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Na sexta-feira à noite, quando estou confortavelmente deitada no meu sofá a ver um filme cliché da Netflix, recebo uma chamada da minha mãe. Não fico muito preocupada, porque calculo que seja para me perguntar o que quero almoçar amanhã ou a sugerir algum tipo de plano para o fim-de-semana.

- Olá, filha! Como é que estás? – ela pergunta-me, mal atendo a sua chamada.

- Olá, mãe. Estou bem, deitada no sofá a ver um filme. – respondo – E tu?

- Olha, também estou bem. Estava aqui a falar com o teu pai, porque tu sabes que nós estamos a precisar de arranjar o telhado da casa, que já é antigo e, às vezes, deixa entrar alguma água... Então, em princípio, na semana que vem vêm para cá os pedreiros, por isso vamos ter de tirar tudo do sótão. Amanhã, podes vir ajudar-nos a começar a tratar disso? – a minha mãe explica.

- Claro que sim. Apareço por volta das 10h, pode ser? – proponho.

- Está ótimo. Em principio, a tua irmã também deve vir um bocado antes do almoço para nos ajudar, por isso... Com mais mãos, é mais rápido. – ela afirma.

- Sim, todos juntos despachamos isso mais rápido. – concordo.

- Então ficamos combinadas. Até amanhã, filha. Dorme bem.

- Até amanhã, mãe. Tu também. – despeço-me, desligando a chamada e voltando a focar a atenção no filme, acabando por decidir ir dormir assim que o mesmo termina.

(...)

O meu despertador toca às 9h e eu levanto-me prontamente, porque já estava meio acordada há alguns minutos. Ainda de pijama, desloco-me até à pequena cozinha do meu apartamento para tomar o pequeno-almoço, preparando uma taça com iogurte natural, aveia e pêssego, que como enquanto faço scroll pelas redes sociais. Termino com um café e depois regresso ao quarto, para vestir umas leggings e uma t-shirt velha, visto que vou passar grande parte do dia metida no meio do pó. Decido meter roupa lavada numa mala para poder levar para casa dos meus pais e poder tomar banho lá, se necessário. Por fim, prendo o cabelo num rabo de cavalo e preparo-me para sair de casa, fechando as janelas para que não entre demasiado calor.

Como é sábado, o trânsito está relativamente tranquilo e faço o percurso entre S. Domingos de Benfica e a Amadora em vinte minutos, chegando a casa dos meus pais alguns minutos antes das 10h. Toco à campainha, apesar de continuar a ter chave, e é o meu pai quem vem abrir a porta. Trocamos um abraço e sigo-o até à cozinha, onde cumprimento a minha mãe.

- Então, é para pormos mãos à obra ou não? – questiono.

- A tua irmã ligou a dizer que está a vir, que o Filipe é que só vem mais perto da hora de almoço, por isso vamos esperar por ela, para depois não termos de estar a voltar a vir cá a baixo. – a minha mãe responde e eu assinto – Já estive aqui a preparar sacos do lixo, o aspirador e panos para levarmos, porque aquilo deve estar cheio de pó.

- As minhas alergias vão adorar. – brinco, fazendo o meu pai gargalhar – Logo tomo anti-histamínico e isto passa.

Não passam se quer dez minutos até que a minha irmã chegue e nós nos preparemos para subir ao sótão. Apesar da escada ser estreita, o sótão é um espaço bastante grande, que sempre serviu para arrumar tralha, mas também para eu e a minha irmã brincarmos quando éramos mais novas, porque tinha um espaço com uma janela que deixava entrar claridade e ali podíamos desarrumar à vontade.

Pontos Nos Is | Rúben DiasOnde histórias criam vida. Descubra agora