Sem sentido

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Aurora acordou sobressaltada. Ainda estava apenas com o sutiã e a calça, não havia vestido a blusa desde que Hunter havia saído do quarto.

Ela procurou pela peça de roupa e a vestiu, depois foi ao banheiro lavar o rosto e pensar no que faria para escapar dali. Quando voltou ao quarto, notou que seu pai fez o trabalho completo ao vendê-la, pois suas malas estavam ali.

- Homens! Tão idiotas! - Aurora sorriu quando abriu uma de suas malas e viu que todas as suas coisas, desde roupas a sapatos e caixas de cosméticos e maquiagem estavam ali.

Sem ter nada a fazer, a jovem deu uma boa olhada em seu café da manhã e guardou o pote de pasta de amendoim.

- Isso pode ser útil.

Ela se arrumou como se estivesse em sua casa, com uma blusa elegante, mas comprida, calça e bota, assim se considerava pronta para sair daquele lugar. Olhou novamente a janela, que estava trancada, mas não valeria a pena tentar sair por ali, era muito alto e a maior probabilidade era que ela apenas morresse ou quebrasse algo no processo.

Revirando suas malas, encontrou em um de seus sapatos um telefone celular simples que guardava para emergência, assim conseguiu falar com seu contato, dizendo-lhe o que precisava fazer, a hora e o local para isso.

A porta estava se abrindo. Aurora escondeu o pequeno aparelho no bolso da calça e ficou em posição de alerta quando viu James com o rosto machucado.

Aurora ignorou a raivae se aproximou preocupada, ao mesmo tempo que aliviada.

- O que você está fazendo aqui?

- Como você está? - James a abraçou, depois se afastou para vê-la melhor. - Ele te machucou?

- Ele é um ogro, mas fui salva por uma ligação. Ah, James! Não deveria estar aqui, e se ele voltar?

- Ele não está em casa, não se preocupe. - James pegou na mão da ex-namorada e a levou para sentar na cama. - Escuta, quero que preste bem atenção. Ainda faltam muitos dias para o seu aniversário, até lá darei um jeito de te manter segura, enquanto isso quero que me prometa que ficará bem.

- Não posso prometer algo que não está em meu controle. - Aurora suspirou. - Não faça nada que te prejudique -, ela passou a mão sobre o corte na sobrancelha dele, - ele não me deixará ir.

- Eu sinto muito, de verdade.

- E eu te amo.

James não suportava ver a voz de Aurora quebrar daquela forma. Ele viu as lágrimas escorrendo no rosto dela e a beijou.

Aurora sentiu aquela aproximação como a cura de sua doença invisível. Ela o agarrou e retribuiu o beijo com vontade, mas segundos depois, como se um gatilho estivesse explodido em sua mente, o empurrou e se afastou.

- Nunca mais faça isso, por favor.

- Aurora?

- Não vê que isso é muito arriscado? Se ele o encontra aqui de novo... não quero nem pensar. Eu te amo, James e não posso deixar você chegar perto de mim quando tenho um noivo psicopata que acha que é meu dono andando por aí... Por favor, saia.

James a olhou magoado, mas não fez objeção e saiu sem falar nada. Ele ficou do lado de fora da porta, ressentido, sabia que beijá-la quando ela tinha um compromisso era errado, mas era impossível se manter afastado quando tudo o que queria era estar lá dentro com ela.

- Menina, você ainda vai ser minha perdição.

Aurora, no entanto, manteve a postura fria mesmo após ver o homem que amava sair. Ela tinha planos para sair dali e sabia que no fim das contas era James quem iria atrás dela de uma forma o de outra, se é que ela entendeu o significado da palavra "caçador" corretamente.

"Só me resta saber o que ele vai fazer após me encontrar."

O telefone no bolso de Aurora vibrou. Ela o pegou e leu a mensagem, depois o guardou dentro da sua mala de roupas íntimas, no bolso dos absorventes. Aquele pequeno aparelho ainda lhe serviria se seu plano falhasse e se corresse tudo bem, teria um descanso merecido.

Aurora foi até o pote de amendoim e com uma colher disposta na bandeja, comeu uma grande quantidade dele. Não demorou muito e sua pele começou a ficar avermelhada, sua barriga começou a doer e a respiração ficou difícil de se conseguir.

Ouvindo um barulho no quarto, James abriu a porta imediatamente e correu até ela, vendo também o pote com a pasta de amendoim ali perto, então a compreensão lhe tomou.

- Aurora! - Ele percebeu seu rosto vermelho e inchado, então a pegou imediatamente no colo e a tirou dali. - Calma, já estamos indo ao hospital, você vai ficar bem!

James correu com Aurora em seus baços e a colocou no banco detrás do carro, dando partida em seguida, passando todos os sinais vermelhos e chegando em poucos minutos à emergência.

- Preciso de ajuda! - ele gritou para os enfermeiros que estavam ali.

Aurora logo foi atendida e sem poder entrar com ela, James ligou para Hunter, que estava no hospital e foi imediatamente onde ela estava.

- Qual o diagnóstico? - ele perguntou para o médico que a estava atendendo.

- Alergia a amendoim. Esses jovens de hoje em dia... não dão valor à vida. Pelo tanto de substância em seu corpo, diria que fez de propósito... talvez algum desafio com amigos ou mesmo para colocar na internet...

- Deixe que cuido disso. - Hunter falou de repente, calando o outro médico. - Vá procurar outro paciente para você, aparentemente uma alergia não é boa o suficiente, não é?

- Não é isso... eu...

- Saia!

Hunter cuidou de Aurora pessoalmente até que ela estivesse bem o suficiente, mas preferiu aplicar-lhe um calmante para passar o dia tranquila, afinal ele sabia que aquilo era por sua causa.

A noite seu telefone tocou. Era seu pai querendo alguns relatórios, então o homem não teve outra alternativa a não ser deixar James de prontidão para quando Aurora acordasse e atentasse outra vez contra a própria vida.

- Não tire os olhos dela -, ele disse antes de sair. - Não duvido nada que tente fugir e se jogar de uma ponte ou na frente do primeiro carro que vir. Tente mantê-la viva e segura pelo menos até eu voltar.

James assentiu se sentindo ofendido, afinal não foi ele quem enviou o café da manhã para o quarto de Aurora, mas obedeceu, ou tentou obedecer à única ordem que lhe foi dada com muito esforço.

Contrato duploWhere stories live. Discover now