13- Eu preciso ir

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P.O.V Tom

Bill teve que ser reanimado e aquilo realmente me pegou de uma forma extremamente forte.

Eu não sabia como reagir, mas saber que ele estava vivo já me fez ter paz por instantes porque logo após isso o médico falou não saber o que ele tem e que nenhum exame conseguiu detectar.

-Eu sugiro vocês irem pra outra cidade fazer exames mais específicos.-o médico fala.

Realmente não consegui ouvir mais nada, apenas saí correndo hospital adentro procurando por ele.

Acabei encontrando ele no último quarto do corredor. O vi pela janelinha de vidro da porta e a abri.

Ele está dormindo, em seu braço tem um soro e ele está bem pálido.

-Voce não pode ficar aqui.-ouço uma voz masculina e sinto uma mão puxando meu braço.

-Por favor, ele é meu irmão.-peço quase chorando e olhando para o enfermeiro.

Ele pondera um pouco com a cabeça e acaba assentindo:

-Só um pouco.

Ele sai e fecha a porta do quarto, deixando-me sozinho com meu irmão.

Me sento ao lado de sua cama, segurando sua mão fria e observando seu rosto sereno. As lembranças da nossa infância juntos invadem minha mente.

As brincadeiras, as risadas, as aventuras compartilhadas. Meu coração se aperta ao pensar em como ele está frágil agora, lutando contra uma doença desconhecida. -Eu amo você.-ouço sua voz sussurrar e acordo dos meus pensamentos.

Seus olhos estão semiabertos, ele parece meio grogue.

-O que disse?-me aproximo mais para ver se ouvi de verdade, mas ele simplesmente dorme de novo.

Meu coração está palpitando forte, porém pode ser um amor de irmão como sempre. Isso não iria ser novidade.

Respiro fundo e me ajeito novamente na poltrona.

Observo meu irmão dormir, sentindo uma mistura de alívio e preocupação.

Será que ele realmente disse aquelas palavras? Será que foi apenas um delírio causado pela medicação?

Meu coração está cheio de emoções misturadas e eu realmente não consigo distinguir o que é real.

***×***

Seu rosto está pálido, sua pele ressecada. É como se não tomasse água há dias ou algo parecido.

-Viajamos hoje a noite.-minha mãe toma minha atenção.-Preciso que fique aqui e...

-De jeito nenhum. Eu vou junto.-falo me pondo em pé.

-Querido, eu sei que você está preocupado com seu irmão. Mas você precisa estudar e cuidar das coisas aqui.-ela fala com uma voz calma.

-Eu preciso cuidar dele. Qualquer outra coisa pode ficar para depois, eu não ligo. Eu vou e ponto!-falo firme.

Ela suspira e olha para Gustav que estava ali no quarto como se suplicasse ajuda.

-Desculpa, tia. Eu realmente não sei como ajudar. Ele é cabeça dura demais.-Gustav se esquiva.

-Tudo bem.-mamae volta a me olhar.-Termine sua semana de provas e no fim de semana o seu pai te leva.

-Ta bom. Nenhum dia a mais.-me dou por vencido e me sento novamente.

Olhar para Bill dormindo como se estivesse em coma, me apavorava demais.

***×***

-Eu não acredito nisso, Tom!-o diretor me repreendia pela milésima vez enquanto eu olhava para o Bobby que está com a mão no nariz que sangra.

Ele realmente ficou bem machucado, seu olho esquerdo está com uma bolha de sangue enorme.

-Eu não me arrependo.-falo sem tirar os olhos dele que me olhava bem assustado.

-O que aconteceu?-ouço a voz do meu pai e olho para ele.

-Ele olhou na minha cara e perguntou: cadê o bichinha do seu irmão? Não precisei de mais nada.-respondo para o meu pai que relaxa os ombros e olha para o diretor.

-Podemos conversar a sós?-ele pergunta.

-Claro. Fiquem aqui.-o diretor fala para nós e eu olho para o Bobby com um sorriso de lado.

-Eu não vou ficar sozinho com esse maluco.-ele fala e sai depressa da sala.

Respiro fundo e me sento melhor na poltrona.

Eu não deixaria esse menino falar desse jeito e ainda sair ileso.

A verdade é que eu não estou aguentando essa ansiedade. O Bill foi ontem a noite para uma cidade que eu sequer sei o nome e agora está fazendo exames.

Eu não tive notícia nenhuma dele ainda. Não consegui fazer a prova e nem nada.

Eu não vivo sem ele.

Sem perceber eu já chorava descontroladamente e soluçava. Essa angústia vai me matar.

-Tom, vamos. A gente viaja hoje a noite.-ouço a voz do meu pai e sinto ele me abraçar.-Vai ficar tudo bem, meu garoto. Tudo bem.

Ele tem a voz embargada, mas como um pai original não deixa aparecer sua preocupação e não se deixa chorar fácil...

The color of hellWhere stories live. Discover now