Aquele olhar

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O clima ficou palpável entre Dal e eu.

Seguimos em direção a piscina para encontrarmos nossos amigos. O local está realmente lotado, pessoas bêbadas e dançando por todo lado.

Pretendo aproveitar essa noite, mas ainda sinto uma sensação tão estranha de estar aqui. Então vou apenas seguindo Dal, que caminha entre a multidão de pessoas, que estão curtindo ao máximo essa festa.

Logo avistei nossos amigos, Pedro sorrindo como sempre, deve estar contando alguma coisa idiota para Nora, que não tinha sua atenção nele, mas sim em Dal, não em nós dois, somente em Dal.

Olhei para ele, que também lançava aquele olhar penetrante em direção a Nora, minha respiração pareceu desacelerar, e o tempo ao nosso redor perdeu sua urgência,o burburinho das conversas, tudo se tornou secundário. Automaticamente sou atraída para aquele momento que acontece entre eles.

Dal olha pra Nora, como eu olho pra ele.

As pupilas de Dal estão dilatadas, como se estivesse tentando eternizar cada detalhe do rosto de Nora, como se quisesse decifrar os segredos mais profundos que se encontravam por trás daqueles olhos azuis.É como uma comunicação íntima que transcende as palavras. Como se o próprio ar ao nosso redor estivesse carregado de tensão entre eles.

O brilho nos olhos de Dal denunciava uma faísca de desejo, a expressão de ambos revela um jogo sutil de atração mútua.

Um leve arrepio percorreu minha pele, pude sentir em todo o meu corpo.

—Vocês vão ficar aí parados ? Estamos só esperando vocês dois para começar a diversão! grita Pedro em nossa direção.

Nora, por sua vez, encontra meu olhar.

Isso está parecendo mais uma disputa silenciosa. E essa sensação estranha ainda aperta meu peito.

Um instante de silêncio tenso, mas logo ela lança um sorriso amigável que ilumina todo o seu rosto. Consigo ver claramente que Nora sente a complexidade da situação, mas sua expressão não deixa transparecer desconforto. É claro, a Nora não é assim.

—Perdi alguma coisa interessante? Digo.

Os três soltam risos alegres, mas ainda consigo sentir a tensão.

Dal, ainda com uma expressão serena, sugere.

—Você deveria fazer uma festa dessas todo fim de semana Ares,mas sem aquecer a porra da piscina...calor infernal.

Pedro se aproxima do meu ouvido e fala :

—Parece que vai vomitar, o que aconteceu ?

Não quero falar sobre isso, olho novamente para os dois à minha frente.

—Não parece intenso o jeito que...

Sou interrompida por Ares, que chama nossa atenção e se coloca entre Nora e Dal.

—Eu não posso fazer nada se você é um psicopata que curte água congelada porra. Mas e aí, vamos conversar sobre aquilo?

Ares pergunta a Nora, que apenas sorri cinicamente

—Aquela idiotice? Não perde seu tempo, Lana vem.

Pedro diz passando os braços sobre meu pescoço e me beija.

O beijo é molhado demais por causa da água da piscina. Uma mistura de vodka com menta? Doce, delicado...do jeito Pedro de beijar.

Quando estamos assim, encostando um no outro e sentindo o gosto da boca dele, não consigo sentir a dor rotineira no peito. Pedro me preenche, pena não ser da maneira que eu desejo...não ser quem eu desejo.

EFFOR+LESSWhere stories live. Discover now