Ciúmes

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A semana se passou depressa. Quando Aurora percebeu já era quarta-feira e a visita de Theodore já acontecia, mas ela já não estava mais tão animada com a ideia de encontrá-lo, principalmente se aparecesse com o sobrinho mal-intencionado dele.

A noite chegou e ela já estava na sala, arrumada e aguardando Hunter sair do escritório com os homens, mas para sua surpresa apenas Theodore saiu acompanhado do noivo e de James.

— Senhor McGraw, é um prazer vê-lo novamente — Aurora sorriu.

— Senhorita Smith, é uma surpresa vê-la na casa de Hunter. Não esperava te encontrar aqui.

— Ah, eu estava apenas organizando algumas coisas, não se preocupe, não vou tomar muito o tempo de vocês, cavalheiros.

— Não se preocupe, querida — Hunter foi até ela e lhe deu um beijo, pegando-a de surpresa. — Você jamais atrapalha. Bebe algo com a gente?

Apesar de Aurora não gostar do toque repentino, entendeu a deixa que o noivo deu, para que ela pudesse conversar com o advogado.

— Claro — Aurora sorriu. — Vou servi-los, o que vão beber?

— Um rum, por favor —Theodore falou com um sorriso educado.

— Estou trabalhando, obrigado. — James respondeu assim que Aurora o olhou, ainda envergonhada pela interação de Hunter.

— Não se preocupe, querida, eu pego as bebidas. Você pode ficar aqui e conversar com Theodore, afinal devem ter muitas coisas em comum. — Hunter se afastou de Aurora e encarou o advogado. — Você sabia que Aurora está estudando direito?

Theodore olhou para Aurora, admirado.

— Nunca imaginei, conte-me mais sobre isso, senhorita Smith.

Aurora sorriu, era sua deixa. A princípio estava nervosa por conversar com o homem, mas com a presença de James ali e posteriormente a de Hunter, foi fácil manter a conversa e até mesmo garantir a assinatura de Theodore em seu trabalho.

Satisfeita, a jovem deixou os homens sozinhos depois de uma hora, entrando em seu quarto feliz por conseguir seu grande trunfo. Ao olhar para a mala em cima do guarda-roupa, pensou tranquilamente na viagem que faria no final de semana.

Ela não estava preocupada com isso e, na verdade, quando o fim de semana chegou, estava bem animada, enquanto Hunter reclamava de sua bagagem.

— Você tem noção que são apenas dois dias, que não passaremos as férias lá, não é? — ele perguntou enquanto arrastava as duas malas pesadas que ela arrumou.

— É claro que tenho, mas não espera que eu, Aurora Smith, apareça na tv e na internet desarrumada, não é? Olhe para seus braços, querido, são fortes e musculosos, aguentam o tranco.

Hunter murmurou praguejando, mas Aurora não escutou. Ela sentou-se no banco de trás do carro, pegou um de seus livros de direito e começou a ler. Hunter não teve alternativa a não ser ficar o caminho inteiro calado, mas quando chegaram ao aeroporto, fez questão de pegar em sua mão e andar como um verdadeiro casal apaixonado.

O voo foi tranquilo, Aurora cochilou durante todo o tempo e somente quando o avião pousou, Hunter a acordou, tocando em se ombro, devagar.

— Chegamos! — ele murmurou, mas Aurora deitou a cabeça em seu peito e o abraçou, manhosa.

— Não vai, aqui está tão gostoso. — Ela ronronou ainda dormindo.

— Está sonhando? — Hunter perguntou, sorrindo. "Espero que seja comigo."

Nesse momento Aurora afastou-se dele de repente, assustada.

— O que você estava falando? Nós já chegamos? Por que não me acordou? O que está a querendo fazer?

Hunter não pôde deixar de cair na risada.

— Foi você quem me agarrou e ainda disse que estava gostoso. Sei que tem uma queda por mim, querida — ele piscou para ela —, mas nunca pensei que admitiria tão cedo.

— Vá te catar!

— Tão amorosa...

Hunter se levantou e estendeu a mão, que Aurora pegou com relutância e depois desceram as escadas do avião particular. Cinco carros os aguardavam no aeroporto.

Aurora viu James conversando com um casal em um dos carros mais afastados e notou como a mulher olhava para ele.

Aurora apertou a mão de Hunter inconsientenente quando viu o homem se afastar de James e a mulher entrar com ele no carro. Hunter notou o ciúme dela e não pôde evitar ficar de mau-humor.

— Vamos logo! — Ele a puxou para dentro do carro.

Aurora não resistiu, mas estava visivelmente chateada. "Sei que não tenho esse direito, afinal estou com Hunter agora. Se bem que estar com ele não é a expressão apropriada..."

Aurora passou todo o trajeto do aeroporto para o hotel perdida em pensamentos, ora se repreendendo por ter ciúmes de James, ora por pensar que ele era um idiota por flertar na cara dela apenas porque podia, só para mostrar que estava bem.

Hunter não estava muito melhor. Seu semblante, que já era naturalmente fechado, agora parecia feroz, mas quando o motorista parou o carro em frente ao hotel, tratou de novamente agir como um cavalheiro, embora apenas desejasse que Aurora fosse para o quarto e ficasse lá.

Olhando para a noiva, o médico sorriu pensando em como ela reagiria ao descobrir como ele agendou os quartos e não se enganou. Embora Aurora estivesse bem controlada, era visível a sua raiva ao descobrir que ficariam na double suíte.

— O que você pensa que está fazendo? — ela perguntou quando estavam sozinhos, na sala que antecedia os dois quartos que Hunter alugou.

— Eu comentei com você sobre o hotel, Aurora, e estaremos em quartos separados, qual é o problema?

— O problema — Aurora bufou —, é que sou uma moça de família. O que vão dizer se descobrem que estou dividindo um quarto de hotel com você?

— Dirão que somos noivos e estamos apaixonados, claro. Nos casaremos em breve, Aurora, é bom que se acostume a me ter por perto. Não vamos dormir separados pelo resto da vida.

As palavras de Hunter a trouxeram de volta para a realidade. Ela era sua noiva e quando se casassem inevitavelmente teriam relações. Isso significava que James também poderia ter relações com outras mulheres e como já estavam separados.... "Talvez a mulher do aeroporto tenha lhe chamado a atenção o suficiente..."

— Aurora, está me ouvindo? — Hunter perguntou em tom mais alto.

— Eu estarei pronta no horário marcado — ela respondeu rapidamente. — Até lá, esqueça que eu existo! — E andando rápido, entrou em um dos quartos e bateu a porta.

Contrato duploWhere stories live. Discover now