Como nos outros dias, o sol reina em sua plena majestade, lá fora. Há pouquíssimas nuvens no céu. Um verão, digno do Brasil. Se aqui fosse um lugar com alguma praia a poucos quilômetros, seria magnífico. Mas me conformo com aquela bela cachoeira.

Talvez na próxima viagem, o destino seja uma casa de praia. Mas bem próxima da praia mesmo. Para que se possa ir a pé.

—Eu moraria facilmente neste lugar.—Falo comigo mesma.

Agora, olhando bem para a grama e para os arredores, vemos um lugar totalmente diferente. Está tudo limpo, livre de toda aquela poluição.

Ando um pouco para além da estrada que dá acesso a casa. Entro entre as goiabeiras e laranjeiras. O cheiro de verde é ótimo.

—Um pedacinho de paraíso. Nada comparado a serra mineira que meus avós nasceram.—Sorrio. Era uma aventura quando íamos pra lá. Muito melhor que o caos da cidade.

—Falando sozinha, carrapatinho?

Tomo um susto, com a chegada do estrume.
Ele está sem camisa, para se exibir como sempre.

—Que diabo!—Coloco a mão no peito.—Você também brota do chão? Inferno.

—Calminha, Bianquinha.—Possui um sorriso debochado no rosto.

—Vai para o inferno, estrume.—Tento passar por ele. Sou bloqueada por seu corpo. —Saia da minha frente, pedaço de merda.

—Você é muito estressada. Deve ser a falta de sexo.—Cruza os braços.

—Ah claro. Você está se tornando um empecilho na minha vida.

—Eu? Mas eu não estou fazendo nada com você, Bibi.—Usa o apelido ridículo de anos atrás.—Melhor reformulando a sua frase. Cold não é de nada, por isso, ainda não fodeu com você.

—Vá a merda.

—Nem pegar você de jeito, ele sabe.—Tenta encurtar a nossa distância, mas eu dou um passo para trás.—Se fosse comigo...

—Você difama seu amigo assim, na cara dura. Impressionante. E ele sabe como me pegar de jeito sim, e como sabe...—Mordo o lábio, me lembrando das suas mãos em mim.—E never . Jamais poderia ser você.

—Se você estivesse nua na minha cama, nem um decreto do presidente, me faria sair antes de te foder com vontade. Comeria você contra aquela pedra, de uma forma tão bruta, que você não teria mais domínio sobre as pernas.—Prendo a respiração, me sentindo intimidada por ele.

—Fique aí.

Tento não me deixar amedrontar, por ele mencionar as duas vezes que me viu sem roupa. Esse desgraçado dele ter olhado, e visto tudo. Que grande idiota.

—Mas como você é desinteressante, e sem nenhum atrativo, não existe esta possibilidade. Somente Cold ver em você uma mulher.—Volta com sua pose de dono de mundo, prepotente e indiferente.—Ele sempre foi um pouco maluco, com os gostos. Olhe para você, quase uma criança.

Tá, possa ser que ele tenha ferido meu ego.

—Achou que eu comeria você?—Sorri debochado.—Prefiro voltar a trepar com Ananda.

Já mencionei que tive uma paixonite idiota por este cara, quando eu tinha sei lá, 12 anos? Pois bem. Ele comeu a desgraçada da professora que fazia a minha vida um inferno. Aquela filhote de cruz credo, feia que dói. Ele fez com que eu soubesse da sua aventura com minha algoz. Minha paixonite acabou naquele dia, e veio o ódio e desprezo que sinto até hoje.

São fatos insignificantes, que eu prefiro manter no esquecimento. Nem mesmo minhas melhores amigas sabem disso.

—Ela é mais gostosa que você. Qualquer uma é.

—Quantos anos você tem? 15? Acha que eu vou me abalar com essas palavrinhas chulas sobre meu corpo e o quanto eu sou ou não atraente? Seu achismo não muda em nada na minha vida. Veja só, Jason Hunter, o maior galinha da universidade de Phoenix, não me deseja.—Finjo fazer um anúncio, e faço uma cara de desinteressada na sequência.—E lá vem: eu não ligo. Não dou a mínima para o que você acha ou deixa de achar.

—Olha só, deixou de chorar quando ouve a verdade?

—Sabe, essa mulher aqui, esse corpo aqui...—Aponto para o meu corpo.—...são ambos desejados pelos seus amigos, pelos caras com quem você andava, por dezenas de homens. E eu ligo? Claro que não. Continuo sendo gostosa, linda. Sem nem ligar para essa sua cara de bunda.

É a minha vez de avançar um passo na sua direção.

—E o que te deixa todo irritadinho, é que me deseja, tanto quanto ele.—Sorrio, o vendo trincar o maxilar.—Essa sua implicância besta com o Cold, aparecendo para nos atrapalhar sempre...

—O que eu sinto por você, é pena.—Me interrompe, segurando meu cabelo.—Pena e vergonha desse seu discursinho idiota.

—Você é um covarde.

—Não aguenta ouvir a verdade, Bibi? Nem se fosse a última mulher do planeta, eu te foderia. Não achei meu pau no lixo, para comer qualquer coisa.—Sorri maldoso. Ok, essa pegou.—Eu deixo para o Cold. Usar o quanto ele quiser.

—Me ofendendo, não vai sufocar o que você sente, Jason.—Falo num fio de voz.

—A propósito, você geme feito uma vagabunda. As quais você sempre criticou.—Me solta com brutalidade.—Até mais, Bibi.

—Quero que você morra. Desgraçado.

Ele se vai, andando por entre as árvores.

Que merda acabou de acontecer aqui?

O irmão das minhas amigas.(Concluída)Where stories live. Discover now