Despedidas - Jennie

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 Aquelas foram nossas ultimas palavras antes do retorno as pressas para forks, claro que o caminho parecia muito mais curto agora que eu estava apavorada com a ideia de chegar. Em pouco tempo estávamos na frente da casa de Lisa, as luzes brilhando em cada janela dos dois andares. Os sons de um jogo de basquete vinham da sala. Esforcei-me para ouvir qualquer coisa que não fosse humana nas proximidades, mas o rastreador ainda não parecia ter chegado. E Jisoo não via nenhum futuro em que aquela pausa se transformasse em um ataque.

Talvez devêssemos ficar. Deixar Lisa retomar sua vida normal enquanto nos tornávamos sentinelas perpétuas. Eu poderia contar com Changbin, Jisoo, Baekhyun, Taeyeon — e tinha quase certeza de que com Rosé também — para se juntarem a mim nessa vigília. O rastreador não conseguiria chegar até ela com tantos olhos — e mentes — alertas. Seria mais seguro unirmos nossas forças do que nos dividirmos em três grupos?

Mas, enquanto eu ponderava essa opção, Jisoo viu que o rastreador esperaria, que se adaptaria.

Que, depois que o tédio se instalasse, ele daria início a uma guerra psicológica. Os amigos de Lisa começariam a desaparecer no meio da noite. Seus professores favoritos. Os colegas de trabalho de Minho. Humanos aleatórios sem nenhuma conexão com ela. Os números aumentariam a tal ponto que as suspeitas acabariam nos forçando a deixar a cidade de qualquer jeito. E eu podia imaginar como Lisa se sentiria com todos aqueles inocentes pagando com a vida para que ela continuasse em segurança.

Então o plano original teria de bastar.

Era difícil processar a estranha sensação física que acompanhava aquela conclusão. Eu sabia que nenhum buraco de verdade se abrira em meu peito, mas a impressão era tão real que chegava a ser irritante. Eu me perguntei se seria alguma reação humana havia muito esquecida, que eu nunca sentira em minha vida imortal, porque talvez nunca tivesse tido uma razão como aquela para entrar em pânico.

Precisávamos ir embora logo. Embora soubesse que o objetivo era dar ao rastreador algo para seguir, eu ainda queria que Lisa já estivesse muito longe dali quando ele chegasse.

— Ele não está aqui — contei para Changbin. Jisoo já sabia. — Vamos.

Jisoo e eu descemos do Jeep em silêncio, nossas mentes calculando distância e tempo. Jisoo via o rastreador aparecer enquanto ainda estivéssemos lá dentro. O som do ranger dos meus dentes parecia mais alto que o normal.

— Não se preocupe, Lisa — dizia Changbin, numa voz que me pareceu otimista até demais, enquanto a soltava do cinto de quatro pontos. — Vamos resolver as coisas por aqui rapidamente.

— Jisoo — sibilei.

Ela correu para a picape, então se abaixou e deslizou sob os estribos. Em uma fração de segundo, agarrou-se contra o chassi, completamente invisível, até mesmo para um vampiro.

— Changbin.

Ele já estava em movimento, escalando a árvore do quintal da frente. Seu peso arqueou o pinheiro, mas logo ele passou para a árvore seguinte e continuaria se movimentando enquanto estivéssemos lá dentro. Era um lugar muito mais óbvio do que o escolhido por Jisoo, mas de onde estava ele poderia ver qualquer um que se aproximasse e, no mínimo, seria um robusto obstáculo.

Lisa esperou que eu abrisse sua porta. Estava paralisada de pavor, e o único movimento perceptível era o das lágrimas que escorriam lentamente pelo seu rosto. Ela pareceu acordar quando a alcancei, deixando que eu a ajudasse a descer do carro. Fiquei surpresa em ver como era difícil tocá-la, sabendo que teria de deixá-la. O calor de sua pele queimava de uma maneira nova e dolorosa.

Ignorando essa dor, passei o braço em volta dela, esperando que meu corpo a protegesse, e a levei em direção à casa na mesma hora.

— Quinze minutos — lembrei a ela.

Crepúsculo | JenlisaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora