Capítulo 28 - Consequências

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Eu me aproximei e falei:

Eu: oq está acontecendo?

Larry está tremendo e chorando desesperado, ajoelhado e encolhido no chão como se a pior coisa da vida dele estivesse acontecido e isso automaticamente me fez abraçar ele e Sal estava paralisado repetindo as mesmas palavras como se estivesse em transe e toda essa cena me fez ficar com medo de perguntar uma segunda vez, mas algo tinha que ser feito, eu soltei Larry e ia tentar ver com meus próprios olhos oq os traumatizou tanto, eu sei que Sal matou alguém só pelo sangue e pela faca, mas quem aqui nesse prédio merecia a morte? Quem ele matou? Quando fui andar pelo prédio, Larry segurou meu braço e mesmo ainda tremendo e chorando, ele não me deixou ir.

Geralmente toda essa coisa de ele me proteger é bem fofa e eu não me importo, mas hoje especificamente eu me importei muito: Todd está machucado e ensanguentado, o Sal está com uma faca na mão também ensanguentado e Larry está chorando descontroladamente. Eu não consegui entender o que tinha acontecido, não sabia se Todd tinha sido machucado pelo Sal ou se realmente tinha sido machucado pelo culto como ele contou, não sei quem Sal matou, não sei se Sal matou alguém e não sei se ele matou alguém importante para o Larry estar nesse estado... pode ter sido qualquer pessoa pode ter sido Lisa... mas ele não mataria ela, mataria? Eu ia me soltar de Larry e ver o que está acontecendo,  porém eu ouvi sirenes de polícia e no momento em que eu ouvi a sirene eu não tive outro impulso, só peguei na mão de Larry e na mão do Sal e saí correndo dali os puxando e fazendo eles correrem também e enquanto eu corria pra longe eu só consegui ver que que além da polícia, Ashley também estava chegando e vi Todd correndo também só que pelo sentido completamente oposto do nosso chamando atenção de Ashley e dos policiais que correram atrás dele e não viram a gente.

1 hora depois

Os meninos ainda não estão bem, Larry parou de chorar, mas não fala com o Sal e também não diz o que aconteceu, toda vez que ele tenta dizer, ele começa a chorar novamente e Sal ainda está em choque, ele não falou uma palavra desde que a gente saiu correndo e eu acho que ele nem tem coragem. Eu pedi para o Sal tomar um banho, enterrei a faca no quintal, coloquei um filme na metade e me sentei no sofá, eu sabia que a polícia ia procurar os moradores antigos do prédio como suspeitos e eu sei que eles virão atrás do Sal, eu não sei quem Sal matou, mas eu sei que eles virão atrás dele, então eu aproveitei que o jantar já estava lá na mesa e aproveitei que o Sal estava tomando banho, coloquei o filme na metade como se a gente tivesse começado a assistir muito antes de algo ter acontecido naquele prédio e esperei... esperei alguém entrar em contato conosco. De repente o telefone toca:

Xx: sr. Johnson? Larry Johnson?

Eu: não, Larry está no banheiro (ele estava na sala ainda desolado sentado no sofá, mas de jeito nenhum que eu ia deixar ele falar no telefone nesse estado), posso ajudar?

Xx: aqui é o oficial Smith, o que a senhora é do Larry?

Eu: namorada, moramos juntos

Xx: e estavam aí a noite toda? Saíram hoje?

Eu: não, eu, ele e nosso amigo Sal estamos jantando e vendo filme, pq? (Minha nossa, é agora, respirei fundo antes de ouvir a resposta)

Xx: o amigo de vcs é Sal Fisher?

Eu: sim porque?

Xx: antes de qualquer coisa, preciso avisar que o que devo contar não é fácil e vai ser doloroso tanto pra Larry, seu namorado, quanto para Sal

Eu: oq aconteceu? (Falo verdadeiramente preocupada)

Xx: houve um homicídio no apartamento Addison (ele pausou por 3 segundos e continuou) um homicídio em massa

Eu: o – oq isso quer dizer?

Xx: todas as pessoas do prédio estão mortas

Eu paralisei, eu não sabia oq responder, não sabia oq falar, meus olhos estão arregalados e meu coração disparado, o oficial continuou:

Xx: a senhora esta aí?

Eu:... t – todas?

Xx: sim

Eu: eu... mas... isso não pode estar certo (eu falo sentindo minha voz falhar)

Xx: eu sinto muito

Eu: mas... mas e Lisa? Henry? O - os garotos... Robert, Chug... e a Refri? (Falo com a voz embargada)

Xx: esse foi o motivo da minha ligação senhora, eu queria dar a notícia ao Larry sobre a mãe dele.

Eu ainda estou em completamente choque, sinto meu corpo tremer e lágrimas escorrerem do meu rosto, o policial provavelmente entendeu como eu estava e disse:

Xx: mais uma vez, sinto muito, em toda a carreira eu nunca vi nada nem sequer parecido, mas vamos punir o responsável, eu prometo a senhora, vamos encontrar ele

O responsável... assim que ele diz essa palavra, Sal desce as escadas e quando me vê chorando ao telefone, ele para no penúltimo andar me olhando. O oficial provavelmente pensou que eu não estava em condições de responder por que disse:

Xx: vou deixar a senhora dar a notícia ao sr. Johnson e ao sr. Fisher... sinto muito, manterei vcs atualizados.

Ele desligou e eu nn conseguia parar de olhar pra Sal, tudo parecia uma piada de mal gosto, um pesadelo e minhas emoções conflitavam entre a raiva, o medo, o susto, a tristeza e acima de tudo, a confusão, pq Sal achou que não tinha escolha? O mesmo que agora parecia estar ainda muito abalado, porem já conseguia falar novamente, disse:

Sal: não me odeiem. Eu vou explicar.

Larry: eu não quero te ouvir!

Eu: mas a gente precisa (falei olhando pro Larry) mas explica tudo Sal, desde o começo, as visões, os desmaios, seu contato com o mundo espiritual, tudo. Porque se eu não entender eu vou te entregar pra polícia ou pra uma clínica psiquiátrica!

Sal suspirou e depois de olhar pra mim e pra Larry, ele andou ate o sofá e se sentando falou: ok.

7 meses depois

A investigação continua. Quando o sr. Smith viu minha reação ao me contar a noticia (já que minha surpresa foi verdadeira pq eu nn sabia oq tinha acontecido), ele automaticamente me tirou da lista de suspeitos, tirando também Larry e Sal. Não foi muito difícil para Sal explicar para a gente tudo que tinha acontecido e porque ele achou que tinha que ter feito aquilo, já que em 80% de suas investigações eu e Larry também estávamos presentes,  mas mesmo acreditando nele, Larry demorou uns três meses para conseguir sequer olhar na cara do Sal de novo e depois mais três para poder voltar a falar com o Sal novamente. Larry sabe que o Sal não teve culpa e nem escolha e Larry sabe que o Sal tá sofrendo tanto quanto ele, mas Lisa era a única família que ele tinha, ele ainda acha que foi abandonado pelo pai então só havia restado Lisa e eu não consigo nem imaginar a dor que é para ele ter perdido ela, pois se para mim já doeu a ponto de eu não consigo comer lasanha mais da mesma forma sem ficar triste, não consigo imaginar como foi para Larry, mas também não consigo imaginar como foi para o Sal ter matado o próprio pai.

E além de tudo é claro que estamos sofrendo pelos outros também: Robert, o Senhor e a senhora Morrison, os meninos da faculdade e até aquele doido do David me fazem falta, e eu mal consigo falar sobre o Chug e a Refri, ela era apenas uma criança e ele era um dos nossos melhores amigos... e a perca fez a Maple enlouquecer, literalmente, quero dizer, não só a perca, mas como ela também morava no apartamento, a alma dela também está sendo corrompida e Sal só não a matou porque ela não estava em casa na hora. Ela foi perdendo a sanidade mental aos poucos e junto com a sanidade mental ela também perdeu a habilidade social e isso fez a gente tomar medidas drásticas para manter ela segura e para deixar a gente seguro dela também. Prendemos ela numa espécie de cativeiro feito na casa do Sal, Neil e Todd. E enquanto ela está lá Sal e Neil cuidam dela, a alimentando (ou pelo menos tentando já que ela se recusa)  e cuidando para que ela não escape. Não levamos ela para uma clínica psiquiátrica, porque como ela perdeu as habilidades sociais e começou a machucar todas as pessoas com quem ela convivia ficamos com medo de eles maltratarem ela ou acabarem a matando.

Não consegui ir no funeral, nem eu, nem Larry e muito menos o Sal. Fomos no cemitério, em particular depois e é claro... choramos. Eu chorei por cada um deles e eu posso dizer que eu jamais pensei que ia sentir tanta tristeza por tanto tempo. Sal nos avisou que era tarde demais para eles e que mesmo se eles ficassem vivos a escuridão ia corromper a alma deles de tal forma que alguns iam acabar se matando e os que não se matassem iam agir como mortos vivos ou enlouquecer como aconteceu com a Maple e isso só deu mais força ainda para a gente tentar acabar logo com esse culto, claro que foi difícil, mas a entendemos as motivações de Sal e é claro eu não ia gostar de ver nenhum deles andando como loucos por aí ou se matando porque a escuridão está os corrompendo.

Preferimos não contar nada para Ashley porque eu acredito que ela não entenderia como eu e Larry entendeu já que ela só esteve junto conosco em uma das nossas investigações e se recusava a acreditar sobre os fantasmas, ela até chegou a viajar para longe para poder evitar as nossas histórias, então eu acredito que ela não lidaria muito bem em saber que o Sal matou todos para poder evitar algo pior.

Sobre Todd, depois que ele saiu correndo em direção à floresta, a polícia pegou ele e ele não conseguia dizer algo que realmente fizesse sentido, acredito que o medo estava dominando ele de tal forma que ele não conseguia explicar pra polícia ou para Ashley o que estava acontecendo e foi dado como louco. Nós o visitamos algumas vezes mas ele não consegue distinguir fantasia e realidade e só quer morrer, quando o negam a morte ele se torna extremamente agressivo, até mesmo médicos e profissionais treinados não conseguiram ajudar, pois ele só diz que queria se matar e que o culto ia pegar ele de novo.

Faz cinco semanas que o Toddy escapou da instituição e nós não temos notícia dele, acreditamos que ele está na igreja no andar de baixo lá naquele porão e que o culto sequestrou ele de novo e esse é um pensamento que me assusta, porque quando lembro o estado que ele estava eu mal posso imaginar como ele deve estar agora. Estamos reunidos na casa de Sal, eu, Ash, ele, Neil e Larry para tentar bolar um plano para invadir a igreja e resgatar o Todd:

Eu suspirei: espero que ele esteja bem

Larry: ele tem que estar embaixo daquela maldita igreja, é o único lugar que não conseguimos entrar

Neil: eles estão lá embaixo, eu sei que estão e eles estão com meu Todd

Sal: você recebeu o resto da C-4 do seu amigo do exército?

Neil: Peguei ontem à noite, você achou algum jeito de entrar?

Sal: Acho que sim vamos na terça à noite quando eles estão menos ativos

Eu suspirei e falei: ok

Ashley: lembrem-se do nosso acordo... Se nós formos pegos lá embaixo

Larry: não seremos, nós vamos pegar o Todd e acabar com aquele lugar

Ashley: é serio

Sal: eu também não gosto de falar nesse acordo, mas se realmente nos pegarem... nós o levaremos conosco

Eu respirei fundo, era uma missão tecnicamente impossível e sem volta: pegar Todd e destruir o culto ou morrer tentando.

Meu Final MerecidoWhere stories live. Discover now