16.Competição idiota

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As luzes vermelhas piscavam incansavelmente no clube Hell's Kitchen em Los Angeles, uma ironia. A música alta que fazia os copos no bar estremecer, e o chão tremia com as pessoas dançando.

—Veja só, que belezura — Matt diz enquanto aponta para uma mulher de cabelos loiros, quase brancos — O que acha Alex?

—Anh? — Alex pisca algumas vezes olhando para Matt, confuso.

—Aquela loira ali, você nem está se esforçando, veja! — Matt não parava de encarar a garota.

Alex encara a loira com uma expressão entediada, parece que o impossível aconteceu, Alex estava se cansando das americanas, tudo o que ele conseguia pensar era em uma britânica específica. Se virou novamente para Matt e um sorriso escapou de seus lábios.

—Como está Breanna? — Alex perguntou, pressionando os lábios.

—Vai se foder — Matt diz, parando de encarar a loira.

Alex solta uma risada anasalada, bebendo outro gole de sua vodka. Já se passavam das 3 da manhã, a música alta cansava seus ouvidos, e as pessoas que dançavam lhe parecia patético. A vida de rockstar estava dando uma trégua.

Ele se perguntava, onde estaria Arabella agora? E a resposta era simples e objetiva. Em sua cabeça ele pensava, será que abandonaria esses bares, as bebidas e as mulheres para passar uma noite em casa com a mulher que ele...esteve pensando?

...

Em seu quarto, as 3 da manhã, Arabella se debruçou na escrivaninha, seus óculos incomodavam o nariz, a cartela de remédio para dor de cabeça estava ao lado de um copo vazio de whiskey, sua mente não lhe deixava descansar e isso a desgastava.

—Vamos Arabella, pense! — A morena mordia a tampa na caneta.

Os papéis espalhados pela mesa indicavam outra noite sem dormir, e alguns papéis amassados jogados no chão diziam o quanto ela estava tendo problemas.

O nariz estava vermelho e ardia, as lentes estavam embaçadas e seus olhos se apertaram, o cansaço a fazia querer chorar, mas ela lutava para não parecer patética. Sem sucesso as lágrimas escorreram.

—Que droga...

Sua cabeça deitou na mesa, as lágrimas molhavam o papel e a tinta da caneta manchava a mesa, sem conseguir parar de chorar, adormeceu.

Como um bebê, sentiu pela primeira vez seu corpo ficar leve como uma pena, como se dormisse no colo de sua mãe. Com a luz calma da lua invadindo o quarto que estava iluminado por um abajur.

As 5 da manhã, um vento forte invadiu o quarto, as cortinas balançaram em uma dança e poucos segundos depois a chuva entrou, vagamente Arabella acordou, seu quarto parcialmente molhado, seu sono sumiu.

—Ah não! Não... não... não — Arabella se levantou e correu até a janela, o vento bateu em seu rosto e o molhou.

Depois de alguns minutos o quarto estava seco, Arabella se sentou no chão e respirou fundo.

—Que azar — Ela bate levemente o punho contra a cabeça — Burra, burra, burra.

E adormeceu pela segunda vez, no chão gelado de seu quarto. Sem um pensamento se quer na cabeça. Apenas a dor insaciável do cansaço.

Horas depois, um estrondo alto acordou Arabella, alguém batia na porta da frente violentamente. Arabella acordou rapidamente, seu pescoço doía pela posição na qual dormiu. Ela se levanta lentamente,  antes de correr até a sala, se enrolando em um roupão.

No relógio, marcava 11:30 da manhã. Arabella sentiu uma pontada forte na cabeça. Dormi demais, pensou ela. Sem hesitar agarrou a maçaneta e a abriu.

—Porra, pensei que tivesse morrido — Alex entrou sem pedir e jogou sua jaqueta no sofá.

Arabella piscou algumas vezes até o seguir pela cozinha, que estava atacando sua geladeira. Arabella estava tão confusa quanto a situação realmente era.

—O que você tá fazendo aqui? — Ela pega a garrafa de leite da mão dele e coloca de volta na geladeira, a fechando.

—Roubando sua comida — Ele enfia uma torrada na boca e sorri pra ela, apertando sua bochecha.

Alex parecia péssimo, os olhos vermelhos de quem não dormiu na última noite, cheiro de álcool barato e clube de Los Angeles. Arabella fez uma careta dando um tapa nas mãos bobas que pegavam um pacote de bolacha.

—Você tá péssimo? Passou a noite em um clube? — Arabella pergunta bocejando.

—Passei a noite melhor que você — Ele se aproxima dela, observando os olhos tão vermelhos quanto os dele.

Arabella morde a língua, dando meia volta e caindo no sofá.

—Ainda não me disse o que veio fazer aqui — Arabella fecha os olhos levemente.

Alex para de andar por um instante colocando os pensamentos no lugar, do sofá ele observa Arabella deitada no sofá, um sorriso escapa de seus lábios.

—Faz alguns dias que não te vejo, precisava saber se você estava bem — Disse Alex, se sentando na mesa com um copo de suco.

Arabella se senta na frente dele e bebe um gole de água, ela balança a cabeça negativamente e sorri pra ele.

—60 dólares — Ela diz, Alex a olha confuso.

—O que?

—A multa era 60 dólares seu idiota, ainda tive que pagar com juros.

Alex fecha os olhos e coça a cabeça. Que burrice! Pensa Alex.

—Sabe... — Ele começa — Desde crianças eu tentava te impressionar, mas tentar impressionar a garota mais inteligente do mundo não é fácil.

Arabella desceu o olhar para suas meias, ela respirou fundo e beliscou o lábio inferior.

—Eu nunca fui a mais inteligente do colégio.

—Ah você foi, era divertido competir com você, eu nem sei o que esperava no final.

Alex fica quieto por um segundo, como se estivesse sem palavras, o que era bem difícil para ele. Sua cabeça é teletransportada para os dias de brilhantina na qual passava suas tardes estudando ao invés de brincar com seus amigos apenas para passar Arabella Campbell, ou talvez ganhar sua atenção.

—O que você esperava no final? — Arabella ri, mas foi interrompida.

—Acho que tudo que eu esperava no final era você — Alex diz baixinho, olhando para a mesa, repetindo — Você.

Little Illusion Machine | Alex Turner Where stories live. Discover now