11- O que eu vou fazer?

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P.O.V Narradora

-Como que...Como?!-Bill estava perplexo e à essa altura ele já estava sentado olhando para o irmão que continuava deitado.

A expressão de Tom não lhe revelava nada, na verdade ele parecia extasiado ou aliviado.

Parece ter tirado um peso enorme de sua alma, o que é um fato.

Tom olha nos olhos do outro e dá um leve sorriso de canto antes de dizer:

-É maravilhoso poder finalmente dizer isso.

Bill fica perplexo pelas palavras que saíram da boca do outro, ele estava esperando qualquer coisa menos que isso fosse verdade.

-E...eu não...-Bill é interrompido pelo barulho de Gustav que acabou de pular no rio.

-Eu vou nadar.-Tom fala, se levantando.

-Voce vai simplesmente jogar isso em cima de mim e sair?!-o mais novo está atarentado.

-Sim. Eu preciso respirar e me acalmar pra não pegar você e te beijar aqui mesmo.-Tom vira as costas.

Ele só não conseguiu ver o irmão ficar mais branco do que já é.

Bill simplesmente deixa o corpo o levar para o chão e, ainda muito assustado, ele suspira.

-Que porra que acabou de acontecer aqui?!-fala para si mesmo.

Tom, por outro lado, aparenta andar sobre as nuvens.

Não lhe importa se vai acontecer algo ou não, o que importa é ter tirado isso tudo de dentro de si.

Um peso de anos finalmente não existe mais.

***×***

P.O.V Tom

A volta para casa no finalzinho da tarde foi bem silenciosa.

Papai não estranhou até porque estamos todos cansados.

Bill está totalmente diferente, está focado em algum ponto fixo desde a hora que entrou no carro.

Comecei a me preocupar com isso. Com certeza se eu perguntar se alguma coisa vai mudar, posso levar um soco no nariz.

Quando eu abri a porta do meu quarto, pude ver de relance Bill passando igual uma flecha e se sentando em cima da cama.

Respiro fundo e fecho a porta, a trancando por dentro.

Olho para ele e ele me encarava com o olhar sem expressão.

-Precisamos conversar.-ele joga as palavras em mim.

-Na verdade, não precisamos conversar não. Eu amo você, você não pode corresponder e é isso.-dou de ombros.

-Nao é assim que funciona, Tom. Não existe isso de deixar pra lá. Isso é muito sério.

Reviro os olhos, eu realmente não queria ter essa conversa.

Pego uma cadeira e me sento em sua frente.

-E o que vai dizer?-pergunto.

-Eu valorizo demais a nossa conexão, temos uma coisa muito forte como irmãos. Aprecio sua coragem para me contar isso, embora não saiba como isso aconteceu ou quando começou. Admiro seus sentimentos porque, por mais que não sejam eticamentes corretos, são reais. São reais, né?!-ele questiona.

-Mais do que você possa imaginar...-falo num fio de voz.

A verdade é que eu estou olhando para sua boca esse tempo inteiro e a vontade de calar ele é muito grande.

Ele percebe meu olhar sobre si e me repreende:

-Meus olhos são mais em cima, Tom.-ele fala sério.

-Agora que você sabe, ficou impossível não demonstrar. Desculpa, eu vou tentar.-falo e olho em seus olhos.

-Agradeço.

A verdade é que minha boca não está sendo controlada e nem responde ao que meu cérebro pede. O canto dos meus lábios estão levemente inclinados em um sorriso faceiro.

Eu estou aliviado e imaginando várias e várias coisas que poderia fazer com ele agora mesmo.

-Certo. Então, eu aprecio isso. Não posso corresponder, isso seria a coisa mais horrível que poderia acontecer e...

Não pude conter o impulso e praticamente voei em sua boca em um beijo ardente que ele correspondeu.

Seus lábios são o doce mais gostoso que eu já comi na minha vida.

-Tom?! Tá me ouvindo?-saio do meu transe.

Inferno! Era só a imaginação.

-Na verdade parei de ouvir agorinha.

-Voce tava pensando no que?-ele analisa um pouco meu rosto e faz uma cara de horrorizado.-Eu espero que não seja o que estou pensando...

-Olha, acima de tudo você é meu irmão e iria me machucar muito ter que me afastar de você...

-Eu não quero me afastar de você mas é muito pra processar e eu sinceramente não sei se estou pronto para pensar nisso agora.

-Nao precisa pensar nisso agora você só precisa de...

-Preciso ficar sozinho.-ele se levanta e sai rapidamente.

-Nao era bem isso que eu ia dizer...-falo comigo mesmo.

Olho pela janela do meu quarto e vejo uma chuva se formando mas nuvens que trazem a noite.

Ótimo, uma chuva pra lavar minha alma, espero que lave também a vontade que eu tô de sair daqui e invadir o quarto dele.

O que diabos eu vou fazer agora?

The color of hellWhere stories live. Discover now