Capítulo 22

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Hongjoong acordou perturbado. Seu sono foi turbulento e repleto de sonhos. Talvez eles fossem a causa da enxaqueca que o incomodava tanto. Ainda eram 3 horas da madrugada.

Determinado a acabar com aquela dor de cabeça, ele se levantou para procurar um remédio. E então, sentiu uma tontura. Tudo girou ao seu redor e seus ouvidos zuniram alto. Hongjoong se apoiou no batente da porta, procurando equilíbrio. E tudo ficou escuro.

O apagão durou pouco tempo. Hongjoong acordou no chão gelado, ainda sentindo tontura e dor de cabeça. Abriu os olhos devagar e não reconheceu o lugar onde estava. Piscou várias vezes, tentando despertar de seu sonho. Que lugar era aquele? Por que as coisas pareciam tão diferentes? Ele se sentia em outro mundo.

A última coisa de que se lembrava era de ter encontrado o lendário tesouro do imperador junto com sua tripulação.

A dor de cabeça desceu para o peito. Sua mente cruel o lembrou das dores que permaneciam adormecidas em seu coração. Hongjoong foi tomado por uma sensação de vazio, de perda, de luto.

Sua mãe.

As lágrimas desceram sem que ele percebesse. Mas ele soube, naquele momento, que a dor era real.

Aos poucos, as memórias recentes se misturaram às memórias antigas. Hongjoong se sentiu enjoado, como um impostor vivendo a vida de outra pessoa. As características do mundo em que estava se tornaram mais familiares e o capitão reconheceu onde estava. Em seu quarto. Em sua cabine pessoal.

Em Atlantis.

Aquela falsa utopia que aparentemente era uma sociedade perfeita. Sua vida ali parecia tranquila e promissora. Seu cérebro encontrou um equilíbrio entre as lembranças, sonhos e ilusões. Hongjoong separou suas lembranças, das lembranças de seu outro eu.

Era esquisito. Estranho demais lembrar de memórias de um estranho. Mesmo que essa pessoa fosse muito parecida com ele.

Então, o capitão se deu conta de que precisava reunir sua tripulação. Se ele estava naquele mundo estranho, não poderia estar sozinho. Mas antes de dizer as coisas sem sentido que se passavam em sua cabeça, Hongjoong precisava se certificar de que eles realmente eram eles. Já estava aliviado por saber que a maioria de seus amigos estavam em Atlantis. Não importa o mundo em que estivessem, eles sempre permaneciam unidos.

Essa constatação o deixou mais tranquilo. E menos sozinho.

Dormir mais não era uma opção, então Hongjoong resolveu ir para o chuveiro. Usaria o restante da madrugada para organizar seus pensamentos e decidir o que faria pela manhã.

Assim que saiu do banheiro, ouviu alguém batendo na porta. Ele amarrou o roupão e espirou pelo olho mágico. Não havia mais ninguém, apenas uma caixa no chão.
Desconfiado, mas curioso, Hongjoong abriu a porta com cuidado e pegou a caixa rapidamente, voltando para a cabine.

Era uma caixa preta. Abriu a tampa e balançou a cabeça, incrédulo.
Uma risadinha escapou de seus lábios.

Um bilhete anônimo se destacava, escrito em um papel claro.

Você está bem perto da verdade.”

Abaixo do papel, estava a roupa preta, um chapéu e uma máscara. Correntes prateadas se misturavam com um longo colar de pérolas.

— Alguém me trouxe para cá, mas certamente há alguém disposto a me ajudar a voltar para casa. — murmurou as palavras para si mesmo.

Apesar de não saber exatamente tudo o que sentia, o capitão estava esperançoso. E tinha que encontrar sua tripulação.

Answer • Ateez [livro 2]Where stories live. Discover now