c a p í t u l o 3 - B i g (pai)

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Denali havia cortado o cabelo, percebi ao me aproximar ainda mais. Suas curvas chamavam atenção de todos que passavam. Tínhamos quase o mesmo peso, mas ser gorda nunca foi um problema pra ela. Pra mim foi um tanto difícil na adolescência e no internato, onde a comparação era inevitável. As crianças eram cruéis demais na maioria das vezes. Não tinha melhorado muito, eu que passei a não tolerar "opiniões" relacionados a minha aparência.

Desde que não afetasse a minha saúde e eu estivesse bem comigo mesma, aprendi com a minha mãe que devia mandar todos para o inferno.

— Você está realmente aqui! — ela gritou quando me viu e soltou o cartaz, lançando seus braços no meu pescoço assim que parei diante dela.

O sorriso não deixou meu rosto. Era bom finalmente estar ali. Relaxei. Seu cheiro era o mesmo de sempre e eu me senti em casa.

— Parece que sim — comentei divertida retribuindo seu abraço apertado.

Suspirei e a apertei ainda mais forte, ela soltou uma risadinha.

— Saudades?

— Sim. — Murmurei.

Nos abraçamos por mais tempo do que normalmente faríamos, mas sabia que era porque Denali estava feliz que finalmente estávamos juntas.E eu também.

Era uma nova fase pra mim e a euforia por ela fazer parte daquilo foi minha companheira.

— Quando suas coisas chegaram, eu surtei. — pegou minha mochila e cruzou nossos braços, me arrastando para fora. — Veio até uma poltrona, uma poltrona velha de couro, Everest! — reclamou indignada.

Eu ri, ela bufou.

— Muita coisa? — me desculpei com um olhar.  — Minha mãe sabe exagerar, você sabe. — Denali deu de ombros.

— Gaia me assusta — Confessou e riu — Mas se preocupa com você e é isso que importa. No entanto, eu me senti insultada com aquela poltrona. Minha casa tem poltrona e eu compraria pra você se quisesse. — reclamou e fez bico. — Não tinha a mínima necessidade de trazer de tão longe.

— Ela acha que ficarei melhor com algo familiar vindo de casa. — minha irmã arqueou sobrancelha, eu emendei: — e também pesquisou no google que um objeto familiar faria eu me adaptar mais rapidamente. Ela não viveria sem o google e confia nele.

— Ninguém compete com o sabe tudo.

Denali segurou a risada. A minha mãe era um tanto cuidadosa e eu me acostumei aquilo, eu não a culpava por ter se tornado daquela maneira. Acontecimentos colaboraram para tal coisa.

Minha irmã pôs a cabeça no meu ombro, murmurando o quanto sentiu minha falta enquanto íamos em direção à saída.

— Cadê o seu carro? — perguntei quando ela pegou o celular pra falar com o motorista do aplicativo.

— Eu bati com ele.

Ah...

ESPERA, O QUÊ?!

Arregalei os olhos e virei o pescoço para encará-la. Denali gesticulou fazendo pouco caso, como se fosse nada o fato dela bater o carro.

Bater. O. Carro!

— Como isso aconteceu?

— Esquece, nem foi nada demais. Olha, em dois minutos ele estará aqui — Balançou o celular em frente ao meu rosto.

Abaixei sua mão, esperando uma explicação. Ela ficou bem? Porque não fiquei sabendo?

— Denali...

EFEITO DO CAOSWhere stories live. Discover now