Looping

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E um dia ela acordou, não sabia onde estava, com quem estava e porquê estava ali. Mas ela sabia exatamente como levantar e seguir em frente.

Ela pensou que seria mais fácil sentir medo, então escolheu ser corajosa, ela sabia que era corajosa. Ela se levantou, saiu de toda aquela bagunça e não abriu a boca.

Quando pensou naquela manhã, madrugada ou noite, se deu conta de que nada nunca seria igual novamente. Isso não era necessariamente uma coisa ruim, ela só não queria ter deixado terminar daquela forma.

Ela acordou todos os dias depois daquele e para algumas pessoas pode ser considerado muito, mesmo que seja uma coisa boba, simplesmente acordar.

O medo que engole as pessoas nunca chegou nela e não dá pra fingir que isso não a assustada. Ela quer entender porquê ela é assim.

Ela quer entender porquê ela diz coisas simples e o mundo interpreta como incrível. Ela quer saber porquê ela faz coisas básicas e o mundo a machuca. Ela quer entender porquê ela e o mundo não são um só.

Ela quer saber porquê tudo tem que ser exatamente como ela não quer, ela quer saber porquê o fato dela não se assustar com a involuntária falta de consenso entre ela e o mundo assusta tanto as outras pessoas.

As outras pessoas.

Essa é a parte mais confusa. Compreender outros iguais a ela, não completamente iguais, eles nunca seriam iguais a ela. Ela é única, todos eles são únicos. Unicamente estranhos diante ao mundo.

Se todos nós somos diferentes, como podemos nos compreender tão bem? Não podemos, pelo menos ela não sentia isso.

Compreensão, compreender, ser compreendido.

Ela cansou de tentar entender...

TerceirosOnde histórias criam vida. Descubra agora