- Para evitar pensamentos descabidos, como esses que estás a ter neste exato momento.

Os nossos cafés chegaram, interrompendo temporariamente a linha de questionamentos da Blake. Aproveitei o momento para mudar de assunto, tentando afastar-me das especulações sobre a minha relação com o Leonardo. A Blake, no entanto, não parecia disposta a desistir tão facilmente do tema que a intrigava.

- Mudando de assunto, como foi o teu domingo? - perguntei, esperando conseguir afastar a atenção para algo menos incómodo.

- Ainda quero saber mais sobre o teu irmãozinho, mas vamos deixar isso para lá, por agora... - insistiu, levantando a sobrancelha com malícia.

Eu suspirei, percebendo que a Blake não desistiria facilmente, mas agradeci por poder dar outro rumo à conversa, pelo menos, para já.

Ao chegar a casa naquela noite, encontrei a mansão num estado tranquilo. Os empregados já tinham preparado o jantar, mas a agitação habitual parecia ausente. Dirigi-me à sala de jantar e não vi ninguém, acabei por encontrar a minha mãe, que estava a trabalhar no escritório do Michael.

- Olá, mãe. - cumprimentei, batendo suavemente na porta entreaberta.

- Anna, querida! Entra. Estava tão concentrada no trabalho que nem dei pela hora. - disse, sorrindo.

Adentrei o escritório e abracei a minha mãe.

- Como foi o teu dia? - perguntou ela, afastando-se para me observar.

- Normal, suponho. - respondi, notando a expressão animada nos olhos dela.

- Estás a gostar de Londres, não estás? O Leo disse-me que estás a adorar!

Fiquei momentaneamente desconcertada. Porque raio é que o Leonardo tinha dito isso à minha mãe?

- Sim, está tudo bem. - respondi, mantendo-me vaga, mas confusa.

- Fico tão feliz por te estares a adaptar. E ver-te a ti e ao Leo a criar laços, como irmãos de verdade, é maravilhoso. - comentou, sorrindo como se tivesse acabado de partilhar a notícia mais incrível

A confusão instalou-se em mim. Que raio é que aquele idiota foi falar à minha mãe?

- Mãe, do que é que estás a falar? - questionei-a, tentando entender de onde ela tinha tirado aquelas ideias.

- Estou feliz por te ver a formar laços com o teu meio-irmão. O Leo disse-me que está radiante por te ter aqui connosco. Estava com tanto medo que não te adaptasses a esta nova vida! Mas vejo que estás realmente bem. – respondeu com um sorriso que lhe rasgava os lábios.

Deixei-me cair numa cadeira, ainda perplexa com as palavras da minha mãe.

O que é que ele andava a tramar? E desde quando o Leonardo se tornava tema de todas as conversas que eu tinha?

Optei por fingir que aquilo não era completamente disparatado e esperei a minha mãe acabar o que estava a fazer, para que pudéssemos jantar. Agradeci mentalmente, por o Leonardo não ter aparecido. Não estava com vontade nenhuma de ter de olhar para ele naquele momento.

Depois do jantar, retirei-me para o meu quarto, sentindo-me exausta. Para além do meu longo dia de aulas, todos aqueles assuntos em torno do meu meio-irmão, estavam a pesar-me na cabeça. Deitei-me na cama, olhando para o teto, sem saber exatamente o porquê de me sentir tão assoberbada. A relação fictícia que o Leonardo estava a construir entre nós não fazia qualquer sentido, e depois das conversas que tive tanto com a Blake como com a minha mãe, percebi que precisava de esclarecer algumas coisas com ele o quanto antes, mas ao mesmo tempo, não queria vê-lo. Inspirei alto, sabendo que um dos meus lados tinha de aceitar a derrota e levantei-me da cama, certa de que tinha de esclarecer toda aquela confusão.

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