Capítulo dois

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Havia tocado em um ponto sensível, ela percebeu. O maxilar dele ficou rígido e sua postura mais superior, demonstrando-se inseguro. Olhava para ela como alguém que arrancaria seu pescoço. Ela ignorou. Não era totalmente indefesa.

- No entanto, descobrir um título é fácil. Eu sei mais que isso. Sei o seu nome, Seth.

O príncipe pressionou os lábios e por mais que tentasse disfarçar, sua expressão raivosa e desconfortável foi substituída por puro humor. Ele começou a gargalhar ao ponto de lágrimas saírem de seus olhos e Eliah, sem compreender o motivo da graça passou a ficar irritada.

- Qual é a graça? - rangeu os dentes lutando contra a vontade de gritar

- Olha - secou o canto dos olhos, tentando conter-se - não seria tão engraçado se você não tivesse tanta certeza do que diz - Eli ergueu uma sobrancelha, ainda sem entender o motivo da risada - Seth está morto, loirinha.

Por mais que ele tentasse disfarçar com o deboche, havia certo desgoste e melancolia em sua voz.

- Há muitos anos. Parece que a sua fonte é bem desatualizada - foi ele quem deu as costas dessa vez, mas parou assim que ouviu um barulho no riacho.

Ela havia pisado nas águas. Estava irritada e curiosa para descobrir quem ele era então. Tanto que quase cruzou a fronteira. Com um sorriso ladino nos lábios ele virou

- Eu sou um homem de palavra. Permita-me apresentar esse que está a sua frente - fez uma perfeita reverência que a fez revirar os olhos - Aaron, único de seu nome. Herdeiro do trono do reino Caótico. Filho legítimo e descendente da coroa de Caos.

A surpresa tomou sua face. Não estava apenas na frente de um dos filhos do Caos, mas o seu herdeiro.

Aaron voltou a dar as costas para ela, caminhando rumo ao barranco que havia aparecido na noite passada.

- E como herdeiro do trono eu digo que será um prazer sanar as suas dúvidas, todas possíveis, a respeito do meu reino - ela estreitou os olhos sem entender bem o que ele estava dizendo, ou não querendo entender - me encontre aqui amanhã, nesse mesmo horário. Terei o prazer de explicar a você

- E o que garante que posso confiar em você? - falou mais alto visto que ele se afastava mais

- Não pode, assim como eu não posso confiar em você - pronunciou antes que os olhos azulados não conseguissem mais o alcançar.

Eli percebeu só quando ele saiu que estava com seus pés no riacho. Havia avançado demais e nem se deu conta. Se envolveu e ficou tão curiosa, tão envolvida e revoltada por saber que estava errada que por mais alguns passos poderia cruzar a fronteira. Suspirou. Mais uma vez sairia da floresta decepcionada consigo mesma.
Dessa vez se arrastou de volta para o castelo. Não havia uma grande camada de maquiagem ou um penteado complicado para desfazer, mas demorou para dormir. Por horas ficou observando as árvores da floresta que se sobrepunham. No outro dia foi despertada pelas luzes do sol que invadiam a sua janela. Tentou cobrir a cabeça, mas ouviu alguém se aproximar. Era Ariela com o lindo vestido dourado. Se Aaron a chamava de pomposa por vê-la no vestido da noite retrasada, como chamaria a irmã mais velha?! Todas as filhas do rei era belas, nenhuma, com exceção das gêmeas Adina e Eliah, eram iguais. Mas Ariela tinha uma beleza divina inigualável. Seus fios eram pretos e cacheados, seus olhos castanhos se assemelhavam a sua pele e quando ela andava, mesmo sendo a mais maternal das oito, levava consigo poder e autoridade. Ariela era exatamente isso.

- Bom dia, Eliah! - ela sentou na beira da cama da mais nova - como você se sente?

- Com sono - ela murmurou enquanto sentava-se na cama - mas já estou levantando - se colocou sobre os seus pés, sabendo que Ariela arrumaria um jeito de descobrir o motivo do cansaço excessivo, visto que ela havia se retirado para dormir cedo na noite anterior.

Princesa da luz, Rainha do CaosWhere stories live. Discover now