três

241 11 1
                                    

Como é sábado, o meu despertador não toca e eu tenho a liberdade de decidir a que horas quero acordar e levantar-me da cama. O meu corpo decide despertar por volta das nove da manhã e eu aproveito o facto de não ter qualquer tipo de compromisso agendado para hoje para ir até à praia. Visto um bikini, uns calções e uma t-shirt, como qualquer coisa rápida e leve e vou até à garagem buscar o meu fato de surf e a minha prancha, colocando-os no meu carro. Escolho a praia de Carcavelos como o meu destino de hoje e conduzo calmamente até ao meu destino.

Passo cerca de duas horas dentro de água, simplesmente a desfrutar do momento e a esvaziar a cabeça de todos e quaisquer pensamentos. Não há nada que me recarregue mais as energias do que vir surfar e, sinceramente, não poderia ter escolhido uma forma melhor de começar o meu fim-de-semana. Quando saio do mar, fico a apanhar sol durante algum tempo. O verão acabou de começar e os dias começam a ficar quentes, por isso aproveito um bocadinho para me bronzear.

É quase meio-dia quando saio da praia e, depois de responder às mensagens do Dinis e justificar a minha falta de resposta durante as últimas horas, ligo à minha mãe a dizer que estou a ir para casa agora. Geralmente, os almoços de fim-de-semana são sempre em casa dos meus pais. É a nossa pequena tradição familiar e eles ficam super contentes por voltarem a ter a casa cheia ao fim-de-semana.

Demoro cerca de vinte minutos desde Carcavelos à Amadora, o sítio onde nasci e cresci e onde os meus pais continuam a viver. Quando fui estudar para a Universidade de Lisboa mudei-me para lá, apesar da proximidade, porque consegui arranjar um quarto muito barato, na altura, e poupava tempo e dinheiro em transportes e, desde então, nunca mais voltei a viver na Amadora, apesar de regressar todos os fins de semana ao bairro que me viu crescer.

- Olá, minha querida! – a minha mãe recebe-me com o seu lindo sorriso, quando eu toco à campainha – Foste surfar? – ela pergunta, ao ver o meu cabelo ainda húmido.

- Olá, mãe. Sim, fui. Estava a precisar de desanuviar a cabeça. Soube-me mesmo bem! – comento, sorrindo-lhe.

- Mas aconteceu alguma coisa?

- Não, não. Mas tu sabes que, de vez em quando, preciso de ir recarregar baterias ao mar. – declaro – E tu, estás bem?

- Estou, sim, filha. Entra. A tua irmã e o Filipe estão com o teu pai no jardim, a ajudá-lo a montar uma daquelas tendas de verão que ele comprou. – a minha mãe explica.

- Vou lá cumprimentá-los e já te venho ajudar com o almoço. – digo e ela assente.

Saio pelas portas da sala e encontro logo o trio reunido no jardim, a ler as instruções do equipamento de jardim. Primeiro, cumprimento o meu pai e logo depois a minha irmã e o seu namorado, Filipe. Deixo-os entretidos e regresso à cozinha para ajudar a minha mãe.

- A tua irmã comentou comigo que ontem foste jantar com um amigo do Filipe... - a minha mãe começa e eu suspiro.

- A minha irmã é uma cusca! – exclamo, meio irritada – Não é que seja um segredo ou que eu tenha algum problema em que tu saibas, mas ela não sabe manter a boca calada.

- Não foi por mal. Ela estava a falar com o Filipe e eu apanhei a conversa. – a minha mãe defende a minha irmã mais velha – Não precisas de falar sobre isso...

- Não há muito a falar, mãe. Nós conhecemo-nos no aniversário dele, demo-nos bem e ontem fomos jantar. Só isso. Estamos a conhecermo-nos. – explico.

Pontos Nos Is | Rúben DiasWhere stories live. Discover now