- Você só diz isso, porque você perdeu a fé nela. – Matheus disse, enquanto passava manteiga no pão. – Eu tenho fé nela.

- Você? – Leo riu. – Engraçado ouvir isso vindo de você.

- Desculpa, se não sou como você e tudo o que quer é dormir com ela. – Matheus disse com raiva.

Leo já estava pronto para dar uma resposta em Matheus, quando Maia entrou na cozinha. Ela estava com o capuz preto, novamente. Parecia como no dia que ela tinha chegado naquela casa, como se ela fosse inatingível.

Ela pegou rapidamente um pouco de suco e duas torradas e saiu de lá apressada.

Leo acompanhou cada movimento dela. Ele precisava falar com ela. Mas Matheus foi mais rápido e segurou ela antes que ela subisse as escadas.

- Não. – ele disse firme. – Você vai comer aqui com a gente. Nada de fugir.

Ela encarou ele com aqueles olhos grandes e confusos e então foi se sentar na mesa. Matheus sorriu vitorioso e foi se sentar com ela.

- Você não vai comer só isso, não é? – ele apontou para aquele pouco que Maia tinha pegado na cozinha para comer. – Não saia daqui!

Matheus foi rapidamente na cozinha e pegou comida suficiente para os dois.

Maia não falava nada, apenas comia. Leu se irritou e foi se sentar com eles na mesa.

- Você está bem? – ele perguntou para ela, de uma maneira tão fofa que ela se engasgou com a comida.

Maia deu um gole grande no suco.

Leo sorriu e então ele se levantou dali.

- Eu vou para o meu quarto. – ele disse aquilo como se não quisesse nada, mas ele queria. Ele queria, desesperadamente, que ela entendesse aquilo como um convite.

Matheus entendeu aquilo e então ele pegou Maia pelo braço com força, a assustando e a machucando.

- Vamos comer em outro lugar!

Maia tentou se soltar, mas Matheus a puxou até a porta.

- Porque você está usando esse maldito capuz? – ele disse com raiva. Maia não respondeu, então ele passou as mãos no cabelo e suspirou alto. – Você é muda? Ou surda por acaso?

Ela encarou ele, assustada.

- Fala alguma coisa, por favor! – ele implorou.

Maia respirou fundo.

- Eu quero voltar para o sótão.

- Não isso. – apesar de ainda está muito bravo, Matheus deu um sorriso quase imperceptível.

- O que você quer que eu fale?

- Qualquer coisa, menos isso.

Ele a puxou, mais gentilmente dessa vez, até o jardim, onde os dois se sentaram embaixo de um arvore.

- Você vai fugir, não é? – Matheus disse, enquanto se sentava.

- Como você sabe? – Maia arregalou os olhos e segurou o braço de Matheus com força.

- Você tem essa mania horrível de sempre fugir. – ele suspirou. – Você não pode enfrentar o obstáculo e....

- Seguir em frente? – Maia completou a frase de Matheus, sorrindo. – Porque sempre me pedem para seguir em frente?

- Eu só queria entender... Você não quer seguir em frente e nem voltar a ser a garota que costumava ser, mas porque eu sinto que nem você tem certeza do que quer.

- A garota que eu costumava ser, era uma estupida. Eu não quero ser ela nunca mais.

- Mas era você! – ele disse desesperado. – Você está tão preocupada em não ser você que você já nem sabe mais quem é você.

Maia riu alto.

- Isso que você falou deu um nó no meu cérebro.

Ele riu junto.

- Eu só queria que você fosse quem você quer ser. – ele disse sério.

- Quem eu quero ser? – ela riu. – Quem você quer que eu seja?

- Eu não sei. – ele riu. – Porque você não tenta uma personalidade até encontrar a certa.

Maia se sentiu animada com aquela ideia. Talvez isso a ajudasse um pouco.

- Ok. – ela disse, abrindo um sorriso enorme e estendendo a mão para Matheus.

- Então, é um acordo. – ele apertou a mão dela e os dois sorriram juntos.

Sara estava observando eles da cozinha, ela sorriu. Ela estava feliz por seu plano ter dado certo. Ela sabia que Matheus era o único ali que podia ajudar Maia. Ele adorava desafios, mas mais do que isso, ele era um cara legal que sempre ajudava as pessoas, por mais que ele fosse um garoto mal-humorado que sempre entrava em brigas.

- E eu tenho fé em você, Matheus. – Sara disse alto.

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Amor Fati - Um Amor InevitávelWhere stories live. Discover now