capítulo 12

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Capítulo 12

Eram 4:00 da manhã quando John se levanta rapidamente para o banheiro e começa a vomitar sem parar.
Rose escuta os sons e sonolenta se levanta indo atrás de seu pai.
– papai? Está tudo bem?
– sim… só estou enjoado.
John lava a boca na água do balde.
– Vou preparar um chá de erva doce.
– obrigado minha filha.
Com muita dificuldade John volta para o quarto, sua visão estava turva e sua cabeça parecia girar.
Após alguns minutos Rose volta com o chá pronto.
Ela oferece uma xícara de chá ainda quente.
– Beba… está quente, cuidado
– obrigado, minha filha.
Ele sopra e dá um gole no chá.
– acho que vou desmaiar, segure a xícara…
Imediatamente Rose pega a xícara e seu pai desmaia caindo deitado sobre a cama.
– papai!
Ela confere a temperatura dele com as costas da mão e percebe que ele estava muito quente.
– o senhor diz que não devo usar meus poderes, mas é urgente agora…
Rose deixa a xícara de lado e colocando as mãos sobre a cabeça de seu pai ela diz:
– por favor seja curado…
Uma espécie de luz verde emana das palmas de suas mãos e logo após alguns segundos seu pai abre os olhos com dificuldade.
– me sinto… bem!
– Que bom papai.
Ela o abraça fortemente.
– foi o chá?
– com certeza não.
– Rose… você não usou…
– Usei sim, foi uma emergência.
– Mesmo assim! Não deveria, é perigoso.
– só estamos nós dois aqui, preferia morrer?
– tudo bem, obrigado minha filha.
Ela beija sua cabeça e pega a xícara de chá.
– não me agradeça papai, sabe que eu faria o impossível pra te ver bem.
– Eu sei, mas tome cuidado.
– eu terei papai.

Naquele mesmo dia à tarde, era anunciado pelo soldado Charles o casamento do príncipe Sebastian com a princesa Allanah, e entre aquela multidão agitada estava Rose.
– É com muita alegria que eu, Soldado da 2° (segunda) divisão, declaro o casamento do príncipe Sebastian Montfort com a Princesa Allanah Windsor às 15 horas neste castelo, futuros rei e rainha deste reino, um viva aos noivos!
E toda multidão gritava “VIVA!” para os noivos, a raiva de Rose subia cada vez mais, via o príncipe sorrindo e acenando como se nada do que eles tivessem vivido aconteceu algum dia, então um grito se ouviu da multidão.
– Amaldiçoado seja Sebastian! AMALDIÇOADA SEJA TODA FAMÍLIA MONTFORT, TODA SUA LINHAGEM E TUDO AQUILO QUE LHE PERTENCER PELO RESTO DE SUAS VIDAS! AMALDIÇOADO SEJA SEUS FILHOS E OS FILHOS DE SEUS FILHOS, SUAS TERRAS E SEUS BENS, AMALDIÇOADA SEJA SUA VIDA E A VIDA DE TODO MONTFORT QUE PISAR NESTA TERRA PARA SEMPRE! E ESSA MALDIÇÃO SÓ SERÁ QUEBRADA…quando algum Montfort encontrar sua… sua alma gêmea.
– PRENDAM-NA! Esta bruxa lança pragas contra o futuro Rei Sebastian e sua família! Prendam-na!
O rei Damian grita irado.
– levem-na para o calabouço do castelo imediatamente!
Então os soldados do Rei vieram e levaram Rose que se debatia e gritava.
Rei Damian acaba tossindo após ter gritado daquele jeito, então o mesmo é socorrido pelos soldados e levado para o quarto.

– não entendo, Rose era ou não uma bruxa?
– É lógico que não.
– então…
– fadas são seres bondosos menina, porém se uma fada proferir palavras amaldiçoadas contra alho ou alguém, ela perde seus poderes para sempre.
– mas como este mundo foi criado?
– ainda vou chegar lá.

