Medo de amar você

Capítulo 9 - Pesadelo

- eu tô aqui meu amor, foi só o pesadelo - mamãe acaricia meus cabelos.

- ele, ele estava... - falo assustado.

- já passou filho, já passou - me acalma.

- ele está aqui? - pergunto mais calmo.

- não filho, saiu bem cedo para viagem de negócios.

- ainda bem.

monstro. essa é a definição do meu pai. eu nem considero Christian como um pai, a convivência com Christian não é nada fácil. desde criança, toda vez que ele bebia eu via ele batendo na minha mãe e ela não conseguia fazer nada, sempre brigavam, ele era obsecado pela minha mãe e extremamente ciumento. Christian sempre foi muito orgulhoso e só pensa em dinheiro.

não era um pesadelo, era o pesadelo, eu tenho esse pesadelo quase todos os dias, foi aquele monstro que causou tudo isso, foi tudo culpa dele. as vezes eu ficava noites sem dormir só para não ter esse pesadelo que me destruía tanto mentalmente quanto fisicamente.

o luxo, os bens materiais e sua empresa é oque mais importa para ele. ele me obriga para ir pra faculdade cursar econômica para mim administrar sua empresa, eu não quero nada dele, eu não quero se tornar que nem ele, a faculdade em si não tem nada de ruim mas por ele querer que eu vou eu sinto nojo disso então acabo nem prestando atenção nas aulas.

- você está tomando seu remédio filho? - mamãe pergunta sentada em minha cama.

- tomei mãe, mas essa droga não está mais fazendo efeito.

- vamos ter que pedir para o médico aumentar a dosagem - diz.

- só assim para mim ter um sono pesado e acabar não sonhando com aquilo.

Christian me causou traumas, feridas que nunca vão cicatrizar. vivenciar suas brigas e agressões me fez se tornar desde criança, uma pessoa com muito medo, nunca consegui dialogar bem com novas pessoas, e tenho muito medo de perder mamãe que é a pessoa que eu mais amo nesse mundo. no fundo eu ainda sou aquela criança medrosa e chorona.

- vou te esperar para tomarmos café lá em baixo - se levanta e sai.

bufo e me inclino sobre a cama tentando tirar esses pensamentos da cabeça.

me levanto e então vou ao banheiro e tomo um banho gelado para acordar.

saindo do banho visto uma bermuda moletom cinza e uma camiseta branca.

pego meu celular e então vejo na notificação mensagens da Kiara. bufo e reviro os olhos sem um pingo de vontade para responder.

Kiara - oi Ru, bom dia!

Kiara - como você está?

Kiara - você mal está falando comigo ultimamente, está acontecendo alguma coisa?

Raul - oi, estou bem.

Raul - não está acontecendo nada, estou normal.

tenho amizade com Kiara desde a infância, não tive uma infância boa mas Kiara é a única que Christian deixava eu brincar porque sua família faz negócios com ele.

e então todos os jantares de negócios acabávamos indo para o quarto brincar.

acontece que ao passar do tempo acabamos mudando. eu fiquei mais frio e ela parecia gostar ainda mais de mim. eu nunca escondi dela que não sentia o mesmo e que não passava de amizade, mas ela sempre insistia.

> flashback on <

eu estava sentado em minha cama desenhando sem conseguir dormir, aguardando aquelas pessoas sair de casa quando de repente uma menina entrou.