Capítulo 3

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USO UMA ROUPA QUENTE e confortável, estou em um quarto de cama macia e travesseiro fofo. Como se estivesse em um novo mundo, ouço vozes distantes, curiosas.

Mas não me sinto bem para sequer girar o meu corpo para enxergar além da porta e paredes de madeira que me protegem do que o lado de fora espera para me mostrar.

Ouvi duas batidas na madeira, eu já conheço aquele toque leve. Mesmo enquanto me afogava nesta mesma cama podia ouvi-lo, a mulher de cabelos pretos com a cicatriz no rosto sorriu ao pedir licença para entrar.

Eu queria lhe agradecer e dizer que se estou em sua casa ela não precisa pedir permissão para entrar, mas não consegui me mover um pouco sequer.

— Desculpe a demora para vir, preparei um caldo quente pra você, acho que vai te ajudar a se esquentar e recuperar as energias.

Ela apoiou a bandeja na cômoda ao lado, não me levantei para ver o que havia nela antes.

— Posso te ajudar a se sentar?— Ela não esperou uma resposta antes de puxar o cobertor até a altura de minha cintura e em seguida segurar minhas mãos, sem querer incomodar mais do que já estava forcei meu corpo a se movimentar.

Me senti desconfortável e apertei meus lábios com dor.

— É normal sentir dor, uma tarde no mar já nos deixa com sequelas no dia seguinte, então acredito que você seja uma grande guerreira por conseguir se sentar depois de não sei quanto tempo ali.

Tentei acompanhar seu sorriso.

Ela se sentou na beira da cama e assoprou a colher antes de aproximá-la dos meus lábios sem ao menos me questionar se eu poderia ou não fazer isso sozinha.

— Consegui me dizer o seu nome?— Ela perguntou concentrada nos movimentos que fazia — O meu é Emily.

Terminei de engolir o caldo bem temperado com tempo, sentindo-o queimar minha garganta, como se eu a tivesse machucado.

— Ele — Minha voz travou um pouco — Eleonora — Conclui a palavra após alguns segundos — Meu nome, é Eleonora.

— Eleonora — Repetiu — É um nome muito bonito, meu marido e os garotos estão lá fora, eles gostariam de conhecer você. Todos tem sido muito atenciosos nesses últimos dias e se preocuparam, pode me dizer quando estiver pronta, não se preocupe, não irão passar por essa porta até que se sinta confortável pra isso.

Ela sorriu novamente antes de se levantar.

— Preciso ir antes que eles destruam minha casa, descanse, eu volto depois. Eleonora.

Eleonora - Paul LahoteМесто, где живут истории. Откройте их для себя