Ao chegar no calabouço e ser presa Rose segurava nas grades de ferro do portão e chorava sem parar, pensava em seu pai, e em como ele ficaria triste após ouvir que sua filha havia sido presa por amaldiçoar a família real.
– papai…me desculpe! Me perdoe papai…
Ela soluçava enquanto perdia suas forças e ia deslizando para o chão.
– me desculpe, senhorita.
– o que disse?
Rose olha para a cela da frente e estava muito escuro, mas aos poucos um senhorzinho corcunda que mal podia andar se aproximava das grades de ferro.
– é tudo culpa minha, eu que vendi a poção para aquela mulher.
Rose seca as lágrimas, e fica interessada no que dizia aquele velhinho.
– do que está falando?
– meu nome é Alfarr, eu tinha um pequeno comércio onde eu vendia umas poções mágicas…
– você é mago?
– Sim eu sou, um dia uma mulher que eu nunca tinha visto na vida foi até meu pequeno estabelecimento para comprar uma poção do amor, expliquei as instruções e ela se foi, mas eu muito curioso segui ela, e descobri que ela era a rainha Odette Windsor…
– A mãe da Princesa Allanah?
– essa mesmo, sei quem é você Rose, você é filha de John Miller o camponês, e sei que você e o Príncipe Sebastian estavam se encontrando.
– como você…?
– vocês se encontravam na ponte, a mesma que ficava perto de minha lojinha escondida.
– ai meu Deus…
– deduzi no mesmo minuto o que aquela rainha planejava, foi ela que enfeitiçou o príncipe e a princesa para que vocês não ficassem juntos, ora essa! E eu ajudei… eu vendi aquela poção… me perdoe, eu estraguei tudo! E ainda aquelazinha mandou me prenderem e fecharam meu estabelecimento… ora bolas!
– Está me dizendo que… que Sebastian foi enfeitiçado? meu Sebastian… eu o amaldiçoei… eu amaldiçoei sua família… não tem como retirar o que eu disse, tudo está perdido.
– nem tudo está perdido Rose…
– não há mais nada a ser feito Alfarr, vou ser morta amanhã, e não tenho provas contra a Rainha.
– caramba, você tem razão, mesmo que eu te tirasse daqui com algum feitiço, de nada adiantaria.
– droga, por que eu fui dizer aquilo?
– o que está feito está feito… – ele se senta – me desculpe, por minha causa você será morta amanhã.
– tudo bem, nunca tive medo da morte.
Rose fica encolhida no chão, pensando em seu pai.

O casamento aconteceu às 15 horas no reino, e logo após se casar, Sebastian estava no quarto de seu pai.
– amanhã quero que assuma o trono Sebastian…
ele tossia no lenço.
– mas papai…
– estou em péssimas condições de continuar neste cargo.
Ele tosse mais uma vez, mas agora é sangue.
– papai!
– filho… assuma amanhã o trono.
– tudo bem… tudo bem papai eu vou assumir.
– agora vá… vá para sua esposa.
– papai… eu sei que já lhe fiz muita raiva nessa vida, mas saiba que eu te amo de todo meu coração, e não suportaria lhe perder.
– já estou velho, estou morrendo e isso é um fato.
– Richard já está vindo.
Ouve-se uma batida na porta.
– entre.
Um homem alto, forte e loiro entra no quarto.
– Richard, cuide do meu pai por favor.
– cuidarei muito bem de vossa majestade, não se preocupe.
– estou indo… te amo papai… fique bem até eu voltar.
– ande logo, mulheres não gostam de esperar.
Sebastian deixa o quarto de seu pai, e numa carruagem parte com sua nova esposa para sua lua de mel.

Enquanto isso,John era abordado pelos soldados do rei.
– Está dizendo que minha filha… minha única filha… foi presa por amaldiçoar a família real? – John cai de joelhos – por favor levem-me mas soltem minha filha, eu imploro! – chorando ele se curva perante os soldados – por favor eu imploro.
– Infelizmente não é possível, o aviso está dado senhor.
– posso vê-la? Ao menos isso, por favor.
– sim, pode fazer uma visita.
– Por favor, me levem para ver minha filha.
– nos acompanhe.
John se levanta e alguns camponeses cochichavam entre si, e junto aos dois soldados John é levado para o calabouço onde sua filha estava, assim que a vê, é impossível conter as lágrimas.
– papai, me desculpe papai – ela chora ao ver seu pai e corre para perto das grades de ferro para abraçá-lo – me desculpe…
– está tudo bem minha querida, está tudo bem, não estou bravo – ele beija sua cabeça – eu te amo tanto minha filha.
– eu também te amo papai.
– minha filha… minha única filha vai ser… ai meu Deus – ele a abraça mais forte e soluça de tanto chorar – minha preciosa filha… Deus!
– papai… – as lágrimas de Rose caiam sem intenção de parar – eu te amo tanto papai, desculpe por fazer besteira e acabar te prejudicando desse jeito – ela apertava ele em seus braços – saiba que você é o melhor pai do mundo, e que não importa onde eu esteja sempre estarei cuidando de você…eu e a mamãe.
– não estou pronto… não estou pronto para te perder Rose, você é tão jovem… céus! Por que…? – dentro de si ele sentia seu coração ser partido em milhões de pedaços enquanto desejava desesperadamente levar sua filha pra casa junto dele, sabendo que era impossível – não estou preparado para isso… nunca estive…
– eu te amo pai, vou te amar eternamente…e prometo ser o pôr do sol mais lindo que você já viu… – ela olha para ele e segura em suas mãos – me perdoe… por fazer isso com você pai… eu não pensei nas consequências, me desculpe por te fazer sofrer enquanto você sempre me deu amor e carinho, não era isso que eu planejava pro senhor.
– seu tempo acabou John Miller.
– não…não, por favor, só mais um pouco, por favor…
– eu te amo papai, eu te amo…
Os soldados seguram John pelo braço um de cada lado o levando para fora do calabouço, enquanto ele gritava o nome de sua filha desesperado e incrédulo.
– Rose! Minha filha… minha filha… por favor prenda-me em seu lugar! Eu imploro…por favor! Estou pedindo.
Sem piedade alguma ele foi arrastado para fora do calabouço pelos soldados.
Todos da cidade estavam muito felizes com o casamento do príncipe e da princesa, dançavam e comemoravam, mas para alguns era o dia mais triste que alguém poderia ter.

– Rose Miller.
– sou eu…
– muito bem, levem-na para a floresta onde a mesma será apagada.

Era o dia em que John estava angustiado mais do que nunca jamais esteve, era o dia da morte de Rose.
Uma jovem menina, cinco soldados prestes a tirar sua vida.
No meio daquela floresta, tão fria, tão sombria, Rose seria enforcada.
– Amarre a corda com força!
– Sim senhor.
Um dos soldados amarra a corda na árvore enquanto Rose planeja fugir para não ser morta daquele jeito.
– já está bem firme senhor.
– Pois bem, quais são suas últimas palavras?
– UM URSO!
Todos os soldados olham para trás mas não havia urso algum ali.
Rose corria sem parar, seu coração acelerava e os soldados a seguiam, então ela rapidamente se esconde em um arbusto e prende a respiração.
– mas que droga!
– acho que ela foi por ali!
– Vamos nos dividir, vocês três vão para o norte.
– certo.
– Alexander e eu vamos para o sul, nos encontramos na árvore da força, não podemos perdê-la.
– Sim senhor!
Assim eles se separam, e após alguns segundos Rose corre em direção a um lago que ficava quase próximo dali, suas pernas quase tombando e seu peito ardendo, sua adrenalina alta, enquanto ela corria as lágrimas iam saindo de seus olhos e com muita dificuldade ela chega até o lago.
– Te amo papai.
Assim, Rose se joga no lago, se afogando lentamente, enquanto tudo ao seu redor se escurecia aos poucos, e cada vez mais ela afundava, e aquele foi o seu trágico fim.

OLHOS VIOLETAS| A marca da Maldição Where stories live. Discover now