c a p í t u l o 6 - b o g e y m a n

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Conforme eu descia as escadas para o subsolo, sentia o ar denso, delatando as pessoas que estavam lá, ansiosas, à espera de mais uma carnificina. Balancei a cabeça para os lados. Eles não eram melhores que eu.

Abri a porta que dava para a sala onde eu me trocava. Kaito estava andando de um lado para o outro, com o celular na mão. Bufei e fechei a porta, passando por ele. Apesar de não lutar, ele era um pouco maior que eu.

Acho que os treinos na Mount tiveram alguns resultados.

Antes de entrar nesse esquema conosco eu pesquisei sua vida. Descobri que ele e a mãe precisaram fugir da Tailândia quando Kai tinha apenas nove anos. Sua mãe havia morrido antes dele entrar na Universidade e desde então era só ele.

O pai era o motivo de terem saído como fugitivos do seu país.

E eu só consegui descobri até ai.

— Porra Henry! Não me fode, caralho! Dois minutos!

Pisquei.

— Não enche.

Ele grunhiu parando ao meu lado e lançando o IPad no banco à minha frente. A tela estava aberta na foto de um homem; meu oponente, supus.

— O nome dele é Damian Cross, mas é conhecido como Vodoo. Peso de noventa e oito quilos e, de quinze lutas, em somente duas, ele foi derrotado. — Listou.

— Aquele Vodoo que nocauteou o oponente um cinco minutos de luta? — Questionei ainda olhando a foto.

Meus olhos ficaram presos na cicatriz enorme e feia que ele tinha no olho. O uma linha tortuosa e grande na vertical, da testa à bochecha.

— H, eu não tive tempo de estudá-lo com precisão. De observar pontos fracos. Você passou quase duas semanas longe e está fora de forma. — passou a mão no cabelo na clara demonstração de impaciência e preocupação. — Merda!

Levantei o olhar e encarei-o.

— Eu fico até ofendido. — passei a língua nos lábios e tirei a blusa —Sinceramente, você não leva fé em mim, Kai?

— Para o inferno com essa merda toda — resmunga.

Gargalhei.

Eu conseguia ouvir os gritos e uivos das pessoas do outro lado da porta.

— Acho melhor você ir acalma-los — Apontei.

Ele fechou os olhos. Tencionou os ombros e eu notei que estava puto pra valer. Denali iria desaparecer a semana inteira por alguma merda de família e ele estava sozinho pra lidar com as minhas merdas.

Baixei a calça. Kai abriu os olhos e os revirou quando notou o que eu tinha feito. Então saiu batendo a porta com força.

Vesti o calção, enrolei os punhos com a atadura e respirei fundo. Peguei o IPad e olhei o cara mais uma vez. Ele era forte, sua pele clara contrastava com os olhos negros e intimidadores. As cicatrizes eram horríveis, mas mostrava claramente que ele já havia passado por muito e não caía por nada.

Meus lábios esticaram. Lambi-os sentindo o gosto ferroso de sangue.

Tinha bastante gente. O Globo de ferro ocupava o centro e as pessoas ficavam em volta, sedentos por sangue e socos.

Os gritos e uivos encheram meus ouvidos quando fui notado.

Bogeyman...

— Bogeyman...

Eles gritavam.

Continuei sério, andando pelo corredor que fizeram quando se afastaram.

Kaito me anunciou.

EFEITO DO CAOSWhere stories live. Discover now