04. Eu quero ser seu

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Ele não sabia se era proposital ou não, mas algo lhe dizia que, sendo Jungkook o referente, a resposta tenderia a ser mais positiva do que negativa.

— E você, Jimin? — Ouviu seu nome ser evocado, arrancando-o dos devaneios indecentes que atravessavam sua cabeça.

— Hm? — Virou o pescoço, vagando o olhar pelos três rostos que o observavam em expectativa, aguardando por algo a mais. Não havia distinguido quem fez a pergunta, tampouco sabia do que se tratava.

— Fala um pouco sobre a Revolução Industrial pra gente — Jungkook disse, arqueando uma das sobrancelhas simétricas. Jimin imitou o gesto, confuso, ao passo que os outros dois riram.

— Ele 'tá te sacaneando — Taehyung esclareceu, o sorriso quadrado nunca esvaindo do rosto estupidamente perfeito. — Eu perguntei quantos anos você tem, para que possamos usar os honoríficos certos. Conversamos tanto sobre nossas vidas e as dos outros que esquecemos do básico — riu.

Finalmente situando-se do assunto, Jimin anuiu antes de responder:

— Tenho trinta.

— Trinta? — Jungkook repetiu, incrédulo com a nova informação. Da primeira vez que fizera a mesma pergunta, não havia recebido uma resposta concreta, mas, até então, acreditava que o homem ainda estava na casa dos vinte anos.

Não que a realidade o incomodasse. Pelo contrário, saber que Jimin tinha alguns anos de experiência a mais que ele o deixou estranhamente interessado.

— Woah... Eu nunca diria que você é o mais velho entre nós — o garoto de cabelos azuis comentou, expressando o mesmo choque que o melhor amigo.

— Ele tem cara de novinho, né? — Hoseok acrescentou, encarando o colega de trabalho. — Eu não daria mais que vinte e cinco anos pra esse rostinho de bebê.

O gerente de setor exalou uma risada descontraída. Não era a primeira vez que lhe diziam algo parecido.

— Para mim isso é um elogio, embora meus vinte e cinco anos tenham sido um tanto conturbados — contou, ciente da atenção dos olhos de ônix sobre si.

— É mesmo? Espero te encontrar outras vezes para saber mais sobre sua época apocalíptica — Taehyung piscou para ele, em sua pose natural de galã de novela.

Não estava flertando; longe disso. Na verdade, aquela era uma manifestação sutil da alma fofoqueira que habitava seu cerne. Adorava ouvir histórias bombásticas que fariam até Deus duvidar da veracidade dos fatos.

— Então Jimin é nosso hyung — a voz de Jungkook retumbou em seus ouvidos, parecendo alta além do necessário. No entanto, sabia que era só seu corpo reagindo à agonia causada pelo garoto tão próximo a si.

Como era possível se sentir tão desconcertado? Não era mais um adolescente; para sua melancólica percepção, estava bem distante do período fatídico que marcou sua transição entre a infância e a vida adulta. A sensação de pernas trêmulas, mãos suadas e a inquietação inexplicável de um extremo ao outro haviam ficado no passado.

Acreditava ter ficado. Mas, naquele momento, precisou repensar a própria crença.

Sentia-se patético. O coração batendo frenético dentro do peito parecia formar um par de dança desengonçado com as batidas da música amplificadas nas saídas de som da boate.

Patético.

E, acima de tudo, estranho. Era estranho sentir algo que não sentia há tanto tempo, tanto que mal se recordava de como era.

Sentir se tornou um conceito abstrato para Jimin. Tinha seus casos esporádicos e escassos, mas que nunca iam para frente, porque ele não tinha tempo nem disposição para um relacionamento duradouro. Assim, a apatia virou uma melhor amiga sem que se desse conta, reduzindo-o a somente mais um ser que inalava oxigênio e exalava gás carbônico vinte e quatro horas por dia.

EXCÊNTRICO • jjk + pjmWhere stories live. Discover now