17.1 Daddy issues (parte 2)

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A vida é boa pra caralho, quando as coisas estão indo bem para você.

Quando a maré não está pra peixe, o barco vira.

A minha maré estava chovendo peixes. Ou, na verdade, um peixão daqueles bem caros. Tudo tinha voltado ao normal e isso me deixava aliviada, porém, eu tinha gastado toda a energia com o plano de separar o casal que agora não conseguia dar rumo ao meu plano de ser vista como uma pretendente para Pedro.

Ele ficou meio cabisbaixo no início, mas na minha frente fingia muito bem. Ele não gostava de me preocupar e sabia que eu gostava de sair de casa para me livrar dos problemas que tinham lá.

Então, quando me levava para casa dele ou para passear, viajar... Era exclusivamente para me distrair e me divertir.

— Você está muito crescida, isso me deixa com ainda mais cabelos brancos — disse, enquanto a gente assistia TV na sua sala gigantesca. Todos os cômodos da sua casa eram espaçosos ao extremo.

Agora que eu tinha repaginado meu guarda-roupa, só andava com roupas mais curtas, mais parecidas com as das meninas da minha idade, e também não usava outra coisa a não ser os sutiãs de bojo quando sabia que veria o Pedro.

— É o seu charme. — Sorrio e jogou uma pipoca na boca, estou ao seu lado, com os dois pés no sofá e tentando ser o mais sensual possível, mas acho que não está dando certo.

Ele está todo largado, também com um balde de pipoca, mas nunca toca em mim sem querer ou fica me olhando por tempo demais.

Hora de ser mais ousada, minha amiga disse que eu precisava partir para esse plano dos sutiãs não desse certo.

— É o que você acha. — Ele gargalha e presta atenção ao filme.

— Minha mão ficou toda suja de sal, vou ao banheiro e já volto.

Ele me olha de um jeito questionador, já que sempre limpo o sal com um guardanapo ou com a própria boca, mas não diz nada e eu quase corro até o banheiro.

Sei, com todo o meu ser, que o que irei fazer agora é totalmente errado e fora de juízo. Mas sou uma adolescente e adolescentes vivem fazendo merda. Então, apenas não penso e entro no banheiro, me despindo dos pés a cabeça e arrumando o cabelo solto atrás das costas. Depois, respiro fundo algumas vezes e volto pra sala.

Totalmente nua.

Caminho na ponta dos pés e paro no início do cômodo, com uma mão na cintura e com a cara mais deslavada possível. Pedro olha pelo canto do olho e então sua cabeça vira disparada na minha direção.

— Você viu a minha toalha? Não estou encontrando — pergunto, obviamente mentindo.

— Que merda é essa, Maria? — engolindo em seca, Pedro desvia o olhar, depois de já ter visto tudo, e coloca a mão na lateral do rosto, para não me ver.

— Só não estou encontrando a toalha. — Faço uma voz melosa  e de quem é totalmente inocente.

— Isso não tem a menor graça, vá vestir uma roupa!

Ele fica de pé e vira de costas, passa a mão no rosto e fica esperando minha resposta ou, sei lá, o som dos meus passos se afastando. Mas isso não acontece, não posso facilitar tanto para ele.

Sei que não sou uma mulher com um corpo digno de capa de revista, mas posso fazer muitas coisas por ele, é só ele me ensinar.

— Você nunca viu uma mulher nua? — Resolvo testar mais ainda a sua paciência.

— Uma mulher? Uma mulher, não, Maria, você é uma criança.

— Negativo, Pedro, eu sou adolescente. Um monte de meninas da minha escola já transam.

Tempo de DesejoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora