13.

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Louis P.O.V.

Meu coração batia forte a cada momento, minha mente sempre fazia questão de lembrar das palavras de Desmond.

"Aqui nessa casa só tem machos, se você não é vá embora!"

Não é como se eu nunca tivesse sofrido bullying por ser gay... Na verdade, lembro que a alguns anos atrás eu dei umas belas porradas na cara de um menino da escola que vivia me chamando de "bichinha". Não é atoa que a partir daquele dia eu tive que começar a estudar em casa (no orfanato), e mesmo assim eu nunca tive problemas para me comunicar com as pessoas.

O que mais me assusta é que, A irmã de Harry é lésbica e, aparentemente, Harry também é gay, ou bi, e o pai dele ainda age como um idiota em relação a isso.

O que os homofóbicos tem na cabeça?

-Louis? -Ouvi a voz de Harry soar pela porta me tirando dos meus pensamentos e me fazendo voltar a realidade. -O que te atormenta Baby? -Ele disse se sentando ao meu lado.

"Baby" adorável.

Mas que porra Louis! Se concentra, ok? Não é como antigamente que você podia simplesmente bater no cara e mudar de vida... Anne irá fazer hoje a adoção oficial e agora eu não posso mais voltar atrás! E mesmo se eu pudesse, Harry é um ótimo irmão e Anne é maravilhosa... tudo bem que o Des é homofóbico e eu sou gay, mas tem tantos filhos que conseguem esconder a sexualidade até a morte de seus pais, por que eu não poderia?!

-N-nada. -Falei assim que me recompus saindo rapidamente do quarto.

Então era isso! Ficar aqui, quieto, sozinho, porém, com uma família que me ama. Sem querer desmoronar tudo entre eles, sem querer fuder com tudo, só fazendo aquilo que eu nasci pra fazer. Ser de fato hetero.

Mas antes eu tinha que tirar minhas duvidas, eu tinha que arranjar um jeito de me aproximar de Harry como um irmão, dai veio a melhor ideia que eu tive nesse pouco tempo que fiquei na casa dele. Sala de música!

-Trancada! -Murmurei pra mim mesmo, talvez um pouco alto de mais, ouvindo o som de minha voz ecoar pelo corredor vazio.

Olhei ao redor para ter certeza de que eu estava realmente sozinho e encontrei olhos que me encaravam atentamente ao final do corredor, a figura veio para a parte iluminada e me assustei dando um passo pra traz ao ver que era Matilda.

-Eu tenho a chave. -Ela disse simplesmente aquilo, sem desculpas ou algo do tipo, sua voz era seca e um pouco falhada me fazendo temer mais aquela situação.

A mulher colocou a chave na porta e abriu-a sem falar mais nada, se retirando logo em seguida. Essa família é muito estranha!

Entrei na sala e finalmente pude ver direito como ela era. Uma caixa de som ao lado duas prateleiras com CDs, postos em uma ordem que com certeza não era alfabética. Do outro lado, uma mesa bem extensa com inúmeras folhas sobre ela, e uma cadeira atrás na qual ele estava sentado quando eu entrei aqui pela primeira vez. E por fim, minha cadeira, digo, ela não é minha é claro, mas foi nela que eu fiquei encarando Harry.

A sala era muito simples para uma pessoa com tanto dinheiro como Harry, paredes brancas e pisos de madeira, tão simples... Deve ser por isso que ele é tão legal, ele não gosta de se exibir ou de fazer as coisas como as pessoas mandam. Ele é tão único que cria a própria maneira de viver.

Sentei-me na cadeira dele, e olhei os papéis em cima da mesa, prestando atenção no fato de que muitos deles tinham frases, ou até mesmo trechos marcados, alguns de rosa, outros de azul e outros de amarelo.

Estou tentando raciocinar o modo como Harry organiza suas coisas, na prateleira, as musicas vão de Ed e Sam smith a Avicii e David Guetta, Obviamente eu não conheço nenhum desses cantores, exceto o Ed, o que faz com que eu entenda menos ainda o por quê daqueles 2 estarem no final da última prateleira. E ali, naquela mesa, cores que não significam nada pra minha pessoa. Me foco nas folhas e procuro alguma frase marcada por cada cor.

(10/03)

"Algumas coisas ficamos sem falar
Melhor continuarmos sem e apenas mantermos o sorriso" (Amarelo)

(25/03)

"Estou sem saber de você
Estou sem amor
Vou levantá-la
Quando você estiver pra baixo
E, dentre todas as coisas que eu fiz
Acho que amo você mais agora"
(Rosa)

(01/04)

"Venha me destruir
Me enterre, me enterre
Eu terminei com você!" (Azul)

O mais estranho que todas essas que eu vi tem um "Z" no final e uma data em cima. Tem umas 3 com um "L" mas são bem poucas comparadas as várias com Z ou sem letras. Agora eu posso realmente afirmar que Harry é estranho, mas a pior parte é que eu não deveria ter entrado aqui.

"Quem abriu essa porta?" Ouvi a voz de Harry soar do lado de fora do cômodo, sem opções me coloquei de baixo da mesa, que, pra minha sorte, não era transparente e era fechada em um dos lados fazendo com que eu não pudesse sair sem ser pelo lado que entrei.

Ouvi alguns passo e meu corpo pareceu tremer com eles, ele parou enfrente a mesa, eu podia ver seus pés quase encostando em meu corpo e me fazendo recuar mais, até que bato meu braço na madeira envolta da mesa e não consigo conter um ruído.

-Louis? -Vejo Harry incrédulo olhando para meu pequeno corpo, que mesmo com tanto espaço, estava espremido em um canto só da mesa. -O que está fazendo aqui?

O órfão (l.s.)Où les histoires vivent. Découvrez maintenant