Capítulo 06

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Ju...

O caminho até a minha casa foi em um absoluto silêncio, o tal do Estevão não falava nada e eu muito menos, já que estava perdida em meus pensamentos.

Desde que Sheik me pegou no colo, me tirando daquela casa que sinto essa sensação boa de estar perto dele, é como se eu me sentisse protegida ao seu lado, o cheiro dele me acalmava, coisa de louco.

Ter ele me abraçando e sentir ele beijar minha bochecha me fez arrepiar e juro que minha vontade era não ir embora, mas se ele como chefe não me deixou ficar, eu que não ia insistir, teria que enfrentar esse martilho de ter que voltar pra casa e o pior, ter que lhe dar com o meu pai e explicar toda essa merda.

Parece loucura ter conhecido uma pessoa em tão pouco tempo e já se sentir assim, mas talvez seja só gratidão por ele ter me salvado ou até mesmo carência de afeto.

— Puta que pariu!
Ouço o tal Estevão xingar e saio dos meus pensamentos loucos.

— O que foi?
Pergunto de imediato, mas logo me dou conta da merda.

Estevão para o carro bruscamente e mesmo distante da minha casa já podíamos ver mais de 5 carros de polícia parados ali.
Por isso o porteira estava estranho.

— É a sua casa?
Ele pergunta.

— É sim, provavelmente estão atrás de mim.
Digo vendo o carro do meu padrinho parado também na porta.

Meu padrinho era delegado da polícia, melhor amigo e ex chefe do meu pai.

— Vou ter que ligar pro Sheik, não tem como eu te deixar na porta de casa e ficar esperando para saber o que aconteceu.

Ele diz e já começa a fazer a ligação.

— Me deixa aqui que eu vou andando, é perto, não tem problema.
Digo não querendo encomendar o Sheik.

Estevão nem me dá bola, já começa a falar com o chefe dele.

— Chefe, deu ruim... Num vai ter como deixar a mina em frente a casa dela não, tá cheio de verme lá.

Antes que sheik diga alguma coisa eu falo alto para ele ouvir.

— Pode me deixar aqui, eu vou andando, não se preocupa.

— Pera aí chefe!
Estevão diz depois que Shaik diz alguma coisa, provavelmente pedindo para colocar o telefone no viva voz.

— Ju?
Ouvir a voz grossa dele faz meu coração acelerar.

— oi.
Respondo com a voz falha.

— Sem condições de te deixar aí, ele vai te trazer de volta.

Lógico que eu queria voltar, mais não ia, não depois dele ter recusado de primeira minha permanência lá e eu não estava chateado com isso, ele tinha razão, como eu iria me manter? Comer? Com que dinheiro eu ia alugar uma casa?

— Não, Sheik! Eu tô sumida há dois dias, meu pai deve ter chamado a polícia por isso. Estou a uns vinte passos da minha casa, eu posso ficar aqui e ir andando.

— Eles vão te interrogar! Melhor não!

— Não se preocupe, eu não vou falar sobre você.
Tento tranquiliza-lo.

— Tô pouco me fodendo com isso! Eu só acho que você está muito fragilizada para poder ser interrogada!
Seu tom é grosseiro e eu acabo me assustando, já que ele nunca tinha falado nesse tom comigo.

— Eu... Eu... Não vou voltar Sheik, eu vou enfrentar o que tiver que enfrentar, sem contar que como você disse mais cedo, eu não tenho como me manter aí. Obrigado pela preocupação mais uma vez.

Digo já abrindo a porta do carro e não dou nem chance dele falar algo ou de Estevão me impedir.

Assim que fecho a porta do carro, depois de deixar o telefone no banco do carro, alguns policiais que estavam na rua me olham e alguns rostos eram conhecidos, amigos da família, eles vem apressados em minha direção e eu só digo pro Estevão ir, e é o que ele faz.

Sheik - O rei de Vigário Geral (Morro)Where stories live. Discover now