ᴄʜᴀᴘᴛᴇʀ 7 | ɢᴇᴛ ᴏᴜᴛ

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- Quero ser seus olhos - Sana disse baixo e sua voz soava muito séria.

Aquela frase ficou pairando em meus ouvidos até começar a fazer algum sentido.

Comecei a me sentir quente por dentro. Como pôde pripor tal coisa?

Senti a raiva subir sem controle pelo meu corpo. Levantei-me rapidamente, ouvindo a cadeira cair para trás. A mesa ficou em silêncio.

- Acha que é engraçado ser cega, Sana? Acha que é engraçado querer bancar meu cachorro guia? - perguntei colocando as mãos sobre a mesa e me inclinando em direção a ela. Eu respirava rápido. - Você é uma completa idiota.

- Tzuyu! - ouvi minha mãe me repreender, surpresa com minha repentina reação.

- Não chegue mais perto de mim! - exclamei começando a me afastar, quase tropeçando no degrau que levava para o pátio dos fundos.

No jardim, sentindo o vento bater no rosto eu tentei me acalmar para não chorar. Joguei os óculos longes, revoltada. Nunca imaginei que alguém pudesse brincar comido desse jeito. Nunca pensei que... Como ela podia?

Que tipo de proposta ela achava que estava me fazendo? Ela não tinha ideia de como era ser cega. De ter que depender dos outros para fazer qualquer coisa. De ter que vestir roupas que nem sabia como eram. Não sabia como era conhecer alguém sem saber qual era sua aparência, seu sorriso. De não poder mais ver a cor do céu quando está chovendo ou o sol se pondo. Ela não sabia nada disso! Era uma imbecil!

Umedeci os lábios ouvindo o som do vento batendo mas flores ali e me trazer um cheiro doce e suave. Eu não sabia nem em que lugar do jardim eu estava naquele momento. Senti vontade de gritar.

- Tzuyu... - passos se aproximavam de mim. Era Sana.

- Como consegue? - perguntei lentamente, controlando a raiva - Como consegue ter a cara de pau de rir falar comigo depois do que fez?

- Não era minha intenção te ofender... - ela disse baixo se aproximando.

- Você não tinha e não tem o direito, Sana, de fazer isso comigo. Não me conhece. Não sabe o que passei para chegar ao que sou hoje. Não pode chegar querendo mudar meu mundo.

- Eu só queria... - ela estava logo atrás de mim e sua voz próxima me causou arrepio - Não sei o que estava passando pela minha cabeça. Você parece tão triste... E não tem o porque de se isolar só porque é cega! Eu queria ajudar...

Soltei um suspiro, balanço a cabeça lentamente.

- Não quero e não preciso de sua ajuda...

- Me de um oportunidade, Tzuyu - pediu ela postando-se a minha frente. Seu perfume flutuava em minha direção.

Ri ironicamente, baixando o rosto.

- Seus olhos não perderam a cor... - comentou Sana, erguendo meu rosto pelo queixo. Esse gesto me deixou sem ação. Uma corrente de eletricidade percorreu meu corpo. Afastei-me.

- E o que vai fazer se eu aceitar sua proposta? Dizer-me o que tem em meu jardim? Levar-me para passear na esquina? Isso é um pouco patético, Sana. - cruzei os braços no peito imaginando a quantos passos eu estaria da porta. Eu odiava ficar perdida.

- Se for o que me pedir, eu faço... - pude perceber, pela entonação de voz, que ela sorria. - Mas não é isso que tenho em mente.

- E o que tem em mente?

- Parques, talvez... Algum lugar divertido, onde você não fique sozinha e mal humorada.

- Não entendo porque você acha que eu fico sozinha... - minha irritação ia diminuindo consideravelmente.

- E não fica?

- Não. Eu frequento um Instituto duas vezes por semana e também tenho aulas particulares... Estou sempre com Legolas ou minha mãe. Não me sinto sozinha...

- Sua agenda é lotasa - contetou Sana. Percebi que ela andava para lá e para cá.

- Consideravelmente cheia - corrigi e depois me repreendi, pois havia acabado de dizer mesmo que indiretamente, que eu tinha tempo para fazer programas com ela.

Sana riu, vendo que o clima estava ameno.

- Aceite, Tzuyu - pediu ela vindo novamente em minha direção - Saia apenas uma vez comigo, como amigas e se não gostar, não irei mais insistir.

- Você já está insistindo.

- Apenas uma vez... Só uma.

Mordi os lábios indecisa. Eu sabia que Sana tinha boas intenções, mas eu não estava acostumada a confiar ou depender de estranhos. Ela me causa sentimentos estranhos. Me deixava agitada e confusa

- Ok, apenas uma vez - aceitei com um suspiro incerta.

- Não vai se arrepende - a mão dela pousou em meu rosto e seu cheiro se aproximou. Seus lábios pousaram em minha bochecha. Meu coração acelerou por um instante e novamente me arrepiei.

Ela se afastou, dando um passo para trás.

- Não quero que faça isso de novo - eu a repreendi, me virando e tentando adivinhar o caminho para voltar pra casa.

- Por aqui - Sana pegou em meus braços e me guiou até minha casa.

As vozes vinham da sala de estar. Já haviam terminado o jantar e deviam estar tomando café. Quando chegamos ao ambiente, a conversa parou.

- Desculpe-me - murmurei com um pequeno sorriso - não costumo fazer isso.

- Não se preocupe, eu já me desculpei com eles, Tzuyu - disse Sana apertando mais meus braços - Aqui tem um degrau.

- Eu sei.

- Talvez você esteja cansada, Tzuyu, quer ir se deitar? - perguntou minha mãe se aproximando. Sua voz estava preocupada e baixa.

- Acho que sim - murmurei segurando sua mão - Boa noite, Sana.

- Nos vemos amanhã, as 15horas - ouvir ela dizer isso, me fez parar e me voltar para ela - Vamos sair, esqueceu?

- Oh!... Claro - resmunguei contrafeita - Boa noite senhor e senhora Minatozaki e me desculpem o mal entendido.

- Não se preocupe querida! - exclamou a mãe de Sana - Boa noite.

- Vamo mãe...

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ʙᴇ ᴍʏ ᴇʏᴇs | sᴀᴛᴢᴜ ᴠᴇʀsɪᴏɴ ×Where stories live. Discover now