Caixa.

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Dia 26

Te guardar em uma caixa foi a coisa mais dolorosa que já fiz.

Colocar-te dentre quatro paredes fechadas num canto escuro e esquecido.

Fingir que te esqueci até te esquecer de verdade.

Coloquei tudo de você em mim dentro dela. Todas as risadas, os beijos e aqueles tantos buquês de papel que adorava fazer.

O mais difícil não foi guardar aquelas memórias, o mais difícil foi ter que me desfazer delas.

Fingir que não me causam efeito ou que não valem de nada, me enganar.

Me enganar para que aquilo não cause efeito e de fato algum dia não valham de nada.

Foi um ato tão doloroso te rebaixar ao cubículo vazio, ao esquecido.

Eu já havia dito o quanto não gostaria de ser esquecida. Então porque estou a fazer isso com você?

Te coloco numa caixa, pois sem perceber eu já havia sido colocada.

E quando percebi que as paredes se fechavam contra mim, e eu me via sem saída a não ser pular de dentro dela e fugir para te colocar na minha própria caixa.

Te manter na caixa que fiz com teu nome escrito, não sei se quero te esquecer.

E na caixa que criou para mim eu gritava por socorro. Eu gritava por ajuda e socorro. eu precisava que você me tirasse de lá.

Mas sequer olhou pra ver se eu permaneci.

Então fugi. Fugi dessa coisa quadrada e repugnosa da qual me submeteu. A qual me submeti. A qual eu mesma estou lhe enfiando junto com toda dor que podia sentir.

Todas as roupas, sapatos, todo o amor, todas aquelas palavras disfarçadas de verdade, nas quais acreditei fielmente.

Guardei tudo, todo aquele cinismo e ganância, toda aquela beleza que me arrepiava os cabelos da nuca.

E aquelas doces palavras que me fizeram permanecer por muito dentro daquela caixa.

Foi a coisa mais dolorosa que fiz pra você.

Também foi a coisa mais bondosa que já fiz por mim.

•••

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CarolinaWhere stories live. Discover now