Cap.28 - Eu só quero você

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"Só você
Só você que conhece meu jeito de sentir
Meu jeito de sorrir e até meu jeito de chorar
Só você me conhece, amor
Só você sabe bem quem sou..." 

(Meu jeito de sentir - Bruno e Marrone)


Diego veio no avião em situação deplorável, a ressaca da noite anterior tinha cobrado seu preço, não foi nenhuma novidade ter corrido pelo aeroporto e quase ter perdido o avião.

Ele tinha gravação naquele sábado, cenas à tarde e algumas externas noturnas na locação do Naitandei.

Era um problema porque tinha dormido míseras duas horas, estava com olheiras imensas e o rosto um pouco inchado.

Analisava durante o voo que precisaria ter uma conversa com Amaury sobre os eventos da madrugada, porque se toda vez que ele se afastassem e esse tipo de coisa acontecesse, o estresse fosse daquela proporção, ele preferia parar de uma vez com tudo.

Por mais que doesse, talvez a melhor decisão, fosse afastar-se dele no campo pessoal e manter as coisas apenas no nível profissional.

Pelo menos, por enquanto.

Se fosse uma relação tranquila, conciliar seria fácil, mas não era, havia muita expectativa, possessividade e ciúme.

Não queria mais aquilo em sua vida, já tinha vivido esse filme algumas vezes e não gostava do final.

Foi direto do aeroporto para o Projac, correu pra maquiagem e caracterização e gravou uma cena de estúdio com o núcleo do bar.

Não viu Amaury porque ele estava numa externa de fazenda com Tony Ramos, numa localização que seria próxima do fim do mundo do Rio de Janeiro.

Como não tinha ninguém no camarim e ele só gravaria a noite, ele almoçou e depois deitou no sofá cinza do camarim para descansar, colocou o celular para despertar as cinco da tarde e adormeceu com figurino e tudo.

Amaury chegou na Globo por volta das quatro da tarde, foi direto para o refeitório, tomar seu sagrado café com leite, acompanhado de uma boa coxinha.

Depois se encaminhou para o camarim, se deparou com Diego deitado no sofá, dormia a sono alto, estava virado de lado, com a mão direita embaixo do queixo, os lábios levemente abertos e fazia aquele barulhinho que parecia um ronronar de gato, por causa do desvio de septo e de sua rinite, era a coisa mais preciosa do mundo.

Queria deitar junto com ele, abraçá-lo e esquecer do mundo.

Ajeitou devagar a mão que estava torta, senão ele acordaria com dor no pulso.

Sentou no sofá em frente e não conseguiu evitar ficar olhando-o como um bobo.

Tinha lido em algum livro que você sabia que amava verdadeiramente uma pessoa quando sentisse a paz tomar conta de si quando observava o ser amado ressonando.

Era o que sentia, amava aquele homem de uma maneira absurda.

O celular de Diego despertou, mas ele não.

Amaury sorriu, foi pra perto dele e desligou o despertador do iphone, agachou do lado dele, passando a mão pelo rosto dele, fazendo carinho.

— Acorda, lindeza! Acorda!

Diego abriu um olho, ao constatar que era a mão dele em seu rosto, fechou de novo o olho, sentindo os dedos grandes grossos deslizando por sua mandíbula, tinha sentido tanta saudade dele naqueles dias que tinha passado fora.

Segurou a mão dele em seu rosto e abriu os olhos.

Amaury perdeu o fôlego ao olhar dentro daqueles olhos dourados ainda turvos de sono.

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