Capítulo seis

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  Eliah adormeceu assim que suas costas se recostaram na cama, mas acordou logo em seguida e não conseguiu pregar os olhos. A todo momento pensava no baile da noite. Se conheceria os pais de Aaron, se ele tinha um irmão e se os conheceria. Perguntava-se sobre como se apresentaria a eles já que não poderia ser a princesa da luz  do filho deles. Não poderia ficar escondida visto que estaria com o aniversariante da noite.

- Eliah - seus pensamentos foram interrompidos pela voz do seu pai. Só então ela percebeu que a porta estava aberta e que o rei estava do outro lado dela - nós estamos esperando por você no café da manhã. No entanto - ele fez uma pausa, como se estivesse avaliando suas próximas palavras - eu gostaria de ouvi-la primeiro -  só então a princesa da luz lembrou-se de seu pai. O que ele diria?! Certamente não gostaria de saber de seus planos para a noite - eu estarei esperando por você no lugar de sempre. Se você quiser conversar comigo hoje. Ou aprender.

- Certo, senhor - não encontrou coragem para chamá-lo de pai. Sentia-se distante dele.

  Seu pai deixou as proximidades de seu quarto, deixando a porta aberta. Era um convite para a filha mais nova. Um convite que ela foi obrigada a ignorar. Não encontrou coragem para ir até ele na sala mais alta do castelo, onde sentava para ouvir seus ensinos, ler e ser aconselhada pelo próprio rei. 

 Seu pai mesmo cuidava da aprendizagem das filhas. Sempre fez questão de ouvi-las e aconselhar. Os outros mestres complementavam o ensino, mas os conselhos de vida sempre vinham dele. Era a oportunidade perfeita para estar perto do pai.

  Há muito tempo Eliah não ia até ele. Ultimamente fugia de sua presença. Escutava os outros mestres, mas na maioria das vezes sua mente estava vagando tanto que o estudo acabava e ela nem se dava conta.

 Deixou um longo suspiro escapar entre os lábios. Não poderia ir ao encontro de seu pai. Ele não entenderia, diria para ela que Aaron vai machucá-la, que o lugar dela era no reino de luz e que não deveria ir até o reino caótico. Hoje Eliah iria na festa de Aaron e quando ele a deixasse no riacho ela se despediria dele. Explicaria o seu ponto e não voltaria mais até a floresta. Quando voltasse para casa voltaria a sua vida e ninguém desconfiaria.

  Eli também não se juntou a sua família no café da manhã e não saiu do quarto durante a tarde. Pediu que chamassem os responsáveis por arrumá-la para o casamento da irmã e solicitou que trouxessem o vestido que usaria no evento. Era o mais belo que tinha e usando em outro reino não havia importância. Ninguém saberia.

  No fim da tarde ela já vestia os tecidos de um azul quase branco, com renda na parte superior e costas nuas. A máscara só foi adicionada depois que ela conseguiu convencer os funcionários de que tiraria tudo  sozinha e que eles poderiam se retirar. Quando uma criada veio chamá-la para o jantar ela mandou que não entrasse e disse não querer se juntar a família hoje e já ter feito uma refeição antes.

  Sem mais empecilhos Eliah deixou o castelo e se dirigiu a floresta onde Aaron já a aguardava do outro lado do riacho. Ele vestia um smoking preto acompanhado de uma máscara do mesmo tom com detalhes de pena marrom na parte inferior. Seu gavião pousou em seguida em seu ombro e ela entendeu que o rapaz tentou fazer alusão ao animal em sua máscara. Os olhos de ambos se iluminaram, embora não pudessem ver. Estavam encantados um com o outro. As preocupações de Eli desaparecerem e a tristeza dele se foi no segundo em que as íris azuis e castanhas se encontraram. 

- Você está perfeita - observou ele não encontrando definição melhor do que a perfeição para aquela que, ele nem tentava esconder mais, havia se apaixonado.

- Quer dizer que não acha mais os meus vestidos exagerados? - Eli provocou.

- Eu nunca disse que você ficava feia em seus vestidos exagerados - Aaron rebateu, arrancando um sorriso tímido dela.

Princesa da luz, Rainha do CaosWhere stories live. Discover now