🌸2.08

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🥀| Adrenalina

Meus olhos abrem irritados, já recebendo toda a luz do Sol de uma vez na cara, e nem me lembro de ter apagado no sofá, mas tenho certeza de que não trouxe um travesseiro nem um cobertor. Mesmo eu merecendo dormir no chão, Celeste deve ter deixado isso aqui.

   Vejo que na mesinha do centro tem um copo d'água e dois compridos ao lado com um bilhete por debaixo escrito: Bom dia, comprei comprimidos para dor de cabeça e enjoo. 

  Ela deixou o céu, mas continua sendo um anjo. Cada dia que passa, sinto que não mereço toda sua dedicação, para eu retribuir com desgosto.

   Bebo aqueles comprimidos e me levanto ainda atordoada, e sinto um cheiro de café invadir meu olfato, me fazendo olhar para a mesa e ver um café da manhã à minha espera. Preciso começar a retribuir seus favores ao invés de causar desavenças.

   Me sento na mesa e, enquanto espero o café esfriar mais um pouco, penso em como posso resolver as coisas sozinhas e evitar que Celeste se envolva.

   Minhas ideias foram paradas quando sinto algo macio passando em minhas pernas, e escuto um miado alto me fazendo olhar para debaixo da mesa.

— Você por aqui? — Ele sobe em meu colo e se esfrega em meu braço para pedir carinho. — Quanta carência. — Reviro os olhos e cedo ao seu pedido de carinho. — Jebuff ficou no inferno? — O gato mia, movendo lentamente a cabeça. — Deveriam voltar a dormir conosco.

   Ele desce do meu colo e mia enquanto anda em círculo no chão. Estranhamente consigo entender o que sinalizou.

— Os demônios estão enchendo o saco? — Bebo um pouco do café. — Eles realmente conseguem atazanar a vida de alguém…

   Texis mia em concordância, e se senta me olhando atentamente.

— Quer saber como estão as coisas? — Ele move a cabeça. — Péssimas. — Texis solta um miado estridente. — Estou descobrindo que humanos também são demônios, eles conseguem ser mais malignos que eu. — Comento. — E falando em maldade, acho que uma vida tranquila não combina comigo. — Coloco a xícara na mesa e sinto o olhar de julgamento daquela bola de pelos. — Não me olhe assim! Juro que tentei, mas… a Celeste estava certa, eu só tomo a decisão errada. — Suspiro, abaixando o olhar. 

   De repente, sinto minha alma ser esmagada por uma energia forte, e quando olho para o lado, caio da cadeira em um susto por ver Texis em sua forma de dragão.

— Porra, por que não me avisou? — Exclamo paralisada.

— Porque é mais engraçado ver você se assustando. — Ri ao falar e se senta no chão, tremendo todo o cômodo. — É difícil não poder falar, então quero ficar um pouco assim.

— O que tem para falar?

— Que você é muito burra. — Diz normalmente.

— Que inspirador. — Ironizo.

— Eu não consigo entender o que você queria ao se comprometer com alguém que é totalmente diferente de você. — Surge um com charuto. — Sabia muito bem que isso não daria certo.

— Mas não está dando errado. — Murmuro descontente.

— Na sua cabeça não. — Solta uma nuvem de fumaça em meu rosto. — Está fazendo coisas que desagradam sua noiva, mas é o que nutri seu instinto. No fim, existe um pouco do demônio em ti, bem antes de o Asmodeus te amaldiçoar.

   Me levanto após receber esse banho de água fria, e passo a mão pela cabeça, evitando o olhar de julgamento do dragão.

— Você pode estar certo, mas… não é bem assim. — Me movo inquieta.

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