16. Amigo do meu (ex)namorado

3.6K 245 240
                                    

Enquanto andava na rua, falava sozinha e arrastava os pés, adiando a minha chegada ao apartamento do meu namorado. Eu estava com problemas e não sabia como resolvê-los, na verdade eu sabia como, mas era difícil colocar em prática.

- Eu preciso terminar com ele, não dá mais. É fácil, Tara, é só chegar e falar: "Hudson, a gente não dá mais certo juntos. - caminhava enquanto falava sozinha, ensaiando algo que eu sabia que não conseguiria. - Meu Deus, como é difícil terminar com alguém!

Trombei com uma parede de músculos que tinha mãos fortes e me seguraram. O homem com muitos metros a mais do que eu me encarava sorrindo e segurava meus braços.

- É realmente difícil terminar com uma pessoa. Mas sugiro que continue olhando pra frente enquanto anda, odiara ver esse belo rosto com um hematoma.

Os dentes dele estavam brilhando, eu juro, não consegui responder e o rapaz sacou as chaves de seu bolso ao me soltar. Só pude segui-lo com o olhar enquanto ia até um carro estacionado no meio fio, entrava e arrancava com tudo, me deixando de boca aberta para trás.

Aquele homem devia ser algum ator no subúrbio fugindo da vida difícil de ser rico. Olhei para o café que ele tinha saído, era bem simples, mas eu o conhecia e sei que servia o melhor café do bairro. Hudson também gostava, pensar nele me fazia ter vontade de chorar, ainda mais porque agora só consigo pensar no cara com calça jeans colada e camisa polo que abraçava seus músculos do braço sem deixar nenhuma folguinha.

Se ele me desse um soco eu "varava" longe.

Respirando fundo, eu forcei meus pés a continuar andando até a casa do meu namorado. Estávamos juntos a dois meses e foi o suficiente para eu ver que não estava dando certo, ele não tinha me apresentado sua família, nem seus amigos. Era jogador de Table Tennis Player, o esporte era famoso nessa cidade, então ele tinha muitas fãs, o que me deixava um pouco desconfortável pois ele não sabia fugir das investidas de algumas abusadas.

Ele era bagunceiro em casa, eu era extremamente arrumada, tinha toque, e o sexo não era legal, ele fazia uma coisa muito estranha com a língua que eu só queria fugir do sexo e chorar no armário. O celular dele apitava com mensagem o tempo inteiro e sempre tinha alguém ligando, eu estava saturada já, pois ele não era uma pessoa ruim, mas para mim não estava dando mais certo.

Com esse pensamento, e mais decidida do que nunca, voltei a caminhar mais rápido e me dirigi ao seu apartamento que ficava em um prédio de classe alta no centro da cidade. Subo de elevador e estranho ao encontrar a porta destrancada.

- Hudson? - Eu chamo e acendo a luz, levo um susto gigantesco quando um monte de pessoas aglomeradas na sala grande grita "surpresa!" e jogam confetes pro alto.

Todo mundo está lá, reconheço os pais de Hudson pelas fotos que ele tem em casa, meus pais também estão lá, assim como minhas duas irmãs mais novas e minha irmã mais velha. Tem algumas pessoas que não conheço, mas não presto atenção, olho para Hudson que caminha na minha direção sorrindo e com uma taça de champanhe, assim como as pessoas na tal festa surpresa que aparentemente Hudson preparou pra mim.

- Feliz aniversário, bebezinha - Ele agarra minha cintura e me beija. Outra coisa que odeio é quando ele me chama assim, que apelido tosco, mas provavelmente deve ser porque tudo nele me irritava ultimamente.

- Obrigada, pensei que não se lembrava, você falou comigo hoje de manhã e não disse nada... - eu estava tão envergonhada por todos estarem aqui justo no dia em que decidi ser sincera com ele. O que eu faria agora?

- Ia estragar a surpresa, né, bebezinha? - Ele saiu da minha frente e logo os pais dele, muito bem arrumados, vieram me cumprimentar. A mãe dele me julgou inteira e o pai só parecia entediado, como se não quisesse estar aqui. - Mamãe, papai, esta é Tara.

Tempo de DesejoWhere stories live. Discover now