10. Narração 🥐

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Park Sunghoon sempre gostou das quartas-feiras.

Desde que ele se entende como ser humano e não como um extraterrestre de cabeça cinza e corpo extraterrestramente magro, que faz sons de quem chama um cachorro e acaba sendo morto por uma pistola de energia duvidosa que faz piu-piu-piu, ou então, com um bastão de madeira no meio da testa.

Sempre.

Não só porque é o dia da semana em que pode acordar um pouco mais tarde. Nem mesmo porque é quando sai da escola após o almoço — que ele não perde por absolutamente nada — e tem a tarde toda vaga para aproveitar alguns jogos antigos com Jay e Sunoo em sua casa até oito horas da noite, simbolicamente, como se não tivessem mais nada para fazer.

Ou, até mesmo, correr pelas calçadas do bairro como três crianças e roubar algumas frutas no terreno do vizinho que ameaça bater neles com um cabo de vassoura, e perto de uma pista de skate abandonada, reclamarem de como ainda não estão maduras ou de como não estão nem um pouco doces.

Ele apenas gosta.

Chega a comparar quartas-feiras com a cor laranja, uma tangerina, seis da tarde com um pôr-do-sol bonito e muita paz. Quarta-feira é um dia animado, ao mesmo tempo que sossegado, e não que os outros não sejam, mas é quando acontece as melhores coisas do mundo todo e se tornam histórias para contar na roda de amigos.

E também, fica no meio da semana.

Perto do sábado, ainda longe da próxima segunda.

Piririm-piririm-piririm, ninguém está ligando para o Park, é seu despertador que toca na cômoda ao lado de sua cama sem parar porque são oito horas da manhã. Suas aulas começam às nove.

Resmungando, ele estica o braço e tateia o móvel, agarrando o aparelho e apertando na tela com o polegar inúmeras vezes e cada segundo mais forte, ainda de olhos fechados. Sunghoon tenta fazer o som cessar, no entanto, ele sabe que quanto mais demorar a desligar e, eventualmente, abrir os olhos, mais perturbado ficará com isso. Sendo assim, ele se dá por vencido — e não que tenha muitas escolhas, em todas há uma derrota — abrindo os lumes e desligando o despertador.

Sunghoon suspira longamente, observando o teto branco ainda com as orbes embaçadas por alguns minutos antes de esticar os braços para cima e abrir as pernas, como se fosse uma estrela do mar e berrar o mais forte que consegue.

É a sua forma de dizer para o mundo que está acordado.

Logo em seguida, no andar debaixo, ele escuta o som da televisão aumentar gradativamente e sua mãe xingando sobre como as mulheres dos vídeos de pilates que ela acompanha não são nem um pouco esportivas e durinhas, pode até imaginar a mais velha negando com a cabeça e se empinando, como se pudesse mostrar suas curvas e físico bonito — palavras dela sempre que se gaba.

Aulas de Francês | HeeJakeHoonWhere stories live. Discover now