Algumas pessoas já aproveitaram das promoções de inauguração, para começar a tatuar. Cinco dos oito tatuadores, estão ocupados.

—Já escolheu qual irá escolher?—Pergunto para a mulher mais gata do planeta, que deita no banco.

—Vou confiar no seu bom gosto.—Sorri.

—Seus pais não irão me bater, ao saber que você fez uma tatuagem, não é?—Pergunto, enquanto coloco os equipamentos de segurança e pego tudo que eu vou usar, colocando na bandeja.

—Minha mãe faz questão de receber uma também. Ela está ainda escolhendo um desenho que possa ter algum significado forte.

Monto a máquina, pegando as agulhas que vou usar. Depois de colocar os cabos, os grips,  e a fita elástica coesiva, eu olho para Bianca.

—Onde você quer?

—Aqui.—Aponta para uma parte do braço, que está apoiado na maca hidráulica.—Faça algo pequeno.

—Pequeno e delicado, como você. —Pisco para ela, colocando as luvas.—Tudo está esterilizado, para a sua e a minha segurança. Eu vou higienizar a sua pele, aplicar o desenho que sairá da termocopiadora, e depois vou começar a fazer os traços, que darão forma ao desenho. Serão traços finos. Vai ficar bonito em você.

Pegando um dos barbeadores, raspo pequenos pelos que havia no braço dele, antes de passar o sabão, e limpar a pele. Tiro qualquer resquício de sujeira.  Aplico o papel, e logo o retiro, vendo o desenho grudar na sua pele. Será como um molde. Eu vou seguir agora, com as agulhas e a tinta.

—Você gostou?—Pergunto, enquanto ainda dá tempo. Depois que eu começar, não haverá como voltar atrás.

—Ficou linda. Você que fez?

—Sim.—Eu não gosto de pegar desenhos já feitos por outra pessoa. Por isso criei um catálogo imenso, com traços únicos e exclusivos. A menos que o cliente já traga algo pronto, eu faço sem problemas.—Depois que eu começar a fazer, você não terá mais como voltar atrás.

—Eu sei. Pode começar.

Ao nosso redor, há uma pequena plateia, que olham tudo atentos.

Ligo a máquina, ouvindo o barulho tão familiar. Após injetar a tinta, arrasto a cadeira para uma posição boa, e começo o meu trabalho.

—Relaxa.—Digo para ela, antes de tocar sua pele.—Será rápida, você mal terá tempo para sentir dores.

Concentrado no que eu faço, sigo os traços da borboleta delicada que escolhi para ela. É feita em um dois únicos traços. É pequena e bonita, como ela. Nos primeiros segundos, ouço ela resmungar, a cada vez que a agulha perfura sua pele, injetando a tinta. Vou limpando, retirando os resquícios da tinta, gostando do resultado parcial.

Depois de uns 15 segundos, finalizo tudo, para o alívio dela.

—Acabamos por aqui.—Termino de colocar a fita protetora. Ela respira de alívio.—Doeu?

—Menos que perder a virgindade.—Solta, mas logo fica vermelha. Eu dou uma risada sincera, retirando as minhas luvas e máscara, para jogar no lixo. Descarto tudo, e guardo o resto para ser esterilizado na máquina.

—Você gostou?—Lhe estendo um dos espelhos.

Ela se senta, e olha por todos os ângulos.

—Aprovado.

—Que bom.

—Agora você precisa terminar de curtir sua festa.

Algumas pessoas reclamam, pois queriam tatuar comigo hoje.

O irmão das minhas amigas.(Concluída)Donde viven las historias. Descúbrelo ahora