— Bom Dia, Sra. Zenere, nosso funcionário vai colocar suas malas no seu apartamento, é o 308, o único da cobertura.

Eu nada falei, apenas assenti em um breve aceno e segui para o elevador. Chegando ao meu apartamento, o rapaz ruivo entrou logo atrás de mim empilhando todas as malas perfeitamente bem em meu quarto.

— Mais alguma coisa senhora? — ele perguntou.

— Pode se retirar. — apenas disse.

O apartamento era grande. Uma enorme área com estilo contemporâneo e sofisticado, repleto de moveis de cor branco e marrom, nas paredes cores claras e algumas escuras, com quadros de lindas pinturas, tudo estava a meu gosto. Caminhei até a sala onde descansei sobre o sofá, tirando o sapato alto que estava maltratando meus pés, deixando que, por uma fração de segundos, meu corpo amolecesse sobre o estofado. A viagem tinha sido longa, ou melhor, a vida estava sendo dura demais. Levantei novamente, seguindo para a enorme sacada de meu apartamento.

Dali eu poderia ter uma bela visão dos arranha céu de Buenos Aires e de seu belo litoral, essa era a vantagem de morar em uma cobertura. De cima, podia-se notar a forte movimentação daquele horário, pessoas de um lado para o outro, carros trafegando incansavelmente, buzinas, pessoas falando alto. Ouvi o toque estridente de meu celular, caminhei até a sala pegando o pequeno aparelho em cima de uma mesinha de canto, o número me era desconhecido, mas com toda certeza era alguém de Buenos Aires.

— Alô?

— Gostaria de falar com Valentina Zenere, por favor! — ouvi uma voz mais que familiar do outro lado da linha, eu não podia acreditar.

— Quem deseja? — perguntei com certa dúvida.

— Uma velha amiga, muito gostosa também!

Eu sorri, era impossível não saber quem era.

— Maria?

— Não esquece minha voz não é, Valu!? — eu podia jurar que ela estava sorrindo.

— Como esquecer, não é mesmo? — eu falei com um sorriso no rosto.

Maria Pedraza era ninguém menos que minha melhor amiga de infância. Ao lado dela, eu cometi as maiores loucuras de minha vida. Nós duas éramos como amigas inseparáveis, para tudo estávamos perto uma da outra. Mari sempre foi meu apoio, esteve comigo em momentos difíceis e complicados da minha vida. Algumas pessoas chegaram a dizer que tínhamos algo a mais que uma amizade, já que ela não escondia de ninguém que gostava de mulheres, mas definitivamente Mari e eu nunca trocamos nada além de um beijo após uma noite de farra, mas nossos planos foram traçados em caminhos diferentes, e já havia muitos anos que eu não a via, e confesso ter morrido de saudades.

— Soube que voltou a Buenos Aires hoje... já estou ligando para saber onde você mora! — ela falou rindo — Oh céus Valentina, estou morrendo de saudade! — ouvi sua voz um tanto melancólica.

— Eu também estou, Mari... Como conseguiu meu número?

— Segredo! Tenho minhas fontes — falou em tom convencido.

— Certo, venha me ver. Estou morando em Downtown B.A Palace

— Isso é para esnobar que você é milionária?

Eu não pude evitar ri. Mari era sempre uma piada, sempre um sorriso. Estar perto dela era sinônimo de diversão e boas gargalhadas.

— Óbvio que não, mas você sabe que eu sempre quis morar aqui, e agora eu posso. — falei um tanto convencida.

— Você é uma vagabunda mesmo! Vou terminar algumas coisas aqui e vou até ai, quero você bem sexy — ela falou desligando.

Enquanto Mari não aparecia, tomei um belo banho de hidromassagem. Estava cansada de um dia exaustivo de viagem, afinal ir de Paris até Buenos Aires não era tão divertido para mim, que vivia em pontes aéreas.

The Stripper // ValentiniWhere stories live. Discover now