- Manda ele parar de xingar meu namorado de Falcão. - ela retruca.

- Mas não é um xingamento. - falo e minha mãe da risada.

- Vocês defendem os namorados depois, agora vamos comer. - ela fala e meu pai, Dinho e Samuel que já tinham começado a comer engasgam.

- Namorado? - meu pai pergunta e eu nego.

- Que namorado? Não existe namorado nenhum. - respondo rapidamente e Bento bate nas costas de Samuel, tentando desengasgar o mesmo.

- Nós... Somos só amigos. - ele fala com certa dificuldade e tomando o copo inteiro com suco.

- Eu só estava brincando. - minha mãe fala rindo e todos a acompanham na risada, menos eu, Samuel e meu pai que encarava o coitado.

Entre risadas, conversas e mais risadas o jantar passou, Júlio e seus pais já tinham ido embora, assim como Bento e sua mãe.

A cozinha já estava limpa e nós estávamos na sala conversando quando Dona Helena se levanta e diz que precisa ir porque está tarde.

- Pitchula, quer dormir lá em casa? - Sérgio pergunta se levantando. - A Claudia vai dormir lá hoje e aí eu levo vocês até a loja amanhã, o que acha?

- Carona de graça? Claro que aceito. - me levanto. - Vou pegar uma roupa, só um minuto.

Sigo em direção ao meu quarto e de Dinho, pego a roupa que iria usar no serviço no dia seguinte, minha bolsa e para dormir um shorts de pijama e uma blusa de Dinho.

- Quando nós ficarmos famosos eu vou sempre comprar um par de cada roupa. - Dinho fala e todos encaramos ele confuso. - Principalmente de camisetas, sempre vou comprar duas iguais.

- Por quê? - Cláudia pergunta e meu irmão aponta pra mim.

- Ela usa mais as minhas roupas do que eu mesmo. - ele resmunga e eu o encaro assustada.

- Como sabe que eu peguei uma camiseta sua? - pergunto e ele dá de ombros.

- Estou vendo a etiqueta da camiseta pra fora da mochila. - ele responde e minha mãe da risada, ela se aproxima e me abraça.

- Bom trabalho, querida. - a mesma beija meu rosto. - Quando chegar em casa nós já vamos ter saído, provavelmente voltamos no domingo a noite.

- Sete dias fora de casa, mãe? - Dinho pergunta. - Não tem casa não? - ele pergunta e meu pai dá um tapa na nuca dele.

- Se cuidem, todos vocês e muito juízo. - meu pai fala e eu assinto abraçando o mesmo rapidamente. - Qualquer coisa é só ligar, o Bento tem o telefone do sítio dos pais.

Me despeço dos meus pais e de Dinho e saímos de casa. Era comum eu dormir na casa dos Reolis, de todos os meninos eles eram os que os meus pais mais tinham intimidade, nos conhecemos quando eu tinha onze anos e desde então eles adotaram eu e Dinho como filhos, por isso eu era tão apegada ao Sérgio.

A casa deles não era tão longe então fomos todos a pé, ao chegarmos seus pais se despediram e deram as mesmas instruções que os meus pais, dizendo para ligar caso algo acontecesse e foram dormir.

Resolvemos assistir um filme de terror o que foi péssima ideia já que eu sou uma das pessoas mais medrosas que existe, assim que o filme acaba Sérgio e Cláudia se levantam.

- Vamos dormir e você pode ir dormir também que amanhã trabalhamos cedo. - Cláudia fala de um jeito mandão e eu dou risada.

- Tá bom, "mãe". - falo de forma irônica e ela sorri, me levanto e abraço a minha amiga que logo vai para o quarto.

- Boa noite, pitchula. - Sérgio beija a minha testa. - Qualquer coisa chama.

- Boa noite, xuxu. - falo e observo ele ir para o quarto.

- Já está com sono? - Sam pergunta e eu nego. - Não quero ir pro quarto agora, deixa eles terem um pouco de privacidade.

- Que bonitinho, se preocupando com os dois.

- Estou me preocupando comigo mesmo, já pensou eu escuto certas coisas? Vou ficar traumatizado. - ele fala e eu dou risada. - Vou enrolar mais um pouco, mas quando quiser dormir você me avisa.

Ele fala e eu assinto, volto a olhar a televisão que passava o programa do Jô com algum famoso o qual não me dei o trabalho de prestar atenção. Sinto meu corpo pesar e acabo adormecendo.

Acordo no meio da noite com o coração acelerado, olho ao redor e a TV estava desligada e Samuel já havia ido para o quarto. Levo as mãos até o peito ofegante e respiro fundo, tentando me acalmar.

Me encolho no sofa e olho ao redor, aquela escuridão. Bendita hora que resolvi assistir aquele filme de terror com eles.

Ouço um barulho vindo da cozinha, um estrondo. Olho pro corredor e as portas dos quartos estavam fechadas, mas a porta da sala estava aberta, a chance de alguem ter entrado era grande.

Olho ao redor e procuro algo pra me defender, pego a primeira coisa que vejo pela frente e sigo em direção a cozinha. A luz estava apagada e a geladeira aberta, engulo em seco e quando a pessoa fecha a geladeira eu bato na cabeça dela com o controle.

- Porra. - Sam resmunga levando a mão até a cabeça.

- Meu Deus, Samuel! - coloco o controle na mesa e levo a mão até a onde tinha acertado o mesmo. - Me desculpa.

- O que você está fazendo acordada? - ele pergunta e se afasta para acender a luz, mas logo volta e me encara e encara o controle na mesa.

- Eu acordei de um pesadelo e vi a porta aberta e aí ouvi um barulho e pensei que fosse um bandido e... - falo tudo de uma vez e ele me interrompe.

- Veio atacar o bandido sozinha e com o controle da TV? - ele pergunta incrédulo, mas logo cai na risada.

- Idiota, deveria ter dado outra controlada na sua cabeça. - resmungo e ele da mais risada ainda. - E você tá acordado por que?

- Então, você está com medo do filme? - ele pergunta guardando a jarra de água na geladeira novamente.

- Talvez. - cruzo os braços. - Você não me respondeu.

- Eu também estou com medo do filme, satisfeita? - ele resmunga e eu sorrio.

- Muito. - volto pra sala e ele apaga a luz e me segue, pego minha mochila. - Vou me trocar e colocar o pijama, eu dormi e você nem me acordou.

- Você estava dormindo tão gostoso, fiquei com dó. - ele fala e eu dou risada, sigo para o banheiro e me troco rapidamente, quando volto para a sala ele continuava lá. - Bom, eu vou dormir.

- Sam? Quer dividir o sofá? - pergunto receosa e ele suspira aliviado.

- Pensei que não fosse perguntar nunca. - ele fala se jogando no sofá. - Mas não cabe nós dois aqui, só se dormirmos sentados. - ele fala e eu nego.

- Vamos acordar com uma dor nas costas do caramba. - falo e ele assente e se levanta, ele encara o sofá pensativo e depois me olha. - O que foi?

- Podemos dormir na minha cama.

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Escrito: 28.11.2023
Postado: 22.12.2023






Em seus braços - Samuel Reoli (Mamonas Assassinas)Where stories live. Discover now