c a p í t u l o 4 - v o c ê

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— Acho que esqueceu que morei aqui até os seis anos. — dei risada e ela amuou e desviou o olhar. Oh — E o que significa ''mais a minha cara? " — Denali não respondeu.

O bico se desfez e minha irmã engoliu a seco. Eu sabia o que a primeira frase implicava, mas também sabia que ela só queria que tivéssemos um momento de irmãs, sozinhas, antes de começarmos a estudar.

Eu podia ceder.

— Eu sempre esqueço disso. — Murmurou. Se referia ao motivo de eu e minha mãe termos ido embora.

— Bom, não é como se eu lembrasse de tudo também, fazem o quê? Catorze anos?— Levantei os ombros e acrescentei: — Se eu não gostar, mando um sinal.

Ela abriu um sorriso.

— Tudo bem. — Bateu palmas e pulou da banqueta — Vou fingir que você não está fazendo isso por mim. — Engasguei com uma risada, ela piscou — Vou pegar a pizza lá em baixo, já volto.

Levantou. O momento triste já esquecido, ao que parecia.

Passou por mim e saiu da cozinha, não demorei a ouvir a porta da sala bater. Como ela sabia que o motoboy já tinha chegado?

Ah, quer saber? Pensei. Não importava, eu só queria voltar a dormir. Eu estava morta de viagem.

Deixei a cabeça cair sobre a ilha e suspirei.

Minha mente, inconveniente, me levou até aquele garoto do avião. Seus olhos furiosos, como se fossem uma pintura a óleo, impregnado na minha mente, permanecendo lá. Era hipnotizante.

Pude ouvir sua voz raivosa no meu ouvido:

Não dê esse maldito sorriso a ninguém!

Meus ombros tremeram. Bati os cílios e os olhos desvaneceram-se como fumaça.

Justo no momento um celular berrou ao meu lado, fazendo assim eu sobressaltar e prender a perna no apoio de pé da banqueta, fui de cara ao chão.

— Que merda!

O som do heavy metal era inconfundível, pisquei repetidas vezes. 

Ali havia esquecido o celular.

Levantei, peguei o aparelho e olhei a tela. Um H brilhava e piscava enquanto a pessoa do outro lado esperava ser atendida. Ela ligou mais vezes quando, obviamente, não atendi.

Estava com o celular na mão quando minha irmã entrou de volta.

— O cheiro disso é de outro mundo, puta que pariu.

Virei quando Ali apareceu na porta e parou, me olhando com a testa franzida, acho que eu tinha alguma expressão engraçada no rosto porque ela fez uma careta como se perguntasse: "o que tá rolando?"

—  Tem alguém bem insistente ligando. — Avisei ao estender o celular.

Seus olhos dobraram de tamanho e ela empurrou a caixa da pizza para mim.

Fiz uma careta.

— Eu fodidamente esqueci de algo importante. — Se virou e saiu, já levando o aparelho ao ouvido. — Não precisa me esperar, pode comer! — Gritou subindo a escada.

Fiquei parada alguns segundos sem entender nada.

— O-kay.

Abri a caixa e quase choraminguei com o cheiro. Instantaneamente esquecendo minha irmã e qualquer suposição precipitada que estaria tendo do seu comportamento.

Sabe a intuição? Ela estava apitando naquele instante.

Estava tudo bem?

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EFEITO DO CAOSOnde histórias criam vida. Descubra agora