- Eu já disse que ela vai pagar a pena designada após o julgamento. Não iremos abrir mão disso. - Respondo de maneira mais incisiva. - Mas se ela continuar presa, nem para o julgamento ela vai. Querem isso?

- Não! - A maioria grita.

- Então repassem isso entre os nossos. Suas famílias e todos que fazem parte dos Negros. Não quero fofoca infundada correndo pelo norte da ilha, a Samanun Every vai ser solta para que vá para casa se recuperar, para então enfrentar o julgamento. Ponto final. Nada fora disto é verdade, estamos entendidos? - Eu precisava cortar os rumores pela raiz, porque eu sabia que poderia ser mal interpretada.

A tripulação faz que sim com a cabeça e então eu encerro a reunião. Tinha sido muito mais rápido do que eu imaginava. O que a Tee havia me falado era a realidade, a maioria ali não queria sua morte, queria apenas que ela pagasse pelo que fez de modo compatível e coerente, o que me aliviava.

- Foi menos ruim do que eu imaginei. - Comento com a Tee.

- Eu acho que você pensou que eles queria a morte dela pela maneira que se comportaram ontem, durante o resgate. - Faço que sim com a cabeça, concordando. - Eu acho que eles só estavam irritados daquela maneira por ela ter feito o que fez e ainda estar dentro do nosso navio, usufruindo dos nossos aposentos, nossa comida, nosso resgate. - Tee explica.

- Sim, faz sentido. Mas isso me deixou com uma impressão muito pior do que a realidade. Inclusive porque minha mãe me disse que eles queriam solicitar a pena de morte no julgamento.

- É natural que ela tenha ouvido isso, porque ela anda com piratas mais velhos amigos dos seus pais. Os piratas mais velhos estão mais indignados. Foram pessoas que sofreram muito, antes do Acordo de Paz e querem uma pena mais dura. Meus pais pensam assim, por exemplo. - Tee volta a explicar.

- Isso me deixou muito apreensiva.

- Vocês querem me explicar exatamente o que foi que aconteceu para essa reunião às pressas? Bateram na minha casa eu nem havia acordado ainda. - Lauren se aproxima e eu e a Tee rimos da sua fala.

- A Mon aqui levou um chá bem dado na ilha e agora quer proteger a namoradinha. - Tee fala e eu dou um tapa na cabeça dela. - Ai! - Ela resmunga, mas ri em seguida.

- Você o quê?! EU SABIA SUA SAFADA! - Lauren grita.

- Fala baixo, porra. - A repreendo.

- Você acha que me enganava com aquele chupão no pescoço?! - Lauren pergunta e tenho vontade de desatar a rir.

- Eu sabia que vocês tinham percebido. E da mesma maneira que pedi desculpas à Tee ontem, também te devo desculpas, Lauren. Eu escondi isso de vocês e não deveria.

- É, não deveria mesmo. Mas agora você vai me contar tudo nos mínimos detalhes. - Ela comenta, porém somos interrompidas por um grupo de cinco marujos.

- Capitã, com licença. - Eles falam e nós três olhamos para eles. - Queríamos conversar com a senhora. - Eles tinham o semblante bem sério, então o clima ameno que antes nos circundava, logo é desfeito.

- Pode falar. - Falo com atenção a eles.

- Viemos como representantes de uma grande parte da tripulação para solicitar que não peça que a garota Every seja solta.

- Ela não merece sua piedade, capitã. - Outro fala, complementando a fala do primeiro.

- Eu não estou tendo piedade por ela, porque ela merece. Se não agirmos para soltá-la o quanto antes, ela muito provavelmente irá morrer na prisão antes do julgamento. - Explico novamente.

Velas Negras • MonSamحيث تعيش القصص. اكتشف الآن