capítulo quatro

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No dia seguinte quando acordou o sentimento de vazio não havia passado. Sentiu uma enorme vontade de chorar, seu pai não gostaria de descobrir o que ela havia feito. Porém não conseguiu impedir que as lembranças da noite anterior deixassem a sua mente enquanto estava imersa na banheira, nem enquanto se vestia ou durante os dias que se sucederam. Pelo contrário, a cada noite em que ela se encontrava com o príncipe novas lembranças surgiam. De suas conversas até altas horas ou as composições de seu mundo que ele trazia a ela. As demonstrações de carinho e as bebidas proibidas que ela recusava, mas que se sentia tentada a mergulhar naquela liberdade.

Ele entendia os seus desabafos. Escutava e não aconselhava, apenas a apoiava. Os convites para cruzar a fronteira se tornavam cada dia mais tentadores no entanto, todas as vezes em que ela saia da floresta a culpa a tomava. E sempre que acordava sua cabeça e peito pesavam mais. Se sentia mais distante do pai e das irmãs e de repente aquele já não parecia mais ser o seu lugar. Estava triste e deslocada.

- O que você acha Eli? - Adina fez voltar a sua mente para a mesa do café da manhã

- Hã, o que?

- Estávamos pensando em ir na próxima semana para vermos os vestidos da cerimônia.

A sala inteira ficou silenciosa. As irmãs imaginavam que elas já haviam se resolvido, como das outras vezes. No entanto, vendo a expressão da mais nova das gêmeas, parecia que estavam longe de solucionar as suas divergências.

- Claro - Eliah respondeu com desgosto - marquem um dia e me avisem.

A princesa deixou o guardanapo sobre a mesa. Havia perdido o apetite. Sua irmã estava forçando uma conversa que ela estava evitando a semanas.

- E vocês poderiam me ajudar com o vestido de noiva

Revoltada com a falta de noção de sua irmã Eli colocou-se sobre os seus pés e caminhou rumo a porta.

- Você age como se fosse algo insignificante - a irmã levantou indo em direção a ela.

- Talvez seja - a mais jovem murmurou inaudível.

- O que?

- Adina... - o pai tentou interferir

- Repita o que você disse, Eliah - ela ignorou o pai

O sangue da noiva do conselheiro fervia. Estava exausta. Sabia que sua irmã, fiel companheira, parava a discussão e cedia quando a via chorar. E que depois de um tempo simplesmente a ignorava por uma hora, mas esquecia o assunto. No entanto, estava cansada. Não era um assunto qualquer. Estava farta da culpa por se sentir feliz em ter encontrado em Baruc um amor que Eliah não tinha. E desesperada por ver uma rachadura na relação tão ligada que tinha com sua gêmea.

- Eu não quero conversar agora - Eliah respondeu antes de tentar fugir de novo da sala. Porém, Adina segurou o seu braço a impedindo.

Todos estavam perplexos. Desde a infância as duas não tinham uma discussão e quando acontecia resolviam-se por si mesma. Nunca chegaram aquele ponto

- Meninas - Ariela foi a primeira das irmãs a interferir - talvez seja melhor resolver isso mais tarde. Quando estiverem mais calmas.

- Não. Eu é cansativo deixar para depois - Adina respondeu determinada a ouvir o que sua gêmea tinha a declarar.

A princesa da luz prendeu os olhos azulados nas íris verdes da outra. A única diferença que tinham estava lá. Eles não estavam claros e brilhantes como de costume. Estavam escuros e opacos. O que, ela já havia convivido tempo o suficiente com a irmã para saber, significava mágoa. Parecia realmente cansada de toda a situação. Ela achava que o tempo que tinham entre a discussão e a calmaria era algo maduro. Que era a maneira como haviam encontrado para não se machucar no entanto, só reservaram a dor para depois.

- É cansativo ouvir você falar sobre o casamento feliz que você terá com Baruc. O seu casamento com ele é insignificante para mim, Adina. E essa mania que você tem de querer que todos estejam sempre alegres como você. Isso é cansativo.- seus olhos prenderam em Nyra - ou motivados - passaram para Ariela - ou quando você tenta cuidar de todos - e por fim olhou para o pai - e quando você quer que todos sejam perfeitos. Eu não sou como vocês.

Por fim ela se desvencilhou do braço da irmã. Sentiu seu peito se rasgar e sentiu medo. Estava sozinha e com medo. Por isso apenas seguiu seu coração. Deixou que ele a levasse até a floresta. Ainda era dia, mas ninguém ousaria ir atrás dela naquele momento.

Quando chegou a região arborizada se surpreendeu a encontrar exatamente o que precisava. Ele estava lá, como se soubesse que ela viria e que precisava dele.

Do outro lado do riacho o herdeiro do Caos direcionou a ela um olhar compreensivo. Como de quem entendia e acolheria a sua dor. Aos prantos, sentindo cada parte do seu peito doer ela deixou que seus pés a levassem exatamente aonde o seu coração desejava. De encontro aos braços dele, do outro lado do riacho. Sobre a grama de um reino que ela não conhecia, mas que sabia ser diferente do seu e que lá era o lar dele.

- Respire, princesa - ele pronunciou enquanto a acolhia em um abraço reconfortante.

   Respirar era difícil. Sentia como se ao invés de entrar e sair o ar simplesmente estivesse fugindo de seus pulmões. As palavras ditas do café da manhã voltavam a sua mente como uma avalanche, levando consigo o autocontrole da garota da luz.

  O homem de fios negros sentia-se incomodado de ver tamanho desespero. Sua única solução foi guia-la para fora da floresta. Aquela era também sua oportunidade. Não compreendia a decisão dela de continuar do outro lado se sempre estava aflita e triste.

  Aaron não sabia como se consolava alguém e odiou o fato de que não sabia como deixá-la contente com ele. No entanto, quando o mundo ao seu redor desmoronava ele procurava um lugar. Não como aquela floresta que permitia os pensamentos tristes em seu silêncio. Que trazia com o vento as péssimas lembranças, mas um lugar que proporcionava a diversão.
  
  O príncipe pegou na mão da princesa pedindo que ela apenas confiasse nele e a guiou para fora da floresta. Em um vilarejo pequeno próximo a área arborizada. Com ruas pequenas e estreitas, no meio de casas velhas e não muito longe das fazendas encontrava-se um lugar aonde os jovens daquela localidade se encontravam para fazer o mesmo que seu herdeiro, esquecer.
  

— Que lugar é esse? — Eliah questionou ao se deparar com um ambiente escuro, com uma fumaça estranha com cheiro de chiclete e uma quantidade considerável de pessoas dançando uma música agitada.

— O lugar que vai te fazer esquecer e se divertir — Aaron puxou sua nova amiga para a pista, passando pelas pessoas que não se comportavam como quem vê um príncipe.

  Na verdade, pareciam não ligar para a sua existência. Um ou outro acenava para ele, mas apenas isso. Todos estavam muito envolvidos na música e em esfregar seus corpos para prestar a atenção nela também.

— Como se dança essa música? — Eli soltou depois de observar a forma como os outros embalagem os seus corpos.

— Não há regra para essa dança princesa — ele começou a mexer o corpo com uma mão para cima e a outra unida a dela — você só precisa seguir o que o seu corpo e a batida mandar — soltou a mão dela e aproximou-se até que pudesse chegar com os lábios perto do seu ouvido — seja feliz.











   Oii! Espero que estejam todos bem. O que vocês estão achando da história? Estava pensando aqui e quero saber as expectativas e os pensamentos acerca do livro. Primeiro, o que vocês acham do Aaron e da Eliah? E a relação dela com a família? Não exploramos muito de nenhum dos reinos, mas nesse livro vocês provavelmente vão conhecer mais apenas um deles. Qual vocês acham que é?

Princesa da luz, Rainha do CaosTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang