Trinta e três:

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Ao entrar, sou recepcionada pelos meus pais.

—Que saudades da minha menina.—Papai me abraça apertado, me rodopiando na enorme sala de estar. Eu gargalho, o abraçando apertado. Ele fazia isso todos os dias, quando chegava do trabalho.

—Não vou poder dar um abraço na minha filha?—Mamãe coloca as duas mãos na cintura, fingindo estar brava.

—Claro, meu amor.—Ele me solta, e eu corro para os braços da minha mãe.—Já fui trocado.

—Senti sua falta, mamãe.—Coloco meu rosto na curva do seu pescoço.

—E eu? Estava morrendo de saudades das nossas conversas durante a madrugada.—Ela ri, me soltando.—Você está ainda mais bela. Bronzeada. Estou com inveja.

—Foram ótimas férias. Tudo foi incrível.—Os últimos dias, que houveram as decepções. Mas não anulou tudo de bom que aconteceu.—Eu amei.

—Se te conheço bem, diria que não está dizendo toda a verdade. —Mamãe e sua menia de usar seus estudos psicológicos comigo. Ela sabe me ler como ninguém.—Se quiser falar sobre algo, sabe que sou toda ouvidos.

—Eu sei, mamãe.

—Agora, eu presumo que queira descansar um pouco.—Papai chama a minha atenção.—Seu quarto foi limpo ontem, está com saudades da dona dele.

—Não vejo a hora de dormir na minha caminha.

—Trouxe dois travesseiros novos de penas de ganso para você. Da nossa viagem.—Eu amo essa mulher.—Alguns cobertores e toalhas. Está tudo arrumadinho no seu armário.

—Talvez a gente tenha trazido também um irmãozinho pra você.

—Cláudio.—Minha mãe cora. A quantos anos ela não fica constrangida com alguma coisa? E sempre quando acontece, meu pai que causa isso nela.

—O que? Estou dizendo a verdade.—Ele sorri e dá uma piscadela para ela.

—Ok gente, eu já entendi que a lua de mel de vocês fora de época, foi movimentada.—Esse assunto me causa um enjoo.—Não seria uma má ideia, ter um irmãozinho para brincar.

—Viu? Nossa filha também sente falta de um bebê nessa casa.—Coloca pilha.

—Não comecem, por favor.

—Beijinhos gente, eu preciso dormir em uma cama.—Dormir num banco de carro e presa num cinto, não é a coisa mais confortável do mundo.

—Bom descanso.

Sei que os dois ficarão falando sobre os benefícios e malefícios de ter mais um filho. Meu pai quer mais que tudo, já a minha mãe é relutante. A gravidez dela não foi fácil. Ela tem medo de algo dar errado, e o pior vir acontecer. Não saberia lidar com a perda da minha mãe num parto.

A ideia da adoção também ronda nesta casa a anos. Eles estão na fila, desde que eu tinha uns 15 anos. Até agora não apareceu uma criança que esteja apta. Eles deram preferência na idade entre 5 e 13 anos, que são os que mais os casais se recusam a adotar. Geralmente os bebês de até um ano, são os mais escolhidos. Os outros vão ficando, até completarem a maior idade.

Pensar em um suposto irmão ou irmã, quase me fez esquecer de Jason Hunter. Uma hora ou outra, ele surgiria na minha cabeça.

Fecho os olhos, encostada na porta do meu quarto, e penso em tudo que aconteceu com nós dois naquele lugar. Parecia que tudo estava se encaminhando para um romance, mas de repente tudo deu errado, e agora seguiremos por caminhos diferentes.

Me arrependo um pouco, do que eu disse a ele, antes de vim. Queria pedir desculpa, mas não quero mandar uma mensagem agora, iria parecer uma desesperada.

Em breve, as notícias de que a vida sexual dele voltou a ficar ainda mais ativa, chegará até mim. Não sei como irei reagir. Ficarei pensando, num possível namoro. Se daria certo, se ele iria me fazer feliz e vice versa.

Decidida, pego meu celular que já está quase descarregado, e mando uma mensagem.

"Oi, tudo bem? Vocês pegaram o avião para Las Vegas? Espero que façam boa viagem. Nós chegamos bem. Espero que a gente continue mantendo contato."

Aperto em enviar, e seja o que Deus quiser.

Como eu fui e estou sendo uma panaca.

O irmão das minhas amigas.(Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora