— Está querendo justificar seus pensamentos invasivos de maldade? — Dá uma curta risada. — É melhor explicar para a Celeste o que está acontecendo e entrarem em um consenso.

— Enlouqueceu? Não posso simplesmente falar sobre isso com ela.

— Pode sim.

— É melhor não, por enquanto. — Suspiro.

— Não vá chorar depois que ela descobrir.

— Descobrir o quê? — Cerro os olhos.

— Sobre o que você faz. — Se levanta. — Sou um gato, vejo tudo.

    Ele se transforma novamente em um gatinho inofensivo, e sinto uma pontada de deboche em seu miado.

Conversar com ele me deixou mais confusa.

|…|

   
 Como forma de me redimir, fiz uma faxina em casa e deixei a janta pronta, mas não esperava que isso iria durar a tarde toda. Logo tive que me arrumar e ir ao trabalho.

   Quando chego no estacionamento, Dante já estava lá me esperando enquanto fumava.

— Está atrasada. — Caçoa, me vendo se aproximar.

— Cala a boca. — Sorrio, dando um leve tapa em sua nuca.

— Vai ir falar com seu patrão agora? — Joga o cigarro no chão.

— Vou. — Digo em suspiro.

   Se entreolhamos antes de entrar no bar, e por sorte havia poucas pessoas. Priya nos vê entrando e acena enquanto anotava um pedido, e retribuímos com um sorriso.

 Se aproximamos do balcão e, do outro lado, estava Joaquim, que se vira ao notar nossa presença.

— Ah, olha só quem apareceu. — O velho me olha de cima a abaixo me reprovando. — Não sei como ainda tem a cara de pau. — Resmunga enquanto seca um copo.

— To sem tempo para suas reclamações. — Apoio um braço no balcão. 

— Ótimo, assim posso te demitir sem um discurso. — Larga o copo.

— Não, você não vai. — Digo, trocando olhares mortais com o mais velho.

— Eu vou s-

— Que velho caduca. — Dante interrompe. — Ela vai trabalhar aqui, e qualquer pessoa que perguntar você afirmará. — Agarra o colarinho dele através do balcão. — E eu nem preciso dizer o que vai acontecer se você não obedecer, não é? — Fala entre dentes.

— T-tabom, me solta!. — É liberado, e ajeita suas vestes olhando ao arredor.

— Vamos dar o fora. — Ele me chama enquanto pega uma garrafa de cerveja.

   Antes de sair, dou uma encarada no velho, que apertava os dentes. Voltamos para o estacionamento e dividimos um cigarro, esperando anoitecer de vez. Durante esse tempo, fiquei em silêncio refletindo sobre onde estou me metendo. Sinceramente, não me importo se vou machucar alguém, mas receber a reprovação de uma pessoa específica me deixa relutante em cumprir minhas verdadeiras vontades.

— Estou quase para desistir disso tudo. — Comento, e recebo um olhar de indignação.

— Para de ser medrosa. — Da uma pausa para beber. — Já está tudo pronto, não tem como voltar atrás.

— Não estou com medo. — Assopro a fumaça do cigarro. — Você nem me deu tempo para pensar. 

— Nessa vida não temos tempo para pensar. — Diz brincalhão batendo com seu cotovelo em meu braço, mas desfaz o sorriso ao me ver ainda séria. — Ta bom... — Revira os olhos e fica á minha frente. — Se for desistir a hora é essa. — Cruza os braços.

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