Capítulo 6

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Quando acordei o céu ainda não havia clareado o quarto, mas ainda assim me parecia impossível conseguir dormir, por isso quando me dei conta já estava de pé em frente ao pequeno espelho do banheiro tentando ficar mais apresentável.

Quando deixei o cômodo para trás, travei ao ver a porta que Emily havia trancado escancarada, como se não tivesse sequer sido fechada na noite anterior.

— Está de pé cedo — Sam passou segurando uma xícara, como sempre, não vestindo mais que uma bermuda e sem camisa — Tem café pronto, mas se quiser comer pode cozinhar — Passou por mim — Vou dormir, se for explorar a reserva — Parou de andar me fazendo parar para encara-ló — Não exite em dizer que está com Sam Uley, isso te manterá longe de problemas.

Antes que ele pudesse sumir de minhas vistas, o chamei com cautela — Obrigada — Não tive uma resposta além de um balançar de cabeça.

Mas eu não iria longe o suficiente para encontrar alguém que pudesse me fazer perguntas, cheguei a varanda de onde senti o cheiro fresco de grama molhada.

Fechei meus olhos, podendo sentir meu corpo ficar mais leve, como se eu estivesse nos campos de casa. Onde os jardins se expandem com as magnólias que mamãe tanto ama.

— Não pode se afogar com o ar puro, não é? Eu odiaria ter que carregá-la para dentro mais uma vez.

Eu conhecia aquela voz, não precisava abrir os olhos para conhecê-la, até mesmo seu cheiro é inconfundível.

— Você deve ser Paul — Abri meus olhos podendo-o ver a alguns passos, com as mesmas características de Sam, mas mais alto e um tanto forte. Não me lembro de ter visto em toda a minha existência alguém com tamanha beleza — Soube que me salvou, devo dizer que sou grata a você. Entretanto acredito que não é possível se afogar com com o ar, seja ele puro ou não

— Olha só, ela fala — Disse se aproximando, em segundos passando por mim e adentrando a casa.

— Não posso lhe dizer desde quando — Sorri o acompanhando de volta para dentro — Sam e Emily ainda não se levantaram, talvez devesse voltar mais tarde.

— Eu não vou roubar mais que café e bolinhos.

Puxei uma cadeira me sentando em frente ao balcão.

— Uh, tem bolinhos? — Perguntei com fome.

— Você não mora aqui?— Perguntou tirando do forno uma cesta cheia deles.

— Temporariamente — Alcancei um dos macios (mesmo gelados) e deliciosos bolinhos — Mas eu não saiu mexendo nas coisas. Também quero café — Pedi vendo-o servir a si mesmo.

Ele me olhou de relance, coisa rápida antes de colocar a xícara diante dos meus olhos, assoprei o líquido quente antes de tomar um gole.

Não consegui evitar fazer caretas, definitivamente não tem um grão sequer de açúcar ali.

— Devo lhe agradecer novamente por ser tão gentil comigo — Coloquei a xícara de volta no balcão antes de procurar por seus olhos, Paul estava encostado próximo a pia do outro lado do balcão.

Ele tirou os olhos do bolinho por um único segundo para encarar os meus, mas aqueles segundos pareciam horas. Como se eu estivesse presa a uma hipnose vendo toda a minha vida passar pelos menos olhos.

Mas não a vida que eu já vivi. Uma vida que agora eu quero mais que tudo viver.

— Estou morrendo de fome, porque não disseram que o café da manhã estava servido?— Por que todos eles andam por ai sem camisa? — Bela adormecida, sou o Embry — Ele passou por mim e pegou o meu bolinho que estava pela metade o enfiando de uma vez na boca.

Eleonora - Paul LahoteWhere stories live. Discover now