A essência da vida

CAPÍTULO 1: Incerteza

Incerteza: situação em que não se pode prever algo de forma exata.
Uma palavra que percorre cada centímetro do cérebro humano, e a partir dela surge o famoso "Por quê?" ou o tenebroso "E se..." E se tivéssemos feito isso, ou aquilo? Nunca, nunca, em hipótese alguma surgirá uma resposta, não uma resposta clara pelo menos, sempre seguiremos dentre o desconhecido e o arriscar de vez em quando, para dar emoção a nossa vida fatídica e dramática.

- Em um mundo dramático eu vejo você... Isso está péssimo! - o loiro falou alto, fazendo o som ecoar pelo estúdio de gravação, logo após jogando o caderno em suas mãos em direção ao chão.

- O que é isso Thomas? - uma voz aguda e estridente penetrou de forma agressiva em cada ponta daquele lugar, e atravessou os ouvidos do rapaz como uma flecha; delicada como sempre.

- O que foi, mamãe? - enfatizou o "mamãe" ironicamente.

- Comece a falar! - ainda gritando, a mais velha esfregou o celular no rosto meio pálido do filho, na tela brilhante havia uma matéria fresquinha no The New York Times.

- Até que eu fiquei bonitinho na foto... E como você leu, vou tirar umas férias... Por tempo indeterminado.

- Sério? Infelizmente não pode começar a viver sua vida de comediante, filho.

- Filho... Apenas quando estou enchendo seus bolsos de dinheiro não é?

- Você vai desperdiçar seu talento?

- Vou - e assim ele atravessou a porta, seguindo em direção a saída e deixando sua genitora para trás, praticamente arrancando seus próprios cabelos tingidos de loiro.

Talvez todos tenham algum tipo de crise, mas depois dos vinte e poucos anos, ela aumenta, e como aumenta... Todos entram num colapso mental coletivo, e passam a criar uma lista de afazeres antes dos 30, e o Thomas não está agindo diferente.
Músico, compositor... O Eros, nome artístico escolhido pelos seus pais, decidiu viver sua "rebeldia" incubada pela adolescência turbulenta, agora com seus 26 anos; depois do falecimento de sua avó, seu espírito subversivo acordou, ressurgiu da cinzas como ele acabara de pensar enquanto estava tentando expulsar seu motorista de trás do volante.

- Ela já surtou... E me deixar dirigir esse carro não vai matar a senhora Rose Miller, ela deve ter tido um infarto lá dentro, por que não vai verificar? Senhor... Não faço ideia de qual seja seu nome - O loiro deu um sorriso amarelo enquanto arqueava as sobrancelhas, esperando o senhor de idade sair do carro. - Prometo aumentar seu salário... E as suas férias! - como um raio, o homem mais velho saiu, promessas fazem magia.

Mãos no volante e avante! O britânico estava no auge de sua carreira, seu rosto era esbanjando em cada esquina do mundo! Sua voz sempre se fazia presente como trilha sonora dos melhores filmes; milhões de fãs banhavam os estádios para os seus shows, mas em algum momento as letras de suas músicas se tornaram banais, e tudo, absolutamente tudo virou uma rotina macabra de entrevistas, sorrisos robóticos e acenos repetitivos para paparazzis.
Thomas era o destaque, o cara perfeito para as melhores fanfic's, devia ser pelos olhos castanhos e gentis, cabelos lisos e meio bagunçados, mas a cor... Bem... Castanho claro, ou loiro meio escuro, não importa; ou as pessoas apenas se sentiam atraídas por sua altura ou pela mandíbula marcada. Sua beleza era singular, sua música era diferente do que sua aparência transmite, ele sempre foi uma mensagem silenciosa, sendo observado de longe, e suas músicas apenas revelavam um rebelde convencido, em alguns momentos ele era de fato.
O freio do carro foi "acionado" e o automóvel parou de frente para o hotel em que ele estava hospedado, com a luz do sol refletindo em todas as janelas do prédio, ele poderia ficar cego; a estrutura do lugar era grande o suficiente para tocar o céu.
Seus passos foram lentos até o quarto, mas Thomas chegou lá mais rápido do que imaginou, e para sua surpresa, a senhora dos surtos anteriores estava ali, sentada na sua cama, com a cara vermelha, prestes a explodir. Se um dia estiver sendo perseguido por um assassino, não ligue para a polícia, mães tendem a chegar mais rápido.