- Aquela menina que estava com você.

- Nossa, eu nem lembrava mais. - ele coça a nuca. - Não ia dar certo mesmo. - ele se levanta. - Vou ir tomar um banho, fica a vontade.

Assinto e observo o mesmo sair do quarto, os próximos minutos se passaram de forma lenta, eu encarava o teto e pensava no que tinha acontecido na boate. Sou dispersa de meus pensamentos com a porta do quarto abrindo e Samuel entrando no mesmo, ele secava o cabelo de forma bruta com a toalha, estava sem camisa e com uma bermuda preta.

- O que foi? - ele pergunta confuso e só então me dou conta de que estava encarando o mesmo.

- Nada! - respondo rapidamente e ele me olha desconfiado.

- Vou pegar o colchão e você pode dormir na minha cama. - ele fala abrindo o guarda-roupa e pegando uma camiseta vermelha.

- O Sérgio disse que vai dormir na casa da namorada e que eu poderia dormir na cama dele e mesmo que ele estivesse aqui, eu não deixaria você dormir no chão estando na sua própria casa. - mordo o lábio receosa. - Não querendo abusar da sua boa vontade, mas teria alguma bermuda para me emprestar?

- Claro. - ele abre o guarda-roupa e pega uma bermuda vermelha, me entregando. - Pode se trocar, vou pegar alguma coisa para comer. - ele sai do quarto antes que eu consiga falar algo.

A camiseta estava tampando tudo obviamente, mas e se ela subisse enquanto eu dormia? Não iria me arriscar.

Visto a bermuda e ouço a porta do quarto bater, Samuel entra com uma jarra de água nos braços, dois copos e um pacote de bolacha na boca. Ele me olha de cima a baixo e começa a rir.

- O quê? - pergunto confusa e ele continua rindo. - Samuel!

O garoto a minha frente dava risada sem parar, ele continuava segurando as coisas e estava ficando vermelho de tanto rir e eu começo a rir do mesmo e não consigo parar.

Continuamos rindo como dois idiotas até ouvir a porta de um dos quartos abrirem e passos pesados pelo corredor, ele arregala os olhos e me empurra pra cama dele. Ele coloca os copos e a jarra sobre a cômoda e se deita ao meu lado, nos tapando com o cobertor.

Ouço a porta do quarto ser aberta e aperto a mão dele, nervosa.

- Samuel, meu filho que barul... - ouço a voz de seu Manoel. - Por que está com um pacote de bolacha na boca?

- Ah, isso? É que eu estou com fome. - ele fala sem graça, quando vou dar risada o mesmo me puxa com o braço por debaixo do cobertor e eu apoio meu rosto contra seu peito, afim de abafar a risada.

- E precisa comer com o plástico e tudo? - a confusão na voz do pai dele acaba comigo e eu sinto meus olhos marejarem de tanto segurar a risada. - Faça menos barulho e divida a bolacha com a pobre garota.

- Garota? Que garota? - ele pergunta desesperado e eu paro de rir.

- Não sabia que você tinha quatro pés e que pintava as unhas de dois deles de preto. - ele fala e Samuel se inclina para ver nossos pés descobertos, fazendo a coberta descer um pouco. - E agora eu estou vendo os cabelos dela. - Samuel puxa a coberta novamente e com pressa, seu cotovelo bate em minha cabeça com força e seu pai consegue escutar o barulho da pancada. - Não mate a garota, filho. - ele fala dando risada. - Não façam barulho e se precisarem de camisinha tem na gaveta do banheiro.

- TCHAU PAI. - Samuel fala e eu escuto o pai dele dar risada e logo o barulho da porta fechando. - Eu te machuquei? - ele pergunta preocupado, tirando a coberta de cima de nós, me sento na cama e levo a mão até onde ele tinha me acertado.

Nos encaramos por alguns segundos e caímos na risada novamente, ele tapa a minha boca e eu tapo a dele, afim de evitar incomodar os pais dele novamente.

- Que nojo, você babou em toda minha camiseta. - ele dá risada e se levanta apontando para a camiseta.

- E você jogou o pacote de bolacha babado na minha cara, idiota. - dou risada. - Agora vai me contar porque estava rindo sem parar?

Ele segura a minha mão e me puxa, me levanto e deixo ele me guiar até o espelho de corpo inteiro que tinha na parede ao lado do guarda-roupa, ele aponta pro espelho e dessa vez quem cai na gargalhada sou eu.

Nós estávamos iguais e ao contrário, ele usava uma bermuda preta e uma camiseta vermelha e eu uma camiseta preta e uma bermuda vermelha. Ainda rindo observo o mesmo abrir a cômoda e tirar de dentro da mesma a câmera que ele e os meninos usavam parar gravar os vídeos da banda.

Ele liga a mesma e aponta para mim, puxo ele até o espelho e ele grava o mesmo, mostrando o nosso reflexo. Pego a câmera de sua mão e aponto para meu vestido dobrado sobre a cama do Sérgio.

- O quê? - ele pergunta confuso.

- Eu estou vestida como você, então você... - deixo a frase no ar e ele arregala os olhos e nega. - Vai Sam, por favor.

Ele me olha irritado e segue até a cama pegando o vestido, observo o mesmo tirar a camiseta e colocar o vestido.

- Porra, cheiroso hein. - ele fala cheirando as mangas e a gola do vestido sem parar.

- Vai estragar puxando assim. - dou risada, ele volta para o meu lado, em frente ao espelho. - Eu sou Samuel Reoli.

- E eu sou Diana Alves. - ele afina a voz e eu encaro ele incrédula.

- Eu não falo assim.

Ele leva uma das mãos até a cintura e com a outra aponta o dedo para mim.

- Fala sim, querida.

Dou risada e viro a câmera para ele que começa a fazer palhaçada e me imitar.

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Escrito: 20.11
Postado: 15.12

Em seus braços - Samuel Reoli (Mamonas Assassinas)Where stories live. Discover now