi difícil a adaptação. No começo, tudo me irritava, principalmente a morte de mina. Era difícil co...