Hospital

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Leia

Eu não consigo falar nada, alguns fonemas sem final saem, mas não formam tudo o que eu quero dizer.
Nem palavras descrevem o quê eu estou sentindo.

Uma sensação de falta de ar me persegue, não consigo ficar calma. A minha garganta arde e eu vejo tudo escurecer. Meu corpo se tranquiliza involuntariamente e eu começo a suar frio. Não consigo respirar, minha visão escura se torna um apagão na minha mente.

♠️🔪♠️

Sinto alguém tocar na minha pele suavemente.

Abro meus olhos e me deparo com o teto de um hospital tão claro e limpo.

— Ela acordou. — Me deparei com Gabi sussurrando enquanto acordava Sriya que estava adormecida em meus pés.

A Gabi também está internada, porém ela parece ter vindo ao meu quarto só para conferir se eu estava bem. Nunca imaginei que veria ela numa cadeira de rodas tomando soro, muito menos preocupada comigo. Penso isso por causa da Alena, infelizmente.

— Tudo bem? — Sriya perguntou preocupada, só pude reparar em suas olheiras de sono. Há quanto tempo eu estou aqui?

Fatou dá um tapa de leve em Sriya que fica envergonhada pelo o quê perguntou.

Gabi gargalhou.

— Se toca Sriya, como ela vai te responder.

Eu sorri com isso, a Gabi sempre será engraçada aos meus olhos.

Elas realmente se preocupam, é a primeira vez que vejo a Fatou sorrir e rir de algo.

— Vocês estão afim de ouvir alguma música? — Sriya perguntou. Gabi disse sim com a cabeça enquanto brincava com meus dedos da mão. Parece uma vidente lendo meu futuro, que fofa.

Movi a cabeça em sinal de sim, música sempre é bom.

— Coloca Florence The Machine. — A Fatou propôs. — Quem quer Florence The Machine põe o dedo aqui, por que daqui a pouco fecha.

Pus meu dedo distante, mas ela contou com o meu e colocou Florence The Machine.

— Põe Girl With One Eye. — Gabi propõe. — Inspirado na Alena.

Soltei uma risadinha sincera, combina muito com o quê aconteceu.

— A... — Tentei falar, mas falhei. — N... NVee... — Consegui falar algo. — A NVee... Esta... Está b-bem...? — Minha respiração horrível está estranha, já não basta ser ruim, tem que piorar.

— Muito bem. — Fatou bateu palmas

Sriya me olhou desacreditada.

— Ótimo, já está recuperando a sua voz. — Gabi apertou minha mão com força.

Sriya colocou Girl With One Eye e começou a dançar uma dança bizarramente legal. Fatou se levantou e começou a cantar e dançar uma dança estranha e satisfatória. Gabi se levantou e começou a usar o porta soro de par de dança. Ela tá dançando uma dança engraçada, elas são estranhas mesmo, mas eu adoro isso.

Mesmo que pareça tudo melhor, eu ainda não consigo acreditar que me enganei, eu nunca me enganei. Eu sinto que tudo o quê aconteceu foram realmente elas, mas... nunca aprecia mais de uma delas, era só uma e nunca duas ou mais. Foi a Alena, coloque isso na sua cabeça Leia.

Elas terminaram de dançar e cantar, tudo se acalmou e tocou uma música da Ado.

— Será que já encontraram o corpo dela? — Sriya se perguntou.

— Acho que não. — Gabi suspirou e se sentou na cadeira de rodas novamente. — Já vai fazer 19 semanas, nem devem duvidar que ela morreu. Devem achar que só está desaparecida.

— Mas eu não vi nada no jornal sobre desaparecidos, toda vez que eles falam de desaparecimentos nunca comentam o nome dela.

Gabi começou a olhar para o teto pensativa, ela lambeu os lábios e começou a virar sua cadeira.

— Vou pegar um suquinho de caixinha ali na máquina. — Gabi fala enquanto se prepara para sair da sala.

— Traz um de Morango para mim, por favor. — Sriya pede e Gabi responde que vai pegar.

Gabi sai da sala e fecha a porta

— Que dia é hoje? — Perguntei com uma voz rouca enfraquecida.

— Hoje é dia Sete de novembro. Por que quer saber?

Fatou para Sriya de novo, eu sorrio quando vejo a cara envergonhada dela.

Eu não posso falar tanto, talvez minha voz não volte ao normal. Eu consegui ouvir várias coisas enquanto fiquei apagada.

A porta do meu quarto foi aberta com força e foi fechada rapidamente por Gabi que chegou com a respiração acelerada e aparentemente desesperado.

— Encontraram o corpo da Alena e acham que somos as culpadas! — Gabi gritou nos alertando.

Ela logo jogou o suco de Morango para Sriya e puxou sua cadeira de rodas para fugir.

— Droga. — Sriya murmurou, ela guardou o suco e ajudou Gabi.

Fatou veio em minha direção e me pegou em seus braços, ela deu a volta rapidamente e pegou o porta soro.

Um estrondo pode ser ouvido, Sriya quebrou a janela e ajudou Gabi a atravessa-la. Fatou fez o mesmo comigo em seus braços e o soro pendurado em seu cinto.

Os policiais entraram no quarto apontando armas e eu senti meu coração acelerar.

— Respira fundo Leia. — Fatou sussurra para mim.

Meu coração bate diferente quando ela me acalma. Ela é um tanto quanto charmosa.

Descemos até o estacionamento e entramos no carro do primo da Alena, Gabi acelerou e saímos por aí correndo. A respiração pesada de Fatou já demonstrava que ela está desesperada, não temos para onde ir.

Sriya virou para trás para conferir se estávamos bem, Fatou apenas fez um sinal de ok e sorriu para mim como se estivesse tranquilizada.

— E agora? Não temos para onde ir, não temos aonde dormir. — Sriya fala em meio a lágrimas recentes.

— Tem um lugar, mas vai demorar um pouco. — Fatou vociferou. — Na casa do meu tio.

THAT KARMA - BlackSwan FicWhere stories live. Discover now