Capítulo 1

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“A leitura é, provavelmente, uma outra maneira de estar em um lugar”

José Saramago













































Para todos que procuram um livro para fugir da realidade.

































Capítulo 1

Havia um espelho na minha frente... Mas quando fui tocar o meu reflexo, minha mão atravessou para o outro lado e logo meu corpo todo também, então cai num buraco, um buraco infinito... E de repente tudo começou a escurecer ao meu redor e eu continuava caindo e caindo, eu nunca chegava no chão...  Eu ouvia uma voz distante chamando meu nome.
– Emily? – a voz ecoava por todos os lados, mas eu só caía – Emily?
Acordei gritando e suando frio... Foi um pesadelo.
– Emily, você tá bem?
Eu nem conseguia falar.
– Eu tava…
– Você dormiu na aula de novo, o sinal tocou já tem 3 minutos.
Essa é minha melhor amiga, Mayara.
– Eu sonhei...
– Com o quê?
– O mesmo pesadelo de sempre.
– Ah, aquele do espelho?
– É – suspirei – Não aguento mais.
– A gente tem que descer pra comer, tô morrendo de fome.
– Já tô indo, só vou pegar minha lentes... – Falei enquanto procurava a caixinha de lentes de contato na minha 𝘕𝘦𝘤𝘦𝘴𝘴𝘢𝘪𝘳𝘦 – não acredito, eu perdi as lentes!
– Tem certeza que não estão aí?
– Sim eu tenho, Ai que droga Maya... E agora?!
Devem estar se perguntando "por que você usa lentes de contato?" não que seja uma coisa lá muito diferente, mas é que meus olhos são cor de Violeta, isso porque eu sou uma "Montfort", e todos os Montforts são amaldiçoados, e pelo que eu sei uma bruxa lançou essa maldição na minha família há muito tempo atrás, e desde então algum espírito do azar e da desgraça acompanha os Montforts, essa é a maldição, e a marca da maldição são olhos violetas que todos os Montforts possuem, e eu nunca entendi direito o contexto da história, foi só isso que me contaram, e que seu nome era Rose... Rose Miller, cara como eu odeio essa mulher.
– Deixa eu te ajudar.
Ela começou a revirar minha mochila, o que foi um completo fracasso já que não havia nem um sinal das minhas lentes por ali.
– O jeito é descer assim mesmo...
– tá maluca? Não posso descer assim.
– Mas não podemos ficar aqui uma hora alguém vai aparecer e... – Maya é interrompida pelos sons de saltos altos.
– O que as duas mocinhas estão fazendo aqui, em vez de estarem no pátio?
Senti meu corpo estremecer.
– S-senhora Andrade...
De TODOS OS FUNCIONÁRIOS daquela MALDITA ESCOLA logo a DIRETORA FOI APARECER? Caramba Rose eu realmente te odeio.
– Para o pátio, as duas agora! – ela fuzilava nós duas com o olhar - o que é essa cor bizarra nos seus olhos senhorita Montfort?
– É que eu...
– Bom, não me interessa saber das suas lentes de contato novas, apenas desçam.
– Mas não são len…
Ela me interrompe.
– Desçam imediatamente!
– Sim senhora, já vamos – Maya me puxa para fora da sala.
Eu me servia na cantina da escola enquanto reclamava.
– Aquela velha, ela acha mesmo que estou usando lentes de contato? Quem ela pensa que é? E ainda por cima me interrompendo daquele jeito.
– O real problema não é esse Mily, suas lentes desapareceram, tenho quase certeza de que alguém as pegou enquanto você dormia...
Eu olho para ela e no mesmo instante falamos juntas:
– CYNTHIA!!
Cynthia e suas amigas aparecem logo em seguida com um sorriso de canto.
– Alguém me chamou?
Me sento mas por dentro queria correr pra bem longe dali
– Falando no diabo...
Ela me olha com um deboche extremamente irritante e diz:
– O que quer comigo sua estranha?
– escuta aqui sua ladra de quinta, se foi você que pegou as minhas lentes é melhor você devolver agora!
– Ou então o quê? Vai chorar pra sua mamãe pobre que roubaram suas lentes? Coitada.
– posso até ser pobre, mas pra chegar num nível de furtar eu não chego nem que me paguem, e você dobre sua língua pra falar da minha mãe sua…
Ela me interrompe batendo na mesa.
– Sua o quê? eu não tenho culpa de você ser estranha e azarada.
Elas saem rindo me deixando mais furiosa, bato o punho punho na mesa e me levanto.
– Emily!
Eu ignoro Maya e continuo indo atrás de Cynthia, ah eu ia puxar aquele cabelo lambido e fazer a cara dela cheia de reboco de pano de chão. Estava a apenas alguns passos para alcançá-la quando o inevitável aconteceu.
– escuta aqui… Aaaaah! – eu já estava caída no chão quando Cynthia se aproxima de mim me olha de cima e começa a rir como todos da escola, queria me levantar mas minhas costas estavam doidas, ela joga suco de laranja no meu cabelo, isso só aumenta a risada do povo que já estavam olhando toda aquela cena ridícula, então me levanto rapidamente com dor e corro para o banheiro.
– Emily! – escuto Maya gritando e vindo atrás de mim.
Eu falava irritada enquanto lavava meu cabelo na pia.
– Eu odeio ela, odeio odeio odeio!
– eu compro novas lentes para você depois da escola.
– não precisa Maya, é sério.
– não precisa se preocupar, é pra isso que servem os amigos.
– que frase clichê é essa? – Nós rimos – mas valeu Maya...

OLHOS VIOLETAS| A marca da Maldição Where stories live. Discover now