Capítulo 7

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"Acha que me assusto com facilidade?
Me surpreender não é difícil, mas me assustar...? Jamais!"


Fábio Cornel

Já é sexta e até agora nenhum sinal de Rômulo, Lilith ou Vivian, não tenho certeza se ela falava sério sobre ir até a fazenda a onde ela mora, mas confesso que estou curioso para ver o lugar que criou essa mulher cativante.

É um pouco longe da cidade e quase me perdi por causa de algumas entradas mas encontrei, a porteira enorme na entrada tem uma placa com o nome da fazenda e logo já dá para ver a casa principal, um pouco menor que a minha mas tão bela quanto, marrom com alguns detalhes amarelos principalmente em volta das janelas, a cor até lembra a pele dela, um tom quente, belíssima.

Estaciono perto do que parece ser uma garagem de tratores a onde alguns homens trabalham, assim que desço do carro piso em um monte de bosta de vaca.

_ Merda!- Resmungo, os homens desligam o trator que estavam concertando e me encaram, assim que o barulho cessa consigo ouvir um barulho de som que não parece estar tão longe.

_ Posso ajudar?!- Um rapaz desse do trator e vem na minha direção, ele não é velho, tem a pele queimada do sol, barba longa, escura e malfeita, um chapéu de palha e roupas pretas sujas e rasgadas, magro e alto, não tanto quanto eu mas é alto.

_ Estou procurando a Vivian, ela está?

_ O que quer com ela?- Franze o cenho.

_ Sou um amigo, ela me pediu para vir!

_ Ela não tem amigos homens!- Diz em um tom ríspido.

_ Agora tem!- Ele fica em silêncio por segundos antes de abrir a boca mas é interrompido.

_ A casa dela fica do outro lado do pomar!- Um garoto sai de dentro da garagem._ Não ligue pra ele, é um bruto ciumento!- Ciumento?!

_ Obrigado...

_ Camillo!

_ Obrigado Camillo!- Saio arrastando o pé na grama para limpa-lo.

A casa é bem pequena e fica quase escondida atrás do casarão, rodeada por árvores frutíferas e flores de variadas cores, é muito bonita, conforme me aproximo o som fica ainda mais alto e o cheiro de produtos de limpeza invade meu nariz, vou chegando perto da porta da sala e uma voz feminina estridente tenta ser mais alta que o aparelho grande que toca no máximo, sem sucesso.

Ela desafina, engasga e tosse diversas vezes mas não para, acredito que seja sertanejo, não entendo muito das músicas daqui, ela dá tudo de si para cantar o refrão o mais alto que pode. ♪" e assim eu vou atrás de um novo amor tentando te esquecer; tirar de mim essa loucura que é morrer de amar você; e assim eu dou tapa na saudade que vem pra ficar; tá pra nascer uma mulher capaz de me fazer chorar;"♪.

Chego na porta e a vejo segurando um rodo que usa como microfone, o chão vermelho cheio de água, ela usa um short jeans preto não muito curto, regata rosa amarrada com um nó na barriga junto com uma camisa xadrez preta e rosa, a gola está erguida cobre seu pescoço, cabelo preso em um coque alto desarrumado e descalça.

Nunca pensei que iria achar sexy ver uma mulher fazendo faxina, ou ver alguém feliz fazendo isso, fica linda até desarrumada.

Encosto na porta e a observo, ela tenta rapar a água enquanto canta cada vez mais alto mas não consegue, ou faz uma coisa ou faz outra, ela tosse várias vezes ainda forçando a garganta a levar suas notas mais alto, quando olha para a pronta seus olhos escuros se arregalam tanto que parecem que vão sair pelas órbitas, deixa o rodo cair e leva a mão no peito, vou rápido até ela e seguro suas costas a apoiando contra o meu corpo para que não caia, ela agarra a minha camisa preta quase a rasgando e cambalea para trás escorregando, a coloco sentada sobre o sofá que está perto.

Não Deveria Ser AssimWhere stories live. Discover now