c a p í t u l o 12 - d j a v ú

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- Está com medo de mim? - Ele jogou as palavras. O tom de voz ferino foi o motivo que me fez virar a cabeça e encará-lo. Uma carranca desenhava o rosto bonito, deixando o maxilar forte ainda mais evidente.

Na maçã do seu rosto, do lado direito, ainda tinha uma coloração arroxeada dos machucados, mas já estava quase livre deles.

Forcei-me a não examinar muito, porque a última coisa que queria, era descobrir ainda mais detalhes em seu rosto forte.

- O que quer comigo Henry? Seja direito... Não gosto desses joguinhos - Gesticulei ao redor.

- Quero você.

Eu congelei.

C-como?

Meu corpo trepidou de dentro para fora. Foi um tremor que começou no meu peito e foi expandindo, uma sensação estranha.

Precisei de quase um minuto para processar aquelas duas palavras. Duas palavras pequenas, mas que entraram acabando com a calmaria e a paz que eu tinha adquirido aquela manhã.

Não havia como esconder de mim mesma o meu coração batendo assustadoramente forte, e eu garanto que não tinha como esconder de Henry o tom vermelho do meu rosto, nem como eu me arrepiei inteira.

Pelo menos eu poderia esconder dele o pulsar entre as minhas coxas.

Deus, eu não orgulhava daquilo. Me orgulhava muito menos do fato de não poder controlar.

Agarrei na lateral da mesa, usando cada grama de força porque eu precisava de algo em que segurar.

Henry ficou lá, com o corpo virado para o meu, totalmente sério, sem esboçar reação alguma, só esperando...

A pulsação batia descontroladamente no meu ouvido, tum-tum, tum-tum, tum-tum...

Dando uma olhada ao redor, percebi que éramos alvos de muitos olhos curiosos.

Precisava acabar com aquilo.

- Você me quer?! - As palavras tinham um gosto estranho na minha língua - Não tem outra pessoa pra você brincar, não?

- Eu não brinco, little fox.

- Eu não gosto dessa atenção toda. Desde que cheguei, pareço possuir alguma doença contagiosa, mas agora acho que mais pareço uma atração de circo no qual não conseguem manter os olhos longe, por sua culpa.

- Você não vai pedir pra eu ficar longe.

- Ah, na verdade, vou sim. - Arrastei a cadeira para trás e levantei. - Fica longe de mim. Não somos amigos, Henry. E você não me quer.

Caminhei em direção a saída, sentindo as pernas querendo falharem, mas tentando permanecer firme.

Quero você.

Não quer não.

Quer me atormentar.

Eu mal passei pela porta quando meu braço foi segurado, obrigando-me a virar de súbito.

Henry tinha o rosto retorcido, exalava com pausas forçadas e o maxilar estava ainda mais rígido. Eu tentei ter medo, ser racional, mas a única coisa que fiz foi olhar para os seus dedos longos no meu braço.

O quanto aquele toque foi responsável por distribuir cargas elétricas pelo meu corpo, arrepiando-me inteira.

- Não fuja, porra! - ordenou severamente, arqueei a sobrancelha - Não fuja de mim, Everest, porque não ficarei longe.

EFEITO DO CAOSWhere stories live. Discover